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Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2019 às 19:31
- Atualizado há 2 anos
O governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), equilibrou o discurso ao comentar mais uma vez a declaração pejorativa do presidente da República Jair Bolsonaro sobre o Nordeste, ocasião na qual foi flagrado chamando os governadores da região de "paraíba".>
Durante sua chegada à reunião do Consórcio dos Estados do Nordeste, que aconteceu nesta segunda-feira, 29, em Salvador, Azevedo evitou ataques diretos a Bolsonaro. "São águas passadas", amenizou, apesar de classificar o episódio como "infeliz, extremamente infeliz".>
"Para a gente, são águas passadas. Não interessa esse tipo de disputa. Para os governadores, interessa ter uma relação republicana e de respeito, que os Estados merecem. Merecem pelo povo nordestino. E é isso que nós vamos buscar", afirmou o governador paraibano."Os governadores representam, acima de tudo, a voz desse povo que exige respeito do governo federal, que, a partir de suas demandas apresentadas, quer solução para isso. E isso nós vamos buscar. A relação republicana, independente de quem esteja sentado na cadeira de presidente, ela tem que estar acima de qualquer outro tipo de relação", pregou o pessebista.O governador ainda fez piada com a situação, dizendo que terá que anexar "Paraíba" ao seu nome. "Durante a campanha, toda as vezes que eu me apresentava eu dizia que meu nome era João. Depois disso eu passei agora a ser também João Paraíba", riu Azevedo.>
Essa foi a primeira vez que os governadores do Nordeste, fechados em um consórcio regional, se reúnem desde as declarações polêmicas de Bolsonaro. Na ocasião, o grupo emitiu nota criticando o uso do termo "paraíba" de forma pejorativa pelo presidente. Agora, contudo, o tom do discurso político foi moderado.>
Questionado se o consórcio tinha o objetivo de sanar a dificuldade de repasse de verbas do governo federal para o Nordeste, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), também evitou ser incisivo, fugindo de polêmica.>
"O objetivo é na verdade ajudar o Brasil a crescer, a superar a crise, um país que vive infelizmente há 5 anos em crise e o motivo principal eu considero que é a falta de confiança no país, a falta de segurança jurídica e institucional. E nós não podemos cruzar os braços. Essas ações são para alavancar a economia e sobrar um pouco de recurso. Nós não podemos ficar esperando, já que o Brasil não acena, não aponta a retomada do crescimento", disse Costa, ao chegar à reunião do bloco regional, sem citar diretamente o governo federal ou o presidente da República.>
O governador petista viu-se envolvido, na última semana, em polêmica com o presidente por ocasião da inauguração do Aeroporto de Vitória da Conquista, terceiro maior município da Bahia. Ambos reivindicam a "paternidade" da obra e trocaram frases ofensivas.>
A obra, que foi executada com maioria de recursos federais e uma contrapartida do governo da Bahia, foi autorizada durante o governo Dilma Rousseff (PT). A briga pelos "louros" do novo aeroporto gerou a desistência do governador baiano de participar da inauguração.>
O petista afirmou que o governo federal não deu convites suficientes para seus correligionários e chamou o ato de "palanque político-partidário". Já Bolsonaro, que aproveitou a ocasião para posar ao lado do prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), inimigo político de Rui Costa, reclamou publicamente porque o governador não enviou efetivos da PM para a segurança do evento.>
A reunião do Consórcio dos Estados do Nordeste, que conta com a presença de sete dos nove governadores da região, também é a primeira após a oficialização do bloco, que teve seu CNPJ registrado nas últimas semanas. Não estão presentes o cearense Camilo Santana e o alagoano Renan Filho, que enviaram para a agenda os seus vice-governadores Izolda Cela e Luciano Barbosa, respectivamente.>
Entre as pautas do encontro estão a criação de uma Central de Compras para a realização de licitações conjuntas entre os Estados nordestinos, a criação de um programa de formação de médicos que supra as necessidades deixadas pelas mudanças do programa Mais Médicos pelo governo federal, a aprovação de um planejamento estratégico para os próximos 12 meses, além da organização de viagens internacionais que serão feitas pelo grupo.>
De acordo com Rui Costa, já estão definidas visitas dos governadores, em novembro, à Alemanha, Itália, Espanha e França, com o objetivo de fazer negócios com investidores em torno de obras e do turismo regional. Em seguida, ainda sem data definida, também estarão na agenda viagens à Ásia, passando por China, pelas Coreias e pela Rússia.>
O petista não conseguiu estimar a economia que será feita pela região com licitações conjuntas, mas afirma que itens da área de saúde e educação, como remédios, aparelhos de diagnósticos e insumos hospitalares, serão mais baratos por causa da larga escala. Ao todo, os Estados nordestinos reúnem um universo de 55 milhões de habitantes. >