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Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2020 às 09:43
- Atualizado há 2 anos
O ex-participante do Bake Off Brasil Murilo Marques usou as redes sociais para contar que sofreu uma violência sexual e ainda foi assaltado em sua própria casa. Em seu perfil no Twitter, na última sexta-feira (23), Murilo escreveu um relato sobre o caso, que teria acontecido na última quarta (21). Murilo participou da segunda temporada do Bake Off Brasil (Foto: Divulgação) "Eu entrei para a estatística! Essa semana, eu caí num golpe: fui dopado, violado e roubado na minha casa", escreveu Murilo. Ele participou da segunda temporada do reality show de confeitaria do SBT, em 2016. >
De acordo com o jovem, ele encontrou um homem que conheceu em um aplicativo de relacionamentos em sua casa, no centro de São Paulo. O homem teria enviado fotos antes. >
"Eu moro sozinho no Copan, no centro da cidade de São Paulo. Ele chegou, me cumprimentou e o ato começou a rolar. Rapidinho ele parou, se vestiu e anunciou que era GP (Garoto de Programa), que precisava receber o pagamento e que eu deveria dar o dinheiro", narrou. >
Murilo contou que respondeu que tinha dinheiro, nem tinha contratado ninguém. O homem, porém, pegou uma máquina de cartão de crédito. >
Confira alguns trechos do relato: >
"Ele começou a se exaltar dizendo que queria receber o dinheiro dele. Esse diálogo rolou e eu cada vez com mais dificuldade de organizar minhas ideias, já imaginando que estava drogado. Cada vez mais agressivo e gritando comigo, ele me forçou a passar a senha na máquina de todos os meus cartões. >
Eu tentei recusar e nessa hora ele desferiu um soco na minha cara. Nem senti na hora, mas depois vi que ficou roxo. Eu tenho cartões nos bancos @bradesco, @itau, @caixa e @nubank. >
Em uma das tentativa, eu errei a senha e disse que precisava olhar no celular. Ele gritava que não era pra mexer no celular e pegou o aparelho. Mais uma vez, fui forçado a passar uma senha, dessa vez a do celular. Apesar de tonto e desnorteado, eu estava de pé ainda. >
A essa altura, eu já sabia que havia sido dopado e já havia apanhado, estava reunindo toda minha energia para tentar me proteger. Pedi pra gente descer a um caixa eletrônico para sacar dinheiro e ele ir embora, fui até minha cômoda para pegar uma camiseta e ele voltou a ser bem agressivo, me agarrou pelo braço, jogou um pó branco em cima dessa mesma cômoda, disse que era cocaína e me mandou cheirar. >
Eu só conseguia responder que não queria, mas ele insistia e ameaçou quebrar meu braço se eu não aceitasse. Eu resisti e, talvez pelo meu estado, ele não seria capaz de me forçar a cheirar. >
Fui jogado na cama de bruços, nesse momento o estupro aconteceu: Eu só lembro dele me estuprando com a mão enquanto eu me debatia. Não sei quanto tempo durou, não sei o quanto eu resisti, mas fui estuprado.>
Eu acho que ele me estuprou para me dopar mais, porque depois disso eu perdi quase toda minha consciência, entrei numa paranoia onde não sabia o que era realidade o que era pesadelo. Eu não conseguia andar, entrei em desespero pensando nos cartões, nas senhas.>
Não sei quanto tempo durou essa paranoia, consegui ir até o banheiro e vomitei muito, eu estava preocupado dele estar lá ainda mas não tinha capacidade mental de saber isso, não sei descrever o medo que eu estava sentindo, eu parecia estar descolado da realidade e sem domínio do meu corpo, dos meus sentidos. >
Reuni força não sei de onde e fui cambaleando até a porta, que era a única forma pra eu saber se ele ainda estava lá, já que eu simplesmente não conseguia olhar pro meu ap e fazer esse julgamento. Eu estava muito dopado mesmo.>
A porta estava aberta, destrancada, ele tinha ido. Meu computador estava logado no WhatsApp, isso que me salvou porque consegui mandar algumas mensagens bem desconexas para o @andamos, meu vizinho, mandei um áudio pedindo ajuda tb e consegui mandar mensagem para meu namorado @nananinanancio tb (sic).>
O agressor levou meu celular e eu consegui fazer isso antes do aparelho perder o sinal, ele devia estar no corredor ainda e meu celular ainda estava no Wi-Fi. Os meninos correram para me acolher e me ajudaram a bloquear os cartões, mas eu ainda estava incapaz de entender o tamanho do estrago. Notei compras no débito na caixa, Itaú e Nubank. >
Eu chorava muito, me senti sujo, culpado, me senti um lixo mas sabia que a saga não tinha terminado, precisava ir à delegacia fazer BO.>
A delegacia é um ambiente nada acolhedor, eles me ouviram mas minha privacidade foi violada, tive que contar a história diante de vítimas de outros crimes, você está fragilizado, traumatizado, sujo e durante seu depoimento ouve piadinhas paralelas, é deprimente. >
Fui encaminhado para o IML para fazer exame sexológico, toxicológico e busca de DNA, já era 20:30 quando cheguei lá com o Renan, esperamos e a médica me chamou, me sentou na cadeira dela e disse que seu jantar tinha acabado de chegar, que era pra eu voltar para recepção e esperar mais um pouco...>
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Eu decidi contar essa história porque eu preciso ser capaz de compartilhar isso sem medo, sem vergonha, apesar de me sentir humilhado e culpado eu SEI que sou uma vítima, eu TENHO que superar". >