'Enterrada viva?': polícia conclui que mulher estava morta no Oeste da Bahia

Corpo de dona de casa foi retirado de caixão a pedido da mãe, que foi indiciada

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 15 de março de 2018 às 17:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: CORREIO/Reprodução

O caso de uma mulher que teria sido enterrada viva e deixou em polvorosa a cidade de Riachão das Neves, no Oeste do estado, não passou de um engano provocado pela emoção de uma mãe, informou nesta quinta-feira (15) a Polícia Civil.

“Depois de ouvir sete pessoas e realizar algumas diligências, concluímos que Rosângela Almeida dos Santos foi enterrada morta e a situação foi gerada pelo abalo emocional da mãe da falecida”, afirmou o delegado Arnaldo Monte, titular em Riachão das Neves.

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Rosângela morreu dia 28 de janeiro no Hospital do Oeste, em Barreiras, para onde foi levada às pressas, após cansaço excessivo. Ainda foi entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde teve paradas cardíacas antes de morrer de “choque séptico”. Rosângela dos Santos, 37, tinha desmaios desde os 7 anos; tomava remédio controlado e bebia (Foto: CORREIO/Reprodução) Dias após o falecimento, a mãe, Germana Alves de Almeida, 66, passou a sonhar que a filha estava viva, e vizinhos ao cemitério, muito frequentado à noite por pessoas que ficam nos bares da região, disseram a ela que estava ouvindo gemidos de dentro do túmulo.

Dona Germana não teve mais sono e passou a acreditar fielmente que a filha estava viva, o que a impulsionou a voltar ao cemitério da cidade de 23 mil habitantes na noite da sexta-feira de Carnaval (9 de fevereiro) para ver o corpo da filha.

O momento de retirada do corpo virou um espetáculo macabro, com cerca de 500 pessoas, muitas de celulares em punho se aglomerando em torno da sepultura. Não demorou muito para fotos e vídeos da mulher morta caírem nas redes sociais.

Dona Germana disse que tinha notado que a filha estava arranhada nas mãos, o que foi interpretado por ela como um sinal de que Rosângela, uma dona de casa de 37 anos que tomava remédios controlados e bebia álcool com frequência, teria lutado para sair do caixão.

Os supostos arranhões e manchas, segundo a polícia, eram do estado natural de putrefação do corpo de Rosângela, que demorou mais de ocorrer porque a mãe pagou R$ 400 para que colocasse um litro de formol.

“Se ela estivesse viva, o corpo iria reagir ao formol”, comentou o delegado Arnaldo Monte, que ouviu sete pessoas no caso, entre vizinhos ao cemitério, agentes funerários e a família de Rosângela.“A mãe agiu muito por emoção nesse caso”, analisou o delegado, em conversa com o CORREIO.Indiciada Por ter cometido um crime – violação de sepultura –, dona Rosângela foi indiciada no inquérito policial encaminhado no último dia 7 para a Justiça, mas o delegado pediu que o caso seja arquivado porque foi uma situação em que restou comprovado o abalo emocional da mãe de Rosângela.“Acostei aos autos um laudo psicológico sobre esse estado emocional da mãe, mostrando que ela precisava de acompanhamento. Provavelmente, ela será absolvida, porque não cometeu o crime por maldade”, avaliou Monte.Dona Rosângela, passados mais de um mês do fato, está mais conformada com a morte da filha e voltou a ter sonos mais tranquilos. Ela dormia na tarde desta quinta, inclusive, quando o CORREIO tentou contato.

“Ela vai pedir desculpas aos médicos do Hospital do Oeste por ter duvidado que eles tinham errado e enterrado minha irmã viva. O que ela fez foi um cuidado de mãe; por isso agiu assim, não teve nada de grave”, disse a dona de casa Indianara Santos, 23.

Indianara é uma das cinco filhas de dona Germana, que tem ainda mais três filhos homens. Rosângela foi a segunda filha que ela perdeu.