Santo anjo: Veja como a fashiontech baiana conseguiu R$ 120 mil para criar a startup

Sócio da LOC, Filipe Tambon (centro) conta como conseguiu um investidor anjo e junto com Igor Tironi e João Bittencourt criaram um negócio gastar nem R$ 1 real

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  • Priscila Natividade

Publicado em 5 de abril de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

Não dá para imaginar quem nunca pensou duas vezes antes de repetir a mesma roupa em um evento. Há também quem diga que não tem roupa para essa ou aquela ocasião, ainda que só usou aquele vestido de festa uma vez só. Foi nessa conversa com a irmã Lara e a prima Cecília, que o empreendedor Igor Tironi enxergou que o que elas queriam não era necessariamente mais uma peça no guarda-roupa e sim um serviço que resolvesse aquele dilema que a mulherada passa entre vestir esse ou aquele look. 

Foi aí que Igor se juntou aos amigos João Bittencourt e Filipe Tambon e juntos criaram a  fashiontech baiana, a  LOC, um aplicativo de moda compartilhada que intermedia o aluguel de roupas e acessórios de pessoa para pessoa. “Havia ali uma ‘dor permanente’, pois existe hoje o interesse por utilizar múltiplos produtos, não mais como compra e sim como serviço. Nós que trabalhamos com tecnologia enxergamos os problemas como pregos e a tecnologia como um martelo para executar essa visão”, afirma o sócio Filipe Tambon.

Eles começaram esse negócio sem tirar um tostão do bolso: a estratégia de buscar um investidor anjo deu certo e eles foram ‘abençoados’ com R$ 120 mil para desenvolver a tecnologia da  LOC. No primeiro ano de operação (2018), a startup faturou R$ 150 mil – R$ 30 mil a mais que o investimento inicial. Em 2019,  o faturamento da   LOC  mais que triplicou e já alcançou um crescimento de 400% no aluguel de peças, em comparação ao ano anterior.

“Antes mesmo de decidir por um empréstimo no banco ou por buscar um investidor, minha dica é que o empreendedor avalie o momento do seu negócio. O momento exato precisa ser avaliado. Optar por um investidor é uma grande vantagem para quem está iniciando, pois além de injetar dinheiro, eles também auxiliam  na gestão”. 

Graça alcançada

Mas onde estão esses investidores? Segundo Filipe, o grande mercado está em São Paulo, porém, Salvador vem desenvolvendo seu próprio ecossistema. “Eles estão por toda parte. Então não se limite apenas aos encontros de empreendedores, startups e às competições de planos de negócios, converse com amigos, conhecidos. Saiba falar sobre o seu negócio de uma forma clara e sucinta. Você tem que trazer o modelo concreto com pontos chaves fortalecidos: Operação, fluxo de caixa, fonte de receitas, suporte ao cliente. Ninguém compra mais uma grande ideia ‘apenas’ porque existe um propósito”, diz. 

Em uma geração em que tudo (ou quase tudo) se vende, troca ou compartilha, o crescimento em escala ao pensar o negócio que estimula a economia colaborativa e o consumo consciente foi fator determinante para conquistar o ‘amém’ do anjo. “É um caminho sem volta. Nascemos numa geração que é essencialmente colaborativa. Diversos fatores socioeconômicos nos conduziram a isso. Existe um interesse genuíno de se construir um mundo melhor. Acho que porque sentimos que pode ser uma última chance”, analisa Tambon.

Em dois anos de operação a LOC movimentou mais de R$500 mil em negócios e têm 20 mil usuários ativos na plataforma que, após expansão, tem atuação em seis estados do país, além da Bahia, entre eles São Paulo, Amazonas, Rio Grande do Sul, Paraíba, Pernambuco e Piauí.

“É sempre sobre pessoas. Sobre ler pessoas, reunir pessoas e convencer pessoas. Definitivamente não conseguimos enxergar outra visão para o que fazemos. Apesar de sermos três rapazes, a voz interna do LOC é 85 % feminina. Eu não enxergo que o mundo tenha uma barreira muito grande de gênero. Escutamos nossa comunidade e nosso próximo passo deverá ser o mundo masculino e infantil”.

No meio do caminho até os três dígitos, é essencial ter uma boa equipe assim como saber ouvir um não, como destaca ainda Filipe: “Não somos perfeitos. A gente erra muito, mas é um jogo muito rápido de erros e acertos. São muitos ‘nãos’. Você tem que estar pronto para isso, faz parte do jogo”, completa.

E ligue até para a Luiza da Magalu, se for preciso. “A gente tem uma brincadeira de que podemos ligar para qualquer pessoa. E podemos mesmo. Outro dia quase liguei para Luiza Trajano (Magazine Luiza), eu gosto do modo como eles tocam o Magalu, mas depois desistimos (risos). Tudo começa com uma iniciativa. Essa iniciativa parte de um princípio básico da própria vida, o de você produzir a sua oportunidade”. 

ENCONTRE SEU ANJO

Encontre seu anjo Não basta só ter um propósito ou uma boa ideia de negócio. Tem que fortalecer pontos chaves como pontos chaves fortalecidos: Operação, fluxo de caixa, fonte de receitas, suporte ao cliente.

Resolva um problema Uma ideia empreendedora dá certo quando ela chega para resolver uma demanda ou necessidade. 

Inovar é preciso Não é criar o aplicativo pelo aplicativo, mas ofertar um serviço de qualidade, ouvir seu público e, principalmente, montar uma estratégia que permita sua expansão e crescimento em escala. 

Tendência Entenda o mercado. A economia colaborativa está aí oportunizando trocas, alugueis, experiências e mais.