Sherlock Holmes não existiu? Internautas ficam surpresos ao descobrir que detetive é fictício

A descoberta foi motivada pelo lançamento do filme com irmã do detetive

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  • Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2020 às 10:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A estreia do filme Enola Holmes na última quarta-feira, 23, sobre uma irmã mais nova do famoso detetive britânico Sherlock Holmes, causou discussão entre fãs da obra de Sir Arthur Conan Doyle e rendeu até mesmo processo para a Netflix. No entanto, um dos efeitos surpreendentes do filme foi levar alguns usuários do Twitter no Brasil a descobrir, nesta terça-feira, 29, que nem Enola nem seu irmão mais famoso, Sherlock, existiram na vida real.

O enredo da produção gira em torno da procura de Enola, interpretada por Millie Bobby Brown (Stranger Things), por sua mãe desaparecida, vivida por Helena Bonham-Carter (The Crown). O papel de Sherlock ficou com Henry Cavill (Liga da Justiça).

Tão logo o primeiro trailer do filme estreou, a discussão sobre a liberdade de criar novos enredos a partir da obra de Conan Doyle teve início. Isso porque em nenhum dos livros do autor britânico, escritos entre 1887 e 1927, Sherlock tem uma irmã. Na verdade, o gênio possui apenas um irmão mais velho, Mycroft, que no filme da Netflix ficou a cargo do ator Sam Claffin (Jogos Vorazes).

Diante da repercussão do longa, alguns usuários do Twitter decidiram pesquisar mais sobre a irmã mais nova de Sherlock, desconhecida em comparação com o membro mais famoso da família Holmes. O insólito, no entanto, foi que vários usuários, ao realizarem a pesquisa, descobriram que Sherlock também não existe. Ambos são criações puramente literárias, e não personagens baseados em figuras reais, como eles afirmavam acreditar.

A surpresa foi bastante comentada no Twitter na manhã desta terça e fez até o perfil da Netflix Brasil, conhecido pelo tom descontraído, entrar na brincadeira. Mas, afinal, de onde vem Enola Holmes? E por que querem processar a Netflix? Vamos entender

Sherlock, Mycroft e as irmãs de Sherlock Enola Holmes é criação da escritora estadunidense Nancy Springer. Em seu primeiro livro, O caso do marquês desaparecido, lançado em 2006, Enola é uma menina de 14 anos que descobre que a mãe desapareceu. Ela procura então os dois irmãos, Sherlock e Mycroft, para ajudá-la no caso.

A personagem faz parte de uma série de seis livros de mistério policial que vão inspirar justamente a sequência de filmes produzidos pela Netflix. Nas telas, a Enola de Milly Bobby Brown é mais velha, tem 16 anos, e é treinada por sua mãe para saber lutar, o que não acontece nos livros.

Ao longo dos 40 anos em que publicou as histórias do sr. Holmes, sir Arthur Conan Doyle jamais mencionou outro irmão ou irmã para Sherlock além de Mycroft, que aparece em três obras. No entanto, não é a primeira vez que uma adaptação para as telas acrescenta um membro à família.

Entre 2010 e 2017, a série Sherlock, produzida pela BBC e atualmente disponível na Netflix, arrebatou fãs do mundo inteiro ao trazer as aventuras do detetive para o século XXI, interpretado pelo ator Benedict Cumberbatch, conhecido pelo papel de Doutor Estranho na Universo Cinematográfico Marvel. (Foto: Divulgação) Com apenas quatro temporadas de 3 a 4 episódios cada e sem perder aquele tradicional charme britânico, a série traz personagens conhecidos como o médico e famoso parceiro de Sherlock, John Watson, vivido por Martin Freeman (Fargo). Mycroft (Mark Gatiss, de Game of Thrones) também dá as caras, assim como o infame vilão Jim Moriarty (Andrew Scott, de Fleabag).

O último episódio surpreendeu ao introduzir Eurus Holmes, uma irmã superinteligente de Sherlock mantida presa pelo perigo que representa aos demais graças a suas capacidades. Ela é descrita como a mais inteligente dos três irmãos e foi uma sacada da BBC a partir de uma frase da coletânea O último adeus de Sherlock, em que Watson diz: “É melhor fechar as janelas. Tem um vento leste vindo”. A referência é a Euro, o vento leste da mitologia grega, descrito por Horácio como um vento furioso.

Família Conan Doyle processa Netflix A mudança no cânone da família Holmes com a adição de Enola desagradou os herdeiros de Conan Doyle, que entraram na Justiça contra a Netflix. A partir de 2014, parte da obra do britânico entrou em domínio público, e outra parte está sob controle da família. Segundo a revista Superinteressante, entre essas duas partes, uma das principais mudanças é justamente em Sherlock.

Conhecido por seu metodismo e trejeitos mecânicos na primeira parte da obra de Conan Doyle, Sherlock Holmes passou por transformações a partir de 1918, quando o escritor perdeu seu irmão e seu filho na Primeira Guerra Mundial. A partir daí até a sua morte, o autor descreveu um Sherlock mais humano, mais simpático - justamente o Sherlock descrito pela estadunidense Nancy Springer em seus livros e retratado no filme de Enola na Netflix.

Os direitos deste Sherlock humanizado continuam sob domínio da família, que recorreu aos tribunais alegando infração de direitos autorais e das marcas registradas do autor com as alterações dos “traços emocionais” promovidas durante a produção do longa com Millie Bobby Brown.