Servidora acusada de matar ex-marido irá para cela especial no Conjunto Penal de Feira

Além de servidora pública aposentada do TJ-BA, Gláucia Mara é advogada

  • Foto do(a) author(a) Yasmin Garrido
  • Yasmin Garrido

Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 17:51

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

A servidora pública aposentada do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Gláucia Mara Ottan De Souza Machado e Ferraz, 47 anos, presa no último dia 14 de fevereiro, acusada de planejar e ser a mandante do assassinato do ex-marido, o advogado Júlio Zacarias Ferraz, 43, pode ser transferida a qualquer momento para o Conjunto Penal de Feira de Santana. Gláucia foi presa na quinta-feira (14) (Foto: TV Bahia/Reprodução) A decisão, que foi publicada nesta terça-feira (26) no Diário Eletrônico do Tribunal de Justiça da Bahia, é assinada pelo juiz Gustavo Teles Veras Nunes, da Vara Crime de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, onde o processo tramita.

Em conversa com o CORREIO, o magistrado afirmou que, no pedido de transferência, Gláucia deve ser colocada em uma cela especial, em razão da prerrogativa da função - por ser advogada. O juiz também destacou que, atualmente, a servidora está detida na Cadeia Pública do município do Centro-norte baiano.

No entanto, os advogados de Gláucia, pretendem recorrer do encaminhamento dela ao sistema prisional. Segundo o juiz, eles manifestaram interesse de entrar com um pedido de relaxamento de prisão, solicitando a soltura da servidora pública.

“Caso eles entrem com esse pedido, eu terei de encaminhar ao Ministério Público antes de tomar qualquer decisão”, disse Gustavo Nunes. Ainda segundo o magistrado, não se sabe quando Gláucia vai ser transferida para o sistema prisional, uma vez que o Conjunto Penal ainda não manifestou ciência da decisão. Gláucia não aceitava partilha de bens (Foto: Reprodução) Relembre o caso O advogado Júlio Zacarias Ferraz foi encontrado morto no dia 5 de fevereiro deste ano, 21 dias após ser dado como desaparecido. O corpo dele foi encontrado na localidade de Oliveira dos Campinhos, em Santo Amaro, município no Recôncavo da Bahia, sem roupas, com as mãos amarradas e com duas perfurações de tiros. Júlio sumiu no dia do seu aniversário e foi encontrado morto 21 dias depois(Foto: Reprodução) A Polícia Civil informou que o corpo do advogado estava no Instituto Médico Legal (IML) de Santo Amaro desde o dia seguinte ao desaparecimento, mas foi reconhecido apenas 20 dias depois, após ser localizado pela família.

Júlio foi enterrado na cidade de Vitória da Conquista, no Sudoeste baiano, onde a família dele mora. Nesta quinta-feira (14), a ex-mulher dele, Gláucia, além da empregada dela, foram presas, acusadas de participação no homicídio.

A ex-servidora do Tribunal de Justiça da Bahia, que tem um longo histórico de acusações no estado, foi apontada como mandante do crime, enquanto a empregada é acusada de ter contratado os homens para matar o advogado. Segundo a funcionária, ela foi ameaçada para realizar a ação.

De acordo com a polícia, Gláucia estava separada de Júlio há seis anos, sem, no entanto ter assinado o divórcio. Ela não aceitava a partilha de bens proposta e, para resolver a situação, teria contratado dois homens para matar o advogado. Cada um deles recebeu R$ 2 mil.

Um dos suspeitos foi preso em Feira de Santana, na noite de sexta-feira (22). Cleidson Marques Vasconcelos, 35, é apontado como um dos executores do crime – ele teria sido contratado por Glaucia.  

O casal tem dois filhos, de 11 e 13 anos.

Falsa juíza Não bastassem todos os processos, Gláucia também ficou conhecida como "falsa juíza" em maio de 2018.

Ela se aposentou do TJ-BA em agosto de 2014 mas, durante a paralisação dos caminhoneiros, que causou um caos no país e fez com que a população disputasse o que sobrou de gasolina nos postos de combustíveis, a ex-servidora tentou passar na frente de outras pessoas que estavam na fila de um estabelecimento de Feira de Santana, se passando por juíza.

*Com orientação da editora Mariana Rios