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'Preferi amputar a sentir mais dor', afirma esquiadora britânica


 

Dez anos após machucar tornozelo, Shona Brownlee representou a Inglaterra nos Jogos Paralimpicos de Pequim

  • Da Redação

Publicado em 21/03/2022 às 17:41:00
Atualizado em 09/05/2023 às 01:51:06
. Crédito: Reprodução/Instagram @sitskishona

Aos 42 anos, a britânica Shona Brownlee disputou, pela primeira vez, uma edição dos Jogos Paralímpicos de Inverno, quando representou a Inglaterra no esqui alpino paralímpico em Pequim-2022. Terminou o evento sem medalhas, mas nada que a preocupasse. Para ela, estar na competição já foi uma vitória.

Shona não tinha o sonho de seguir no mundo esportivo. Na verdade, a grande paixão dela era tocar trompa, e ocupava seus dias com ensaios de orquestra e concertos. Mas, mesmo tendo estudado no conservatório de Birmingham, na Inglaterra, e na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, a escocesa não encontrava trabalho facilmente.

Alguns amigos, então, sugeriram a Shona ingressar na Força Aérea, como música. Lá, ela poderia ir para concertos ao redor do mundo, e teria a sonhada estabilidade. Só que ela também precisava cumprir todos os requisitos básicos dos recrutas, e participar dos treinamentos.

Eis que, em 2012, ela sofreu um acidente simples, em uma doca de carregamentos. No inicio, achou que tinha apenas uma entorse de tornozelo, e que o problema se recuperaria sozinho. Mas a dor continuou, e Shona foi diagnosticada com síndrome de dor regional complexa.

A escocesa passou por vários tratamentos e cirurgias ao longo de seis anos, mas nada parecia funcionar. "Fiquei de muletas com uma perna que não andava", disse, em entrevista à BBC. 

Em 2018, ela tomou uma decisão radical. "Depois de seis anos de muleta, parecia que não havia nenhuma decisão a ser tomada, porque minha perna não estava funcionando. Escolhi ter a minha perna amputada abaixo do joelho. Eu não tinha nada a perder".

Após a operação, Shona recebeu uma prótese, e se adaptou bem. Enquanto fazia reabilitação, viu um anúncio da Força Aérea que oferecia ajuda a pessoas lesionadas, por meio de esportes. Entre eles, esqui. Ela se inscreveu e partiu para a Alemanha. "Seriam 10 dias para se divertir, mas esse foi o início da minha carreira".

A escocesa gostou do esqui alpino paralímpico e começou a treinar seriamente, até chegar à equipe britânica. Hoje, ela faz parte do programa de equipe de elite da Força Aérea do Exército, e já ganhou mais de 20 campeonatos.