Mulher morta por bala perdida em Narandiba faria festa de noivado este mês

Jucinara dos Santos da Hora foi baleada durante ataque a PM e não resistiu. Emoção marcou enterro

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 13 de maio de 2017 às 16:55

- Atualizado há um ano

“Acorde, filha, acorde antes da benção final, não posso ficar sem você. Por favor, levante, vamos pra casa”. Os apelos dessa mãe eram a expressão da incredulidade e da revolta que marcou o sepultamento da funcionária da Prefeitura de Salvador, Jucinara dos Santos da Hora, 33, no final da manhã desse sábado, no cemitério Municipal de Brotas. A comoção foi tamanha que a senhora precisou ser amparada pelos familiares e foi retirada do local.(Foto: Almiro Lopes/CORREIO)O espaço ficou pequeno para o número de familiares e amigos que foram prestar as homenagens finais à vítima de uma bala perdida, durante um ataque ao soldado reformado da Polícia Militar Ari Bacelar de Oliveira, 49, no bairro de Narandiba. A jovem – que passava pela Avenida Edgar Santos em direção à Igreja, onde ia todas as quintas-feiras para a reunião de Adoração ao Santíssimo - levou um tiro no abdômen, foi submetida a cirurgia, mas faleceu na madrugada da última sexta(12).

De acordo com a amiga da família, a professora Renécia Figueiredo, Jucinara faria sua festa de noivado no próximo dia 21 e já estava com a casa montada em Plataforma. “Ela era uma pessoa especial, muito católica e uma alma verdadeiramente boa, de paz. O que aconteceu é revoltante”, diz, ressaltando que a capital baiana se tornou um lugar excessivamente violento. “Hoje, dirijo para o Uber, mas às 17 horas recolho meu carro porque virou uma temeridade ficar na rua”, completa.

O tempo todo amparado pelos familiares e amigos, o noivo de Jucinara, Marcus Vinicius estava inconsolável e parecia também não acreditar na tragédia. Em diversos momentos, ele precisou sentar para não ceder à dor. Uma amiga que preferiu não revelar o nome, mas que todo o tempo do velório voltava para amparar o rapaz, disse que na hora de tanta dor, só a fé para acalmar o coração e aliviar tamanha perda. “Deus a chamou para próximo Dele porque ela era uma pessoa boa”, finalizou.

CrimeSegundo o cunhado da vítima, Alex Almeida, 35, foi um amigo que trabalha como motorista da Uber quem viu Jucinara caída no chão ferida. "Ela estava indo para a igreja, que fica a poucos minutos de casa, quando aconteceu isso. Um amigo nosso estava rodando, pegou ela, botou no carro e levou para o [Hospital Geral] Roberto Santos e, no caminho, ligou para nós", disse.

Alex trabalha como vendedor ambulante e, quando o amigo ligou para avisar, não pode atender ao telefonema. Ele, então, ligou para a irmão da administradora. "Eu estava trabalhando, mas moramos perto do local do crime. Quem estava em casa ouviu os tiros na rua e depois começaram as ligações", contou ao CORREIO.(Foto: Reprodução)Jucianara levou um tiro no abdômen, chegou a passar por uma cirurgia, mas por volta das 4h de hoje morreu. "Ela perdeu muito sangue, teve parada cardíaca e não resistiu", conta Alex.

O corpo de Jucinara ainda não foi liberado para a família, que está organizando o sepultamento, mas ainda não tem horário ou local definido. Ela era formada em Administração, com habilitação em RH, e trabalhava como Assistente Administrativa na Casa Civil da Prefeitura de Salvador.

CasamentoJucinara estava de férias do trabalho e aproveitava para organizar os preparativos para seu casamento previsto para acontecer em setembro. "Ela estava adiantando as coisas. O noivo ficou desesperado quando soube. Ainda está. Eles já tinham comprado a casa. Tudo que tinham sonhado. Queriam filhos...", lamentou o cunhado. Ainda de acordo com ele, Jucinara pretendia prestar concursos públicos e fazia cursinho preparatórios.

AtaqueJucinara estava passando na rua, próximo à rótula do Hospital Juliano Moreira, quando suspeitos armados chegaram e atiraram na direção do soldado reformado da Polícia Militar Ari Bacelar de Oliveira, 49, que estava conversando com um amigo na rua. 

O policial foi atingido por tiros na cabeça. O amigo dele, que ainda não foi identificado, foi baleado nas costas. Jucinara que estava passando pelo local levou um tiro no abdômen.

Em nota, a PM informou que uma viatura da 23ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Tancredo Neves) foi até o local e levou o policial ao Hospital Geral Roberto Santos, onde não resistiu aos ferimentos. Os feridos foram socorridos por testemunhas que estavam no local no momento do crime. O caso deve ser investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHHP). 

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