Peruca não: homens usam prótese capilar pra driblar a calvície

Produto é fixado na cabeça e garante total segurança ao carequinha

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  • Gabriel Moura

Publicado em 2 de abril de 2019 às 11:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

Se você já está careca de saber que um transplante capilar é caro demais e a possibilidade da peruca cair te deixa de cabelo em pé, a prótese capilar pode salvar os últimos fios que lhe restam. “É uma alternativa para os calvos que não querem gastar tanto com uma cirurgia, que costuma custar a partir de R$ 18 mil, mas que também não sentem segurança na estabilidade de uma peruca”, diz o cabeleireiro Jorge Santana. 

“A prótese é costurada fio a fio, que pode ser natural ou sintético, feito de plástico. É mais higiênica, confortável e reproduz o couro cabeludo. Também segura mais. Com as manutenções em dia e feitas de maneira correta, é praticamente impossível que caia. Diferentemente das perucas, elas não são móveis”, explica ele. O produto é preso na cabeça com uma cola específica chamada ultra hold, a mesma utilizada em cirurgias plásticas. Debaixo do cabelo é feita uma “micropele” com um tecido tipo tule, bem fino, que não tira a sensibilidade da cabeça. 

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De acordo com a protética capilar Dandara Gonçalves, outra diferença está em atividades físicas e ligadas a água. “A pessoa pode tomar banho de mar, de piscina, jogar bola, molhar, pegar, puxar... Há liberdade. E, diferentemente da cirurgia, que requer um tempo de recuperação, e uma hora o cabelo já está novo”, detalha ela. O processo de implementação dura entre uma e duas horas. Nele, além de ser colada e ajustada, a cabeleira “fake” também recebe um corte para se adequar melhor ao dono.

Após o implante, é realizado um corte de cabelo para melhorar o resultado estético da prótese (Foto: Divulgação)

A segurança e o imediatismo foram algumas das razões que levaram o digital influencer Alisson Short, 30, a optar pelo procedimento há cerca de um mês e meio. “Escolhi a prótese e ela me escolheu. Já tinha pesquisado outros modos. Tenho um primo que fez um transplante capilar, passou por todo o processo, tirou de trás da cabeça para colocar na área calva... Não quis me submeter a isso, até porque o custo é mais alto”, explica. 

Apesar de ter um preço menos cabeludo do que uma cirurgia, a prótese não é, exatamente, barata. De acordo com Jorge, uma masculina custa a partir de R$ 1.500 à vista ou R$ 1.700 parcelada. Dandara vende e aplica as suas por R$ 2.350. O produto tem validade de seis meses e precisa de manutenções que devem ser feitas a cada 15 dias no salão, a um custo de R$ 240 por mês. No fim do ano, o valor investido na cabeleira fica em torno de R$ 6 mil. “Eu faço uns pacotes de manutenção. Se cada uma é R$ 150, boto seis por R$ 400. Outra alternativa é comprar os produtos e fazer em casa, por conta própria. O kit custa R$ 250 e dura até seis aplicações” conta a protética.

Mudanças A melhora na autoestima é quase unanimidade entre os homens que usam a prótese. O também digital influencer Jatel Barbosa, 27, lembra que não conseguia se enxergar calvo. Ele conta que quando ia tirar uma foto ou gravar um vídeo evitava mostrar a parte calva da cabeça. “Sempre fui muito vaidoso. Antes de meu cabelo cair, após a morte de minha mãe, ele era enorme. Eu pranchava e fazia vários penteados. Eu até cheguei a usar aplique, mas quando as pessoas tocavam na minha cabeça dava para perceber que era falso e eu saia correndo. Hoje não tenho mais esse problema. Parece que é meu mesmo”, relata.

Outra questão de homens com quem conversei era o medo, tanto da reação dos amigos e familiares quanto da possibilidade de uma crise de identidade. O administrador Thiago da Purificação Oliveira, 34, diz que ficou cerca de um ano avaliando a possibilidade e que o apoio da esposa, com quem está junto há 16 anos, foi fundamental. “Ela me perguntou ‘de 0 a 10, o quanto você quer colocar a prótese?’ Eu disse 10. Então ela me deu apoio e gostou bastante do resultado. Tenho certeza que minha mulher sempre me amou, mesmo careca. Mas quando fiquei mais bonito, ela também gostou mais. Além disso, estou melhor comigo mesmo e minha relação com as pessoas melhorou”, ressalta. Se a patroa aprovou, a filha, Ana Clara, de cinco anos, gostou mais ainda e não quer nem saber do pai careca. “Quando ela vai comigo no salão, fica na entrada para não me ver sem a prótese. Ela deve pensar ‘quem é esse? Meu pai que não é’”, brinca.  Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e pets: Cuidados O principal é a manutenção. A cada 15 dias é preciso ir ao salão ou fazer em casa: limpar com gase e éter; raspar o cabelo, pois os fios continuam crescendo; colocar uma fita adesiva específica, cola ultra hold e fixar novamente a cabeleira. No caso de quem realiza o processo por conta própria, os profissionais recomendam que a pessoa vá uma vez por mês a um profissional para uma limpeza mais profunda. 

“Por mais que a prótese dê liberdade para tomar banho e lavar com xampu, cair em mar, rio e piscina, quando molha ela vai perdendo a aderência. Por isso é necessária a manutenção a cada 15 dias, além do fato dos fios de cabelo continuarem crescendo e desgastando a cola. Passar desse período pode gerar desconforto, dores e mau cheiro”, alerta Dandara. 

O fato de precisar ir, religiosamente, a cada 15 dias a um salão não incomoda Alisson. “Antes da prótese, eu raspava a cabeça dia sim, dia não. É a mesma coisa de ir ao barbeiro a cada duas semanas”. Em caso de viagem, os profissionais recomendam o kit a manutenção, que pode ser feita em qualquer lugar.

Mas nem tudo são flores. O metrologista Alam Cláudio Silva Santos, 39, ficou três meses com uma prótese mal colocada. “Tava na cara que se tratava de cabelo falso. Aquilo me deixou com traumas. As pessoas que colocaram não tinham habilidade, eram amadores e sem conhecimento do ramo. Depois encontrei outro local, que fez um bom trabalho. Hoje estou satisfeito”, comemora. 

Alam com sua nova cabeleirera (Foto: Divulgação)

Dandara explica o processo de seleção da prótese. “Escolhemos o cabelo mais próximo possível do cliente. Se, por acaso, a pessoa quiser um modelo totalmente diferente do seu natural, eu não deixo. Querendo ou não, fica feio. E a pessoa estará carregando meu nome e meu trabalho na cabeça. Meu objetivo é ser o mais fidedigna possível”. 

*Com orientação do editor Victor Villarpando