Morte de menina no Santo Inácio: dupla de PMs é afastada das ruas

Policiais já entregaram armas para perícia no DPT; eles alegam confronto

  • Foto do(a) author(a) Milena Hildete
  • Milena Hildete

Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 22:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Geovanna foi baleada na cabeça quando corria para ver o avô (Foto: Reprodução/Carol Aquino/CORREIO) Os dois policiais militares envolvidos na ação que resultou na morte da menina Geovanna Nogueira da Paixão, 11 anos, na manhã desta quarta-feira (24), no Jardim Santo Inácio, em Salvador, foram afastados dos trabalhos nas ruas. A informação foi confirmada pela assessoria de comunicação da Polícia Militar nesta sexta (26). O Departamento de Polícia Técnica (DPT) já recebeu as armas utilizadas no alegado confronto do qual os PMs da 48ª CIPM (Mata Escura) dizem ter participado. A menina levou um tiro na cabeça na porta do barraco onde morava com a avó, mãe e irmão, na comunidade Paz e Vida.

De acordo com a PM, um inquérito foi instaurado no mesmo dia do confronto. Familiares e testemunhas também já foram ouvidos. Ainda segundo a corporação, o prazo de apuração é de 40 dias, podendo ser prorrogado por mais 20. A PM diz que só irá se posicionar sobre o caso após a conclusão do inquérito.

Enterro com comoção (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) O sepultamento da menina ocorreu na manhã desta sexta. Dois ônibus chegaram no Cemitério Municipal de Paripe lotados com os familiares, vizinhos e amigos da vítima.

Da família de Geovanna estavam a mãe, Maria Ângela de Jesus Nogueira, 34, a avó materna, Valdete da Paixão, 66, o pai, José Luiz da Paixão, 36, além do tio e do avô. Foi a mãe quem acompanhou a liberação do corpo da criança no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML)."Eu quero que os policiais sintam remorso. A cena da minha filha morta ninguém vai tirar da minha cabeça. Infelizmente, nada vai trazer a vida dela de volta", lamentou Maria Ângela.A avô, bastante abalada, cobrou mais uma vez das autoridades a resolução do caso. Ela e os moradores da comunidade culpam os policiais pela morte de Geovanna. "Eles chegaram atirando e ela caiu paradinha no chão. O que eu quero é que não mintam, que parem de dizer que foi troca tiros. Não foi", reafirmou a avó. 

O corpo da garota foi velado por cerca de 30 minutos na capela do cemitério. Colegas da Escola Municipal Jardim Santo Inácio e amigos do bairro estiveram no sepultamento - muitos deles tinham escrito nos braços: "Luto, Geovanna". Boa parte também brincava com a menina um dia antes da morte trágica.

Durante o sepultamento, o pai e uma vizinha desmaiaram e tiveram que ser carregados. Crianças também precisaram ser amparadas pelos pais. "Todos os dias, Geovanna me ajudava a arrumar a igreja da comunidade. Lamentável. Uma menina inteligente que fazia aulas de capoeira na comunidade e de violino", contou uma vizinha sem se identificar. 

Reforço  O policiamento nos bairros da Mata Escura e Jardim Santo Inácio foi reforçado após a morte da garota Geovanna. Nesta sexta (26), a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a Companhia de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) do Batalhão de Choque está nos bairros em busca dos criminosos que trocaram tiros com a Polícia Militar, resultando na morte da menina.

Segundo a SSP, eles também são responsáveis por atear fogo a um ônibus no Jardim Santo Inácio na manhã desta quinta. “Todos os policiais ficaram sentidos. Somos pais também. A quadrilha está identificada e vamos trabalhar para tirá-la de circulação", disse o comandante da 48ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Sussuarana), o major César Souza Ferreira, que atua na região.