Nova safra: baiano de 18 anos representa Brasil na Copa do Mundo de Canoagem

Filipe Santana é mais um nome a sair do Sul do estado para brilhar no esporte

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  • Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2021 às 15:17

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo pessoal

A "Terra das Canoas" apresentou para o mundo mais um de seus filhos. O significado da palavra Ubaitaba faz ainda mais sentido se olharmos para o esporte aquático difundido pela cidade baiana assim batizada, e que é berço do único brasileiro a ganhar três medalhas em uma só Olimpíada. Além de Isaquias, um garoto de 18 anos agora também leva o nome da cidade para o mundo: Filipe Santana.

Filipe foi um dos representantes da seleção brasileira na Copa do Mundo de Canoagem, realizada na cidade de Szeged, na Hungria, entre os dias 13 e 16 de maio. Ele competiu na categoria C2 500m junto com o também baiano Jacky Godmann e chegou até a final A após terminar em terceiro lugar na semifinal. Na corrida decisiva, a dupla baiana liderou a prova no começo e brigou intensamente pelo bronze com a dupla ucraniana, mas terminou na quarta colocação. A Espanha em primeiro e os donos da casa em segundo completaram o pódio.

Apesar de não ter conquistado a medalha, o jovem "profetizou" o que poderia acontecer no Mundial, pouco dias antes do início da competição. "Estou esperando conquistar bons resultados, dependendo da situação da raia dá para brigar por medalha", disse ao CORREIO. Com a pouca idade e o bom desempenho, Filipe já faz parte do grupo principal da seleção brasileira desde 2019 e mora junto com o Time Brasil na cidade de Lagoa Santa, Minas Gerais, que abriga os atletas da seleção desde 2014. 

Apesar da pouca idade, a relação de Filipe com a canoagem pode ser considerada longa. Ele começou no esporte com 11 anos, bastante influenciado pelo mais velho dos três irmãos. "Teve um Campeonato Baiano lá em Ubaitaba. Na época, meu irmão já remava e chegava falando sobre a modalidade para mim, aí eu acabei me interessando também", lembra. Foto: ACC/Divulgação A Copa do Mundo na Hungria foi a primeira competição na categoria adulto do baiano, que participava de categorias inferiores até o momento com a seleção. Apesar de descrever o momento como "um dos mais marcantes da carreira até então", Filipe lembra com carinho do ano de 2019, quando chegou à seleção e teve diversas conquistas.

E não é à toa essa lembrança. No Campeonato Brasileiro de canoagem velocidade naquele ano, disputado em Brasília, foram seis ouros nas disputas do masculino Júnior (categorias C2 200m,  C1 200m, C2 500m, C1 500m, C2 1000m e C1 1000m). No Sul-Americano realizado no Equador, subiu mais quatro vezes no lugar mais alto do pódio, duas delas com o também baiano Jacky Godmann, que fez parceria com o próprio Filipe e com Isaquias Queiroz na Copa do Mundo na Hungria.

"Já conhecia ele dos campeonatos baianos, ele é de Itacaré. Acabei conhecendo melhor na seleção, hoje a gente vem treinando junto", conta Filipe. Jacky não é o único companheiro, já que ele treina também com outros atletas da seleção nas terras mineiras, como Isaquias Queiroz e Erlon de Souza, medalhistas olímpicos na Rio-2016. "A gente conversa sempre, sempre um auxilia o outro quando está treinando", diz o garoto.

Remando no Rio de Contas Filipe foi uma das crianças a participar do projeto Remando no Rio de Contas, nos anos de 2017 e 2018. Segundo ele, a estrutura do local o ajudou a desenvolver a força de vontade e disciplina, as quais ele considera seus pontos fortes. "Sempre me espelhava nas pessoas. Antigamente treinava com pessoas mais velhas e tentava ganhar delas", relembra o atleta.

Segundo Luciana Costa, vice-presidente da Confederação Brasileira de Canoagem e presidente da Associação de Canoagem de Ubaitaba, o projeto está em franca expansão. "Antes ele se chamava Remando no Rio de Contas porque abrangia três municípios cortados pelo rio (Ubaitaba, Ubatã e Itacaré). Hoje ele já se chama Remando no Litoral Sul, porque chegamos lá", conta.

Luciana, que também é atleta de canoagem, acredita que a cultura de Ubaitaba ajuda a cidade a revelar tantos nomes para o esporte. "Ubaitaba é um celeiro na canoagem. Daqui saiu Jefferson Lacerda, primeiro brasileiro a participar de uma Olimpíada, em 1992. A maioria da população daqui já andou de canoa ou já remou, então a gente ganha em ver o movimento, e colocar a técnica na água fica mais fácil", opina.

Brasil na Copa do Mundo Com as provas encerradas no último domingo (16), o Brasil terminou a etapa de Szeged com seis medalhas entre a canoagem e paracanoagem. Isaquias Queiroz ganhou uma prata no individual e um bronze com Jacky Godmann, que substituiu Erlon, se recuperando de uma lesão. Nas modalidades paralímpicas, dois ouros para Fernando Rufino, prata para Debora Benevides e um bronze de Luís Carlos Cardoso.

*sob orientação do editor Herbem Gramacho