Império dos Gibis conta a história dos quadrinhos da Editora Abril

Livro tem boas histórias de bastidores e qualidade gráfica impressiona

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  • Roberto Midlej

Publicado em 6 de março de 2021 às 15:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Pato Donald, Zé Carioca, Mônica, Cebolinha, Capitão América, Os Trapalhões, Batman... O que esses personagens têm em comum, além de terem encantado crianças das mais diversas gerações? Todos eles passaram pelo Editora Abril, que, por praticamente 70 anos reinou no mercado das histórias em quadrinhos no Brasil.

O livro Império dos Gibis (Heroica/R$89/544 págs.) conta a história dessa divisão da empresa fundada por Victor Civita em 1950. Embora a Abril ainda esteja no mercado, com títulos como Veja e Superinteressante, a editora deixou de publicar HQs em 2018. No livro, há histórias de bastidores, intrigas com concorrentes, depoimentos de funcionários e muita coisa que mexe com a memória do leitor. 

Os autores Manoel de Souza e Maurício Muniz são, claro, apaixonados por quadrinhos e fizeram um produto caprichado, também para aficionados como eles. Não à toa, o projeto teve, em financiamento coletivo na internet, uma importante contribuição dos fãs de HQs.

A qualidade do papel e o projeto gráfico impressionam. Das 544 páginas, 64 são coloridas, em um anexo com muitas reproduções de quadrinhos e fotos dos bastidores da Abril. Além disso, há uma história inédita em que o Pato Donald vai entrevistar Victor Civita no prédio da empresa, em São Paulo.

Há ainda um mimo que complementa a edição, que é um marcador com uma imagem similar à capa. Mas o melhor mesmo é uma coleção de 30 cartões em formato 10 cm x 15 cm. Eles reproduzem capas de revistinhas que marcaram a história, como a primeira Pato Donald. No verso, informações sobre as revistas, incluindo até o preço de capa da época.

Entre as boas histórias de bastidores, está a passagem da Turma da Mônica pela Abril, que se encerrou em uma conturbada negociação com a Editora Globo, depois de passar 17 anos na casa dos Civita. 

YouTube: Chico da Tiana diverte sem exigir muito do cérebro

Há diversos tipos de humor e o mais “inteligente” deles na internet brasileira ainda é o Porta dos Fundos. Mas, como tem hora pra tudo, às vezes é bom rir de um besteirol. E quer uma boa dica pra se divertir sem precisar usar mais de dois neurônios? Conheça o canal Reclamação do Dia, do mineiro Cléber Rosa. Ótimo ator, ele é capaz de criar diversos personagens, dando a eles vozes e trejeitos próprios. O melhor de todos é o Chico da Tiana, uma figura do interior mineiro que pega os temas do momento e faz comentários muito  divertidos. Não deixe de vê-lo comentando futebol, com seus bordões que, embora não sejam lá muito originais, ficam divertidíssimos  na voz de Cléber. Não perca tempo e vá conhecer. Ou, como diz Chico, não vá “peidar na farofa”. Canal Reclamação do dia, no YouTube

Dênisson Padilha indica biografia, poesia e romance O escritor baiano Dênisson Padilha, 50 anos, é autor de livros como Trilogia do Asfalto (P55) e Um Chevette Girando no Meio da Tarde (Mondrongo).  Roupa Íntima, Amor Felino deu a ele o prêmio de melhor conto no Prêmio Internacional Cataratas de Foz Iguaçu 2015. Aqui, Dênisson indica três livros para serem apreciados nesta quarentena. O escritor preferiu sugerir publicações de diversos estilos. Por isso, tem desde uma biografia  de Jim Morrison até uma coletânea de poesias da uruguaia Ida Vitale. “No isolamento, minhas escolhas de leitura têm estado no modo aleatório. Sem o rigor direcionado a um gênero ou outro, senti que me beneficiei ao transitar por leituras que antes me passavam longe. Vale lembrar que reli muita coisa e abandonei muita coisa também. Mas o importante é se entreter e aprender com bons autores”, diz.

Ninguém sai vivo daqui (Editora Belas Letras, 2021, biografia) | Esqueçam The Doors, o filme de Oliver Stone de 1991 que trata da vida de Jim Morrison, e leiam essa que é a biografia mais célebre, honesta e sem afetações do poeta, multiartista e vocalista da banda. A dupla de jornalistas Jerry Hopkins e Danny Sugerman contempla desde a infância de Jim até sua morte controvertida em Paris (1971). Pela proximidade de um dos autores, Danny, podemos sentir a naturalidade, senso de humor, companheirismo, inteligência e personalidade difícil e ambígua do biografado. Numa livre classificação, diria que é uma mistura de romance de formação, biografia e tragédia grega.

Não sonhar flores (Editora Roça Nova, 2020, poesia) | Antologia que reúne cinco livros da poeta uruguaia Ida Vitale, ao longo de cinco décadas. O toque especial é que é uma seleção feita, pesada e medida pela própria autora, que, hoje, com mais de noventa anos ostenta nada menos que todos os prêmios literários importantes da língua hispânica, dentre eles o Prêmio García Lorca e o Prêmio Cervantes. 

Riviera (Editora Mondrongo, 2020, romance) | O contista e cronista baiano Rodrigo Melo em seu primeiro romance, consegue cansar o leitor, mas não de ler. Explico. Na medida em que perfaz um itinerário de dores e derrotas exponenciais do protagonista Michel Rodrigues, o narrador exercita no leitor a experiência da fruição que nos faz distinguir a Grande Arte das demais tentativas. Levando o leitor, exausto de viver com Michel tanto azar, por um Rio de Janeiro contra-hegemônico, Melo tem êxito ao tirar os dois -- protagonista e leitor -- do calçadão da Zona Sul e levá-los à Rio de Janeiro dos subúrbios; assim, direto, certeiro, pro miolo do coração dos desencantados. Bela história, divertida, tocante, potente e desenvolvida em ambientes pouco manjados. Como bom escritor contemporâneo, Rodrigo Melo consegue se equilibrar bem, e com velocidade certa, sobre esses aspectos, sem se esquecer da emoção.