Fábrica de licor engarrafa 80 mil litros e emprega 50 pessoas no São João

O licor de Roque Pinto, da cidade de Cachoeira, é um dos mais tradicionais da Bahia

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  • Saulo Miguez

Publicado em 21 de junho de 2017 às 09:00

- Atualizado há um ano

Há três gerações, uma família da cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, fabrica de modo artesanal milhares de litros da bebida símbolo do São João. O licor de Roque Pinto é conhecido não apenas na Bahia, como também em outros estados e até mesmo fora do Brasil.

"Uns amigos da Alemanha, da França e de Nova York sempre que vêm aqui levam umas garrafas. Um deles até já me perguntou se teria como exportar, mas há muita burocracia e quantidade talvez não compense", conta Rose Pinto, 55 anos, neto do fundador da fábrica que há 47 trabalha na empresa.

Como aconteceu em outros segmentos econômicos, a produção de licor também foi afetada com a crise. Rose conta que este ano os clientes retardaram as compras, o que acabou implicando na contratação dos cerca de 50 funcionários temporários. "Todo ano contrato esse grupo para trabalhar na época junina, geralmente no começo de maio, mas este ano ano só foi possível no final do mês".(Foto: Divulgação) Apesar da empresa funcionar durante todo o ano, praticamente toda a produção é comercializada nos meses de maio e junho. "90% das garrafas são vendidas na época do São João, é quando fazemos uma gordura para segurar o resto do ano. Nos outros meses, vendemos o suficiente para pagar as contas". Este ano, foram engarrafados 80 mil litros, mas em outros arrasta pés esse número já chegou a 100 mil. "Isso depende muito da safra", explica Rose.

Outro problema encontrado pelo empresário foi a falta de garrafas no mercado. Para não alterar o sabor da bebida e preservar a beleza do produto, o licor é engarrafado em embalagens de vidro, que este sumiram. A empresa ainda utiliza garrafas reaproveitadas para diminuir a produção de lixo. "Nós até damos um desconto de R$ 1,00 para quem traz o casco".(Foto: Divulgação) SaboresMais de 20 sabores são produzidos na fábrica. Atualmente, o mais badalado é o Pintorula, uma homenagem de Rose para o pai, Roque Pinto. "É uma mistura de Amarula com Pinto. Lancei ano passado e muita gente que provou diz que é até melhor do que o licor de Amarula", disse Rose.

Há ainda sabores exóticos como o de pimenta e o rabo de foguete, tradicionais, como o de jenipapo, além de outros que vêm caindo no gosto da clientela, como o de cupuaçu. "No começo as pessoas não bebiam muito, mas acabou virando moda e hoje ele é muito procurado", disse.

Da capital, mas com gostinho do interiorA doceira Ana Paula Teixeira, 40 anos, também aproveita as festas juninas para fazer uma renda extra vendendo licores. Soteropolitana, mas com mãe e avó da cidade de Guanambi, no Centro-Sul baiano, ela faz questão de ressaltar que a bebida produzida por ela não deve nada em sabor e tradição aos do interior do estado.

"É uma receita que aprendi com minha avó. O licor é preparado de um ano para o outro, é coado em pano de algodão, bem à moda antiga como ela fazia", descreve. Ana Paula produz todos os anos, sozinha, cerca de mil litros de nove sabores diferentes da bebida, que incluem os tradicionais jenipapo, tamarindo, milho verde e, o mais procurado pela clientela, chocolate.

"O [licor] de chocolate é bem cremoso, concentrado e quando está gelado é uma delícia. Sempre quem prova leva uma garrafa, diz Ana Paula. Este ano ano, engarrafou 120 litros de licor de chocolate e já vendeu praticamente tudo.  "Só tenho uns 18 litros". Cada garrafa do sabor de chocolate é vendia por R$ 25,00, enquanto os sabores de fruta saem a R$ 12,00 a garrafa.