Esporte após os 60? Veja como praticar atividades de alto desempenho na velhice

Exemplo disso é o recordista de natação na categoria master, Rômulo de Sá Lemos, de 64 anos, que além de cuidar da saúde ainda acumula medalhas; confira dicas

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  • Priscila Natividade

Publicado em 3 de outubro de 2021 às 10:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Paula Fróes/ CORREIO

Ele nada provas rápidas de 1 km em mar aberto, geralmente, conquistando o primeiro ou segundo lugar. Além disso, já se consagrou campeão baiano de categoria. Na piscina, disputa provas de 50, 100, 200, 400, 800 metros livre, 100 e 200 medley, e 50 e 100 metros peito, conquistando o posto de recordista Master – categoria que, por definição da Federação Internacional de Natação (FINA), é aquela para maiores de 25 anos. Currículo de atleta, desempenho também. E, de fato, é mesmo. Entre uma braçada e outra, o engenheiro civil Rômulo de Sá Lemos, de 64 anos, é exemplo de alto desempenho no esporte em plena terceira idade, mostrando que é possível praticar atividades de alto impacto após os sessenta e até sair do pódio com medalhas. 

“O recorde é uma questão de ter o foco, ser orientado corretamente pelo seu técnico e vontade”, afirma o atleta da Federação Baiana de Desportos Aquáticos (FBDA), que segue à risca a rotina de preparação para a próxima competição que vai participar. Será no fim de semana, dia 9 de outubro, quando a praia de São Tomé de Paripe receberá a 3ª etapa do Campeonato Baiano de Maratonas Aquáticas, a partir das 13h. Ele compete na faixa de 60 a 64 anos. “Tenho treinado duas vezes por semana. O que é fundamental é ser disciplinado, seguir as orientações, principalmente, agora na terceira idade. Se 64 anos é considerado terceira idade, então, eu estou nesse parâmetro aí. Disciplina é se cuidar, orientação médica e treinamento”, completa.A relação de Rômulo com o mar e a piscina já faz um bom tempo. Ele começou a nadar quando tinha 13 anos, no Esporte Clube Bahia, até seguir para a Associação Atlética. Levava tão a sério o esporte que, quando tinha 18 anos, chegou a disputar uma vaga para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos. Rômulo treina duas vezes por semana e participa de diversas competições na piscina e em mar aberto (Foto: Paula Fróes/ CORREIO) “O que mais me marcou foi ter participado das eliminatórias para as Olimpíadas de Montreal, em 1976. Não fui classificado, mas foi uma data bem importante para mim. Competi nos 100 metros nado peito. Nadava desde cedo e sempre gostei das amizades, das competições e do clima das piscinas. Antigamente, quando chegava 18 anos você parava tudo, né? Aí fui ser engenheiro”, conta. 

Aquela foi a primeira vez que os Jogos Olímpicos aconteceram no Canadá. A delegação brasileira levou 93 atletas e conquistou duas medalhas de bronze: uma no atletismo, outra na vela.  João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, ficou em 3º lugar no salto triplo e a outra, quem trouxe foi a dupla de velejadores Reinaldo Conrad e Peter Ficker, na classe flying dutchman - que hoje não faz mais parte do programa olímpico. “Imagine? Isso foi há 48 anos, mas se eu tivesse passado nas eliminatórias, ia ser tudo diferente. Uma outra dedicação, com certeza”, acrescenta Rômulo.

Daí em diante, o tempo longe das competições foi grande. Só quando estava próximo de chegar aos 60 anos, uma ida ao médico o fez olhar novamente para o esporte. “Não tinha nenhum problema de saúde, mas o médico me recomendou a praticar uma atividade física, algo que eu sempre me identifiquei. Não deu outra: procurei a natação de novo e voltei a competir também, juntando o que eu já gostava de fazer com a importância de manter a saúde”, explica.

Dessa vez, Rômulo não parou mais. Aliás, até parou, mas só porque não teve jeito, com a pausa forçada provocada pelo fechamento dos clubes em consequência da pandemia do coronavírus, no ano passado. “A pandemia foi difícil para todos. Quando tentei deixar de nadar por seis meses, só fazia caminhada e foi horrível. Logo quando deu, a gente retornou devagarzinho e agora no início do ano já peguei nesse ritmo de duas vezes por semana”.

Impacto O ortopedista do Itaigara Memorial Clínica do Joelho, Francisco Mendes, destaca que nem todo mundo precisa ficar só na caminhada de leve porque passou dos 60. É uma boa opção também, mas, se for do interesse, dá para ter alto rendimento na prática de esportes na terceira idade, desde que haja acompanhamento.

“O principal é que o idoso faça exames médicos, uma avaliação ortopédica e cardiológica prévia e que tenha um acompanhamento profissional capacitado por perto. A técnica correta na atividade física de alto desempenho vai levá-lo a uma possibilidade maior de aumento da carga, e por consequência, de intensidade dos exercícios. Se possível, associe sempre os treinos de musculação intercalados com a natação para diminuir a chance de lesões musculares”, orienta. 

Além da natação, o ortopedista aconselha outras modalidades esportivas para essa faixa de idade. “São inúmeros os benefícios para a saúde, entre eles a melhora da disposição, prevenção de lesões, doenças metabólicas. O ciclismo e o treino com bicicleta também levam ao aumento da força muscular, flexibilidade e equilíbrio”, completa.

CINCO ATIVIDADES FÍSICAS PARA PRATICAR

1. Natação O esporte melhora o condicionamento físico e previne a ocorrência de doenças. 

2. Musculação  É muito importante a execução correta dos movimentos, para que não haja desvios posturais e sobrecarga articular durante a execução da atividade. 

3. Bicicleta Aqui, uma das principais vantagens é o acréscimo de força muscular.

4. Pilates É uma atividade que estimula bastante a flexibilidade do corpo e o equilíbrio também, além de ser relativamente fácil de ser realizada.

5. Yoga Diminui o estresse e auxilia no fortalecimentos dos músculos e ossos.