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Neto Baiano sobre contrato de produtividade: 'Vão me pagar muito'

Em entrevista exclusiva ao CORREIO, ídolo jura amor ao Vitória, fala sobre gols, títulos, provocações e garante ter muita lenha para queimar aos 36 anos

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  • Daniela Leone

Publicado em 7 de fevereiro de 2019 às 12:14

 - Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução / instagram

Neto Baiano está na área, ansioso para estrear. Na noite de quarta-feira (6), o ídolo rubro-negro foi ao Barradão e assistiu de camarote à goleada sobre o Jequié por 4x0. Depois, concedeu a entrevista exclusiva ao CORREIO que você lê a seguir. Remanescente de uma geração de jogadores sem preocupação com media training nem discursos pasteurizados, o centroavante estipulou prazo para ficar à disposição de Marcelo Chamusca e disse que vai fazer tanto gol que o Vitória terá prejuízo com o contrato de produtividade assinado com ele. Falou também sobre a relação com o amigo Léo Ceará, as provocações ao Bahia e seus objetivos no Leão. Ele será apresentado oficialmente pelo clube nesta quinta (7).

Gostou de ver o Vitória jogar?

Foi bom ver o Vitória ganhando. Os meus amigos marcando, Léo (Ceará) que é amigo há muito tempo. Isso me traz felicidade e me faz cada dia trabalhar mais para estar junto com eles.

Primeira goleada do time no ano. Acha que sua presença deu sorte?

Claro, eu sou pé quente, já falei. Duas vezes que eu venho no Barradão depois que saí daqui e, nas duas vezes, a gente ganhou os jogos. E hoje graças a Deus demos uma goleada, merecia até ganhar por mais, mas o goleiro deles fez uma grande partida.

Léo Ceará também falou que é seu amigo. Conta um pouco sobre essa amizade e como vai ser essa disputa de posição?

Léo é um menino bom, grande jogador. É uma disputa sadia. Eu vou ter que respeitar o momento de Léo, e a gente tem que torcer um pelo outro. Só assim a gente vai conseguir os êxitos, as coisas boas da vida, com um amigo torcendo pelo outro, não é com trairagem. Léo está bem, tem que jogar Léo. Eu estou bem, tenho que jogar. Temos que respeitar um ao outro.

Em quanto tempo você espera estar pronto para estrear?

Eu fiz uma meta de 10 a 15 dias. Treinar dois períodos direto para poder chegar o mais rápido possível ao meu peso e poder ir entrando nos jogos, pegando ritmo para poder fazer bastante gols.

Está quantos quilos acima do peso?

Três quilos acima. Meu peso sempre chega a 90kg, às vezes 89kg. Estou com 93kg.

Você estava treinando?

Estava treinando aqui em Salvador mesmo, na areia. Quando eu estava no interior, não, estava só montando cavalo (risos). Fiquei um mês e pouco em Ituaçu. Aí curti bastante. Há muito tempo eu só ficava dois, três dias em minha cidade. Foi muito bom.

Estava com muita vontade de voltar ao Vitória?

Desde o ano passado eu tinha muita vontade de voltar. Graças a Deus este ano deu certo. No começo conversamos, não deu certo eu vir. Tinham muitos centroavantes, então não era o momento. O momento foi este. Agradeço pela oportunidade e espero corresponder à altura que todo mundo espera, que é fazer muitos gols e unir cada vez mais o grupo em prol de levar o Vitória aos títulos e chegar, quem sabe, a ser campeão brasileiro."Léo está bem, tem que jogar Léo. Eu estou bem, tenho que jogar. Temos que respeitar um ao outro".Seu contrato é só até maio, podendo renovar até novembro. Tem convicção de que vai renovar?

Não estou preocupado com isso. Estou preocupado só em jogar. Se renovar vou ficar feliz. Senão, vou ficar feliz também. Estou realizando um sonho de voltar ao Vitória, de poder alcançar mais gols ainda que eu tenho aqui (são 84 gols em 140 partidas pelo clube). Meu objetivo é sempre somar. Se for para somar eu renovo. Senão, eu saio de cabeça erguida, feliz do mesmo jeito.

E esse contrato por produtividade? Quando mais gol você fizer, mais dinheiro ganha. Você é o artilheiro do Barradão...

Foi um erro deles, vão me pagar muito por produtividade (risos). Eu tenho certeza que vou fazer bastante gol aqui no Vitória.

Quando a gente pensa em Neto Baiano, pensa em um jogador irreverente, que provoca o rival. Já está com vontade de jogar um Ba-Vi? É algo que sempre mexe com você?

Eu gosto muito de jogar o Ba-Vi. É um clássico, é diferente. Eu espero poder jogar e fazer gol. Mas sabemos que hoje o Bahia está muito na frente do Vitória, em questão de elenco, em questão de tudo. Hoje o Bahia é favorito, mas eu estou chegando aí. Quem sabe o Vitória pode ser o favorito?

Vai ter provocação este ano também?

Sempre. Não vai faltar provocação. Brincadeira sadia para animar a torcida sempre vai ter da minha parte.

Solta uma aí então.

Não, não pensei ainda, não. Quando eu estiver fazendo gol e com mais moral, vou soltar um bocado de piada.

Você tem uma meta de gols? 

Eu quero fazer o máximo possível, o máximo que Deus me abençoar e a bola entrar. Gol eu vou fazer, não sei quantos. Ainda mais aqui no Vitória. Em todos os campeonatos que disputar eu quero ser artilheiro, isso sempre foi meu objetivo em tudo. E levar o time ao título, que isso é mais importante que qualquer coisa."Foi um erro deles, vão me pagar muito por produtividade (risos). Eu tenho certeza que vou fazer bastante gol aqui no Vitória".Você trabalhou com Marcelo Chamusca. Quem iniciou a conversa para seu retorno?

Eu conheço Chamusca desde o Palmeiras do Nordeste, lá em Feira (de Santana, em 2003). Trabalhamos juntos, tenho uma amizade boa com ele. Conversamos pelo telefone, eu falei meu sentimento de defender o Vitória e expliquei para ele o meu objetivo de vir, que não para ter alto salário, ganhar muito. Meu objetivo era vir realizar um sonho de levar o Vitória à primeira divisão de novo, de ser campeão baiano, de disputar uma final e ser campeão da Copa do Nordeste, de ir o mais longe possível na Copa do Brasil. Sempre foi um sonho meu dar um título de expressão ao Vitória.

Está com 36 anos. Para quem acha que não tem mais lenha para queimar, o que você fala?

Se fosse para roubar, não seria o Vitória que eu viria roubar. Se eu não tivesse condição de jogar, não seria aqui que eu viria. Ontem o Brasiliense, pagando mais, me deu dois anos de contrato e eu fiquei aqui por cinco meses. O Brasil de Pelotas me deu um ano e meio de contrato, ganhando mais do que aqui, e eu fiquei aqui. Fiquei porque amo o clube e quero conquistar muitas coisas pelo Vitória. Não estou aqui para roubar o Vitória. Eu estou aqui para jogar e jogar bem. Se eu não jogar bem, sou o primeiro a pedir para ir embora.

Na sua última passagem pelo Vitória, em 2015, a saída foi turbulenta, você foi afastado pela diretoria. A vontade de voltar foi também para apagar aquilo?

Ali foi questão política, não foi um erro meu. Foi questão de vestiário, que eu pedi desculpa - e houve um diretor, que não cabe eu falar o nome dele, mas por quem tenho o maior respeito - e houve um desgaste. Não sei por que ele não gostava de mim, mas respeito muito ele. E na hora de eu calar a boca, acho que não consigo. Não sou um cara que guardo as coisas pra mim, tenho que falar na cara o que sinto e acabei me desgastando muito com ele e saindo. Mas saí pela porta da frente. Quando eu saí daqui, tinha no meu contrato que eu poderia voltar se o Vitória subisse para a primeira divisão e não quis voltar. O Vitória subiu e não exigi isso de meu contrato. Graças a Deus eu sou honesto comigo mesmo e, se não fosse honesto com o clube, não estaria aqui nunca.