Produtos vão faltar nos supermercados de Salvador nessa sexta, diz associação

Situação é crítica para hortifruti e granjeiro; preços subiram até 100% num dia

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  • Raquel Saraiva

Publicado em 24 de maio de 2018 às 18:21

- Atualizado há um ano

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Os bloqueios dos caminhões em estradas estaduais e federais na Bahia já estão afetando o abastecimento de mercados e supermercados em Salvador. Produtos perecíveis começam a faltar nos supermercados a partir desta sexta-feira (24), de acordo com a Associação Baiana de Supermercados (Abase).“A partir de amanhã (sexta) fica crítico. Especialmente no segmento de hortifruti e granjeiro, que tem abastecimento contínuo”, afirma Joel Feldman, presidente da Abase. Ele afirma que alguns produtos perecíveis estão com super preço e tiveram até 100% de aumento. “Não tem produtos em muitos locais, e quem tem tá aumentando o preço”, explica. 

Para produtos que duram em estoque, como itens de higiene e limpeza, ainda há disponibilidade de abastecimento por 15 dias. Entretanto, os perecíveis e os de giro rápido, que saem mais frequentemente e precisam ser continuamente repostos, têm situação complicada. 

“Os supermercados vão perder mercadoria de produtos de abastecimento contínuo e perecíveis a partir de hoje. A Ceasa, por exemplo, não tem mercadoria para amanhã”, afirma o presidente da Abase.

Dificuldades A rede de supermercados Walmart, que possui pelo menos 82 unidades no estado, confirmou a situação complicada no abastecimento de legumes, frutas e verduras. "Em virtude dos protestos que acontecem ao redor do país, o Walmart confirma que o setor de hortifruti passa por dificuldades no abastecimento". Frutas, legumes, verduras e outros produtos começam a faltar nos supermercados (Foto: Arquivo/Agência Brasil) O GBarbosa, o Mercantil e a Perini também confirmam problemas no fornecimento de mercadorias de giro rápido. “O GBarbosa/Mercantil/Perini estão atentos, acompanhando de forma proativa a situação junto aos fornecedores e esperamos que o abastecimento seja rapidamente normalizado para que a população não seja prejudicada pela falta de itens de consumo diário”, dizem as empresas, em nota.

O presidente da Abase informa também que a categoria não se opõe ao movimento dos caminhoneiros. “As redes de supermercados são solidárias ao movimento dos caminhoneiros, mas não temos mecanismos para suprir os abastecimentos das redes com os caminhões represados nas estradas. Não temos plano B, infelizmente”, comenta Feldman.

Gasolina também vai faltar  Quem correu para abastecer o carro em um dos postos de Salvador, nesta quinta-feira (24), tomou uma decisão realmente acertada, apesar das filas que chegaram a deixar algumas vias congestionadas. Segundo presidente do Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniência do Estado (Sindicombustíveis-BA), Walter Tannus, a cidade sofrerá com um completo desabastecimento, diante da paralisação dos caminhoneiros, já a partir dessa sexta (25)."A tendência é de agravamento da crise. Os postos continuam sem receber produto. O produto continua sem chegar. Creio que até o final do dia de amanhã (sexta) nenhum posto de Salvador terá mais combustível", comentou o representante dos empresários, que também é dono de postos de gasolina na capital.Ele criticou os donos de postos que se aproveitaram do aumento da demanda para aumentar os preços e ter lucros maiores. “O preço é livre. Mas eu entendo como cidadão que esse não é o momento de fazer isso. É o momento de cada um se sacrificar um pouco. A greve é justa", comentou Tannus. Ele disse ainda que "muitas redes de postos estão sem condições de sobreviver". Carros fazem longa fila para abastecer em posto em frente ao Centro Espanhol, na Barra (Foto: CORREIO) Tannus fez os comentários na tarde desta quinta, durante o Painel Combustível Legal, na Casa do Comércio. O evento, organizado pelo sindicato de donos de postos, reuniu representantes do segmento e autoridades para discutir o cenário atual do mercado de combustíveis na Bahia. No evento, foi mostrado como funciona a cadeia produtiva, explicando todo o processo, desde a refinaria até a bomba, e foi debatido o imposto único e o combate a fraudes. 

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier