Fotografias de Pierre Verger decoram o Mercado Modelo durante o verão

Saiba tudo que aconteceu na cerimônia de lançamento.

  • Foto do(a) author(a) Kalven Figueiredo
  • Kalven Figueiredo

Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 21:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho / CORREIO

O preto e branco tomou conta do Mercado Modelo nesta quinta-feira (20). Isso porque a ambientação “Verger no Mercado Modelo” foi inaugurada no espaço e deve permanecer até março de 2019. O espaço antes cheio de cores e repleto de lembrancinhas e artigos tão característicos da Bahia, agora ganhou fotografias em preto e branco, característica marcante do trabalho do fotógrafo franco-brasileiro, Pierre Verger. 

A harmonia entre as cores vibrantes do espaço e o preto e branco das fotografias parece ter sido aprovada pelos turistas e conterrâneos que por ali passavam. Jorge Vilela, dono de uma das lojinhas no Mercado Modelo há mais de 40 anos, foi um dos que aprovaram a iniciativa da Fundação Pierre Verger em parceria com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEMOP) e a Associação de Comerciantes do Mercado Modelo. 

“Isso é muito importante para resgatar nossa cultura e manter nossa história sempre viva[...] Tá muito bonito! Esse preto e branco tem tudo a ver com a história do Mercado Modelo porque me remete à pureza e a ingenuidade da fotografia”, avaliou Jorge. 

Os retratos da Bahia sob o olhar do fotógrafo estão espalhados no ponto turístico que certamente tem um espaço em seu coração. Isto porque o mercado foi o primeiro lugar que Verger fotografou quando desembarcou em Salvador. Além disso o trecho entre o Terminal da França e o Elevador Lacerda foi o mais frequentou e documentou. As imagens estão dispostas no espaço em dois tamanhos: No segundo andar do prédio as imagens seguem o padrão 6 m x 6 m, a maior ampliação das fotografias de Verger (1902 - 1996) já feita. No primeiro piso as imagens têm proporção de 1,5 m x 1,5 m, além de alguns restaurantes selecionados para receber algumas fotos de Verger.

A ação integra o calendário comemorativo de 30 anos da Fundação Pierre Verger. O presidente Gilberto de Freitas Sá, 78, adiantou ainda que existe um cronograma de atividades para exaltar o trabalho de Verger e a memória da Bahia de 1940 até dezembro de 2019. “Essas fotos ficarão aqui enquanto elas durarem. Este é um presente da fundação para este lugar tão importante para os baianos”, pontua. 

Além dos novos presentes, o Secretário da SEMOP, Marco vinícius Passos pontua que as quatro obras do fotógrafo que já eram do Mercado foram revitalizadas e entregues ao espaço. Para ele ações como essa são fundamentais para preservar o patrimônio da cidade de Salvador. “São fotografias que mostram nossa cultura, nossas artes: a capoeira, baianas, candomblé, saveiros. Tudo que realmente nos remete à Bahia”, disse.

A exposição conta com uma das raríssimas fotografias em cores de Verger. Na imagem é possível enxergar Jorge Amado sentado no terrereiro enquanto aguarda mãe Aninha Obabií para se consultar. 

Além disso a exposição faz uma homenagem à Maria de São Pedro, uma grande amiga do fotógrafo e ainda um dos ícones da culinária baiana desde o antigo mercado. Maria é representada em três imagens, a primeira é a fachada de sua famosa barraca, a segunda mostra o cardápio tradicional do estabelecimento e ainda uma foto de sua figura tão emblemática para a Bahia e para a história do Mercado Modelo. As netas de Maria de São Pedro aproveitaram para registrar o momento da homenagem à sua avó junto ao Presidente da Fundação Pierre Verger (Foto: Kelven Figueiredo / CORREIO) O legado de Maria de São pedro é mantido por suas netas herdeiras Maria das Graças, 55 anos, e Maria Célia 50 por pelo menos há 30 anos. Ela ainda lembra que ações de resgate da memória do Mercado são mais do que necessária. “Aqui é um centro de cultura que precisa ser mais valorizado e mais reconhecido. Até mesmo pelo soteropolitano”, e ao falar da homenagem ao legado de sua avó, a neta não contém a emoção. 

“Para nós é uma honra, principalmente pelo histórico de nossa avó: uma mulher negra, descendente de escravos que através de sua culinária acabou sendo reconhecida mundialmente. Então nós da família estamos muito orgulhosos do trabalho que ela fez e resgatar isso nos deixa muito felizes”, afirmou Maria das Graças. Estiveram presentes também alguns embaixadores convidados para promover o evento, entre eles as jornalistas Rita Batista e Camila Marinho. (Foto: Kelven Figueiredo / CORREIO) A exposição de fato transporta o visitante de volta à Bahia de 1940 por meio da fotografia e mostra as crenças da época, as tradições, festas de largo e figuras tão importantes para a história do estado. Como ressalta Gilberto de Freitas Sá é a Bahia dos bons tempos. “Para mim Bahia é aquilo que Caymmi cantou, que Jorge Amado escreveu, que Carybé desenhou e que Verger fotografou. Porque os quatro pensavam igual e viviam essa terra do mesmo jeito”, avalia.

O evento ainda foi marcado pelo show de Márcia Short que fez questão de cantar ‘a Bahia que Verger via através da música de Gil, Caymmi e Caetano’. Estiveram presentes também alguns embaixadores convidados para promover o evento, entre eles as jornalistas Rita Batista e Camila Marinho.   

*Sob orientação da editora Ana Pereira