Marcos Mendes defende desmilitarização da PM em sabatina

Candidato também prometeu aumento a professores estaduais

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  • Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2018 às 13:01

- Atualizado há um ano

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O candidato Marcos Mendes (PSOL) foi o segundo a participar da sabatina CORREIO/iBahia, nesta quarta-feira (5). Ele falou do que pretende fazer se eleito, defendeu a desmilitarização das polícias e prometeu aumentar o investimento na educação da Bahia, entre outros. 

Mendes afirmou que a lógica de governo do PT não mudou a disparidade social que vive a Bahia há muitas decadas. "Somos o 7º estado mais rico, mas temos a 5ª população mais pobre. E isso vem acontecendo historicamente. Isso não mudou, esse fosso social", afirma.

Confira:

Ele defendeu o investimento em negócios rurais, combatendo o "agronegócio do veneno", que tem "envenenado nossa terra, nosso ar, nossas pessoas".  "Queremos inverter esse lado. Gerar emprego e renda no campo, que você mexe com violência, educação no campo. A gente quer fazer essa atuação nessa base popular, no campo", disse, afirmando também que vai trabalhar para trazer de volta a Cesta do Povo.

"Primeiro ponto é a gente dar transparência a tudo. As pessoas só são chamadas de 4 em 4 anos", criticou, defendendo uma maior participação popular. Ele também respondeu questões sobre o meio ambiente e licenças ambientais. "Vamos ter regras rígidas na questão ambiental. Quem preserva (a natureza) são as comunidades indígenas, quilombolas. Vamos ser severos na fiscalização", afirmou. "Hoje as pessoas fazem licenciamento ambiental pela internet, sem fiscalização", diz.

Sobre a educação, Mendes prometeu aumentar o investimento no setor. "Fazer formação continuada dos professores, reestruturar escolas, ter plano de carreira. Há 37 anos do governo passado, esse atual 12 anos, e nada acontece", critica. O candidato também afirmou que é preciso mudar a perspectiva com que é tratada a educação. "A gente precisa saber que modelo de educação a gente quer. Hoje as pessoas são formadas para fazer vestibular ou ser mão de obra barata de grandes empresas". E prometeu: "Vamos colocar 10% do PIB na Educação e 7% da receita líquida de impostos. Queremos que professores ganhem todos acima do piso. No tema Cultura, Mendes disse que se eleito aumentará o investimento no setor para 1,5% do orçamento.

Já para a segurança, Mendes defendeu a desmilitarização das polícias. "A gente quer uma polícia desmilitarizada, com foco nos policiais, na inteligência, e discutir um modelo de polícia que tenha controle social e corregedoria forte", afirmou. Para ele, os policiais hoje são cidadãos cerceados. "Os profissionais da área da segurança pública é considerado subcidadão. Por exemplo, não podem fazer greve, filiar a partidos. Primeiro ponto é valorizar o policial para ser cidadão", disse.

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Veja perguntas realizadas para o candidato das entidades civis e especialistas:

Sindpacel:  O que o candidato pensa em fazer para modernizar a gestão ambiental? Me permita discordar. Foi aprovada em 2011 a lei 12.377 que foi um total retrocesso ambiental no estado da Bahia. Foi a partir daí que se criaram a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC). Hoje as pessoas estão fazendo licenciamento pela internet. Sem fiscalização. E na verdade, eu discordo que a indústria de papel e celulose é responsável por preservação. Pelo contrário. Hoje, é uma devastação. Trouxe o eucalipto, que destrói a Mata Atlântica.

Sindicombustíveis: Quais medidas  pretende adotar para reduzir a pesada carga tributária? A gente precisa resolver o problema da carga tributária dos pequenos porque os grandes tem, na verdade, incentivos fiscais. Em 2017, foi quase R$ 3 bi de incentivos. O que essas empresas dão de retorno para o estado? Nada. Então nós vamos acabar com isso. Precisamos tirar tributos dos pequenos, dos micros e até dos médios. Nós vamos incentivar sistemas de de cooperativas.

Procria: Como pretende reverter o fechamento de empresas dos distritos industriais e a falta de investimento em infraestrutura? Em Salvador e RMS tem quase 60% da economia. Você tem um miolo com mais de 300 municípios que não recebem esse investimento. A gente precisa dar incentivo para industrialização mas isso passa por um controle social dos trabalhadores. Queremos incentivar as cooperativas porque o modelo de empresa não converte em empregos.

Especialistas

Guilherme Marback - Reitor da Unijorge: Como vocÊ planeja contemplar requisitos  para uma prática de ensino de excelência? Como a educação é prioridade, pretendemos colocar 10% do PIB e 7% da receita líquida dos impostos para a universidade e 1% para manutenção do aluno nas universidades. Primeiro a gente vai combater a realidade de 1/3 dos professores não recebendo como o piso nacional. Outra coisa é reverter o fechamento das escolas e criação de escolas no campo.

Bel Borba - artista plástico: O que fará pela cultura que não foi feito antes? A gente tem uma riqueza muito grande principalmente nas periferias. Maior influência cultural dos municípios é de artesanato. O segundo é dança. Então a gente precisa fazer incentivo cultural, não só popularizando a cultura. Temos que valorizar a cultura popular. Não existe desenvolver cultura popular sem investir pelo menos 1,5%. Aqui é investido em torno de 0,5%. Os menores é na cultura e igualdade racial. A cultura se faz popularizando e investindo.

Malu Fontes - Jornalista e professora: A quem se deve o fato dos nossos dados educacionais serem tão ruins? A valorização do ensino público de qualidade é importante. Hoje para fazer acordos com partidos que faz aliança, em vez de fazer concurso público, você contrata Reda. Precisamos de formação continuada dos professores,  um plano de salários e carreira e reestruturar as escolas. A formação precisa discutir gênero, raça e sexualidade. É na escola que a gente aprende a respeitar.

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