Militantes pedem medicina mais humana

Consultora de imagem, Kika Maia leva uma vida equilibrada e enfrenta estigma: 'Sou gorda e sou saudável'

Publicado em 10 de junho de 2019 às 05:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Caio/Divulgação

Quando quis engravidar, a consultora de imagem, curadora de moda plus size e mãe Kika Maia, 42 anos, ouviu do médico que seu marido, na época, não iria fazer um filho nela porque estava gorda. “Teve uma médica ginecologista, na mesma época, que disse que eu não poderia engravidar porque não era saudável”, lembra Kika sobre o estigma “gordo não é saudável”.

Adepta do exercício físico e da alimentação equilibrada, Kika optou por uma vida saudável para se prevenir do histórico familiar. Sua mãe tem diabetes e seu pai teve câncer três vezes.“É possível a pessoa ser gorda e saudável, a partir do momento que cuida da alimentação e faz atividade física”, defende Kika. “Agora, eu não atendo ao estigma de saudável”, completa.Kika conta que não come açúcar, não toma refrigerante, come muita fibra e muita fruta, além de beber muita água. “Tenho essa preocupação. O que não me faz ser uma pessoa neurótica com a alimentação. Chega no fim de semana e quero comer um brigadeiro? Eu como”, diz a consultora de imagem que sempre escuta a frase ‘se você come saudável, porque você não emagrece?’. “Porque faço uma alimentação saudável com carboidrato”, resume.

Autora do blog e canal do YouTube Não Sou Exposição, a nutricionista Paola Altheia reforça que “pessoas gordas não são necessariamente doentes e magras não são necessariamente saudáveis”. A nutricionista destaca que muitos parâmetros precisam ser avaliados, tais como sedentarismo, tabagismo, alimentação inadequada e consumo recorrente de bebida alcoólica. “É uma questão de hábitos, não apenas de peso”, defende.

Estigma Daí a preocupação de Kika com uma medicina mais humana, que não estigmatize a pessoa gorda como automaticamente não saudável. “O que é saúde? É só ter um corpo sem gordura? Ter um corpo sem gordura é um dos parâmetros, porque a gordura pode estar no coração, mas cada pessoa tem uma constituição e a gente não pode padronizar”, alerta.

Para Kika, os médicos devem analisar cada pessoa de forma minuciosa, porque cada genética traz uma consequência no corpo do indivíduo. A nutricionista concorda e ressalta que o peso envolve uma série de fatores.“Genética, composição corporal, uso de medicamentos, balanço hormonal, sexo e idade, grau de atividade física, taxa metabólica, questões psicológicas, socioculturais... Acreditar que ser gordo é apenas comer demais é um pensamento extremamente simplista”, critica Paola.Atenta aos exames, à alimentação, aos exercícios e outros cuidados, Kika não pensa duas vezes e diz: “Sou gorda e sou saudável. Como? Preocupada com meu estilo de vida. Ser saudável não é só comer comida que vá fazer bem ao corpo, é também não fumar, não beber exageradamente, não fazer farra todo final de semana. Quando você é saudável, você busca cuidar não só do corpo, mas do todo. Buscar saúde é amor próprio”, conclui.