Netflix esconde pequenas jóias brasileiras

Entre os filmes, há o romance Todas as Razões Para Esquecer e o drama Temporada

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  • Roberto Midlej

Publicado em 11 de abril de 2020 às 13:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

A produção cinematográfica brasileira tem crescido muito nos últimos anos:  em 2018, de acordo com a Agência Nacional de Cinema (Ancine) - que não tem em seu site dados do ano passado -, 185 produções nacionais chegaram às salas, o que significa que, a cada semana, entram em cartaz, em média, três novos títulos produzidos no país. No mesmo período, 295 filmes estrangeiros chegaram aos cinemas do Brasil.

Apesar do número expressivo, a verdade é que o cinema brasileiro ainda leva pouca gente às salas: naquele mesmo ano, somente 14% dos ingressos vendidos foram para pessoas que queriam ver as produções nacionais. Afinal, é difícil enfrentar o poderio dos grandes estúdios, que, em casos extremos, conseguem levar um mesmo filme a mais de 80% das salas - foi o que aconteceu com Vingadores: Ultimato no ano passado.

Em resumo: o Brasil produz muito, mas a maioria dos títulos chega apenas às maiores cidades e, quando chegam, ficam duas ou, quando muito, três semanas em cartaz. Um blockbuster como Minha Mãe é Uma Peça 3 - que vendeu mais de onze milhões de ingressos - é uma exceção. Assim, muita coisa boa passa por aí e a gente nem ouve falar.

E não é que muitos dessas pequenas joias brasileiras estão disponíveis em streaming? Como a Netflix é o serviço mais popular, vamos garimpar o que tem de bom por lá, para você curtir nos próximos dias de quarentena. Selecionamos cinco produções de diversos gêneros.

Uma das boas surpresas é Todas as Razões Para Esquecer, com Johnny Massaro (O Filme da Minha Vida) e Bianca Comparato (Irmã Dulce). Massaro vive Antônio, que levou um fora da namorada, interpretada por Bianca. Mas ele, impregnado da cultura machista, acredita que vai superar facilmente o fim do relacionamento e evita falar sobre isso. Obviamente, não é o que ocorre e o diretor estreante Pedro Coutinho propõe que os homens pensem a respeito da dificuldade que têm em lidar com sentimentos.

Em outra linha, menos doce e mais realista, segue Temporada, do mineiro André Novais Oliveira, que tem a atriz Grace Passô em um dos melhores desempenhos recentes num filme nacional. Cinema mineiro muito bem representado.

Mãe Só Há Uma (2016), de Anna Muylaert

Pierre (Naomi Nero) descobre que sua família não é biológica quando a polícia prende sua mãe. Confuso, vai atrás dos parentes “de sangue” e asssim ele descobre finalmente sua real identidade. Inspirado no caso do menino Pedrinho, sequestrado nos anos 1980. A diretora é a mesma do premiado Que Horas Ela Volta? (2015).

Todas as Razões Para Esquecer (2017), de Pedro Coutinho

Antonio (Johnny Massaro) acreditava que não teria dificuldades em superar o fim de um namoro. Mas seus sentimentos não condizem com sua postura,  já que a dor da perda se acentua e paliativos como calmantes, bebidas e aplicativos de namoro se mostram incapazes de diminuí-la.

Fala Comigo (2016), de Felipe Sholl

Diogo tem um estranho fetiche: ele sente prazer ao ligar para as pacientes de sua mãe, que é terapeuta. Certo dia, ele liga para Ângela (Denise Fraga), uma mulher de 43 anos que acaba de se separar do marido. Os dois iniciam uma complicada relação pelo telefone, repleta de curiosidade e  silêncio. Estreia muito promissora do diretor.

Temporada (2018), de André N. Oliveira

Juliana (Grace Passô) sai do interior de Minas Gerais  para viver na região metropolitana de BH. No novo emprego passa por situações que  mudam sua vida. Além disso, enfrenta dificuldades no relacionamento com o marido. A qualidade não está na história, mas no desempenho da protagonista e num retrato sensível dos personagens.

Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar (2019), de Marcelo Gomes

Marcelo Gomes, de Cinemas, Aspirinas e Urubus (2004), dirige esse documentário sobre a pequena  cidade de Toritama (PE), que vive da produção de  jeans. Ali, as pessoas trabalham sem parar, exceto no Carnaval, quando param para gastar as economias na praia.