Números de passaportes de Ronaldinho e irmão pertencem a mulheres

Ex-jogador "não entende o que aconteceu", diz advogado

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  • Da Redação

Publicado em 5 de março de 2020 às 15:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Norberto Duarte/AFP

Suspeitos de portar um passaporte falso no Paraguai, Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Assis, prestaram depoimento na manhã desta quinta-feira (5) na sede da Promotoria contra o Crime Organizado, em Assunção.

De acordo com o promotor Federico Delfino, os documentos possuem números que pertencem a duas senhoras moradoras da capital do país: María Isabel Gayoso e Esperanza Apolonia Caballeri. Elas teriam sido detidas para esclarecer se há envolvimento na adulteração, segundo o Diário Digital Ñandutí. O passaporte apreendido com Ronaldinho Gaúcho (Foto: Reprodução) "Ronaldinho está chocado e ainda não entende o que aconteceu", falou Adolfo Marín, um dos advogados do ex-jogador. O defensor declarou que o ex-meia da Seleção Brasileira está disposto a colaborar com as autoridades e responder a todas as perguntas, mas que não há muitas informações que ele possa dar. Ainda assim, Ronaldinho preferiu ficar no país, embora esteja livre para voltar ao Brasil.

"Ele segue submetido a processo, ele pode sair do país, mas decidiu não fazê-lo. Ele não está sendo processado, e não tenho ideia de qual a decisão do Ministério Público", declarou Marín.

Segundo Euclides Acevedo, Ministro do Interior, Ronaldinho e Assis ficariam sob custódia no hotel Yacht y Golf Club até a manhã desta quinta-feira (5), quando saíram para prestar depoimento. As autoridades paraguaias decidirão se farão uma denúncia contra os irmãos.

Delfino, em entrevista coletiva, afirmou que os passaportes foram retirados em janeiro e entregues a Ronaldinho e Assis na chegada ao Paraguai. A mesma versão foi dada por Marín - de que o ex-jogador e o irmão apenas receberam os documentos.

"Ele poderia entrar sem problemas com seu passaporte e carteira de identidade brasileira. Ele não é especialista em documentos. Ele acreditaria que eles deram a ele esses documentos de cortesia, de forma honorária. Eles desceram do avião com efervescência, lhes pediram os passaportes, eles os entregaram e aí veio o dilúvio", disse o defensor.

"Para ter a nacionalidade paraguaia, ser paraguaio naturalizado, tem que estar vivendo há algum tempo no país e ter um trabalho, essas coisas. Ronaldinho é uma pessoa de fama mundial... Estou igual a vocês. Já verificamos que os números de passaporte pertencem a outras pessoas. São passaportes originais, mas com dados apócrifos. Esses passaportes foram tirados em janeiro deste ano", disse Delfino.

A versão da promotoria é que Ronaldinho e Assis saíram do Brasil com suas identidades nacionais, mas, na chegada em Assunção, receberam os documentos paraguaios em uma sala VIP do Aeroporto Silvio Pettirossi. Além dos passaportes, eles apresentaram carteiras de identidade do Paraguai, que teriam sido emitidas em dezembro de 2019. As identidades do Paraguai de Ronaldinho e Assis (Foto: Reprodução) Os documentos teriam sido entregues ao ex-jogador e ao irmão por Wilmondes Sousa Lira, principal suspeito da fraude. O empresário, de 45 anos, teria sido detido enquanto jantava com Ronaldinho e Assis no hotel onde eles estavam hospedados, segundo o jornal ABC Color.

"Eles não fizeram nenhum processo para obter a nacionalidade paraguaia. Disse que foi um presente das pessoas que o trouxeram ao país", afirmou Delfino. "Segundo entendemos, fizeram a imigração paraguaia com este documento, mas saíram do Brasil com documentação brasileira".

Em nota oficial divulgada nas redes sociais, o Ministério Público do Paraguai confirmou a detenção de Wilmondes Sousa Lira e a investigação de Ronaldinho e Assis tenham feito um possível Uso de Documentos Públicos de Conteúdo Falso.

Foto com policial Antes de prestar seu depoimento na sede da Promotoria contra o Crime Organizado, Ronaldinho posou para fotos com fãs. Incluindo o oficial Miguel López Russo, chefe da 3ª Comissaria Metropolitana de Assunção.

"É um ídolo mundial, para mim é o melhor jogador do mundo e ninguém vai tirar isso dele. Eu estive ali, não tenho porque negar nem dar muitas explicações. Ele entrou para fazer o depoimento em uma sala e ali tivemos uma conversa. Como ele é um ídolo mundial e sou um fanático por futebol, surgiram algumas brincadeiras e eu pedi uma foto. Foi uma simples foto", disse o policial ao Diário Digital Ñandutí. O ex-jogador foi tietado por um policial (Foto: Reprodução) Esta não é a primeira vez que o craque se envolve em problema com seu passaporte. Em 2015, Ronaldinho Gaúcho e o irmão Assis foram condenados a multa por construir um trapiche, com plataforma de pesca e atracadouro no Lago Guaíba, em Porto Alegre. A construção foi feita em uma área de preservação permanente e não tinha licenciamento.

Como não houve pagamento, em 2017 o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) acatou o pedido do Ministério Público e determinou a apreensão dos passaportes de ambos até que a indenização fosse paga. A situação só foi resolvida em setembro de 2019, após um acordo no qual Ronaldinho e Assis se comprometeram a pagar R$ 6 milhões e a recuperar a área danificada para em trocar receberem os documentos de volta.

De acordo com as datas, o caso no Paraguai não teria relação com o período em que eles ficaram com os passaportes brasileiros retidos, já que os paraguaios foram emitidos em janeiro deste ano.