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Daniel Silveira
Publicado em 26 de setembro de 2018 às 07:00
- Atualizado há 2 anos
Em O Tempo Não Para (novela das 19h da TV Globo), as joias de crioula criaram uma confusão entre a ex-escrava Cesária (Olivia Araujo) e a bióloga Monalisa (Alexandra Richter).>
Mais tarde, em Segundo Sol (trama das 21h da emissora, que se passa em Salvador), as peças estão nos pescoços e punhos das personagens de Giovanna Antonelli, Adriana Esteves, Deborah Secco, Letícia Colin, Maria Luisa Mendonça, entre outras.Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e pets: E, se hoje elas fazem sucesso no horário nobre da televisão, foi por volta do fim do século XVII e início de XVIII que elas começaram a surgir nos colos e braços de mulheres negras alforriadas - ou daquelas que estavam em vias de se alforriarem.>
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Quem conta essa história é a pesquisadora Simone Trindade, autora de uma dissertação de mestrado sobre balangandãs, um dos tipos dessas joias de crioulas. >
“Elas são emblemas de liberdade e foram usadas por um grupo que não só conseguiu sua libertação, mas também ascensão social e econômica em uma sociedade machista e racista”, aponta. Segundo Simone, as peças são "emblemas de liberdade" (Foto: Angeluci Figueiredo/Arquivo CORREIO) “Eram o que chamaríamos hoje de mulheres empreendedoras. Essas negras de ganho dominavam o comércio de rua em Salvador”, afirma a pesquisadora. Era com o dinheiro desse trabalho que elas faziam as peças. Inclusive, com os mesmos ourives das mulheres mais ricas. >
Características De acordo com Simone, tratam-se de versões mais populares das joias de colônia, usadas por moças de classes sociais mais altas. As peças eram, em sua maioria, de ouro, com exceção das pencas de balangandãs - feitas, na maior parte das vezes, em prata.>
Além disso, muitas usavam coral como complemento, destaca Simone. “Essas joias estavam muito associadas à proteção também, pois são de um tempo em que a magia tinha muita força”. As pencas de balangandãs eram, em sua maioria, feitas em prata (Foto: Angeluci Figueiredo/Arquivo CORREIO) Por isso as pencas de balangandãs levam os mais diversos elementos e patuás que remetiam à fé. “Além de joias, elas são conjuntos de objetos mágicos que chamamamos de amuletos e talismãs, usados para pedir proteção e atrair bons presságios”, continua Simone.>
Hoje em dia Depois de um declínio no uso durante a segunda metade do século passado, com a grande repercussão criada pelas produções televisivas, as joias de crioula voltaram a cair no gosto do público. E ainda continuam sendo buscadas por quem quer proteção. >
A joalheira Lucia Lima, que produziu grande parte das peças de Segundo Sol, lembra que muitos de seus clientes compram suas joias com o intuito de se manterem protegidas e atrair boas energias. Além de Lucia, é possível encontrá-las em outros espaços aqui mesmo na capital. Dá uma olhada abaixo para achar o melhor caminho. Peças de Lucia Lima são inspiradas nas joias de crioula (Foto: Renato Santana/CORREIO) Onde achar?>
Museu Carlos Costa Pinto Se você quer apenas conhecer mais um pouco dessas peças, basta visitar o museu, que fica no Corredor da Vitória. O espaço possui o maior acervo do Brasil, contando com 130 joias de crioula, que incluem anéis, pulseiras e colares, e 27 pencas de balangandãs. O lugar abre às segundas e de quarta a sexta-feira, das 14h às 19h, e nos sábados, das 14h30 às 18h. Não funciona aos domingos, terças e feria- dos; e tem ingressos a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). >
Antiquário Joias de Crioula Na Rua Ruy Barbosa, no Centro Histórico, a loja especializada em antiguidades vende algumas peças e pencas de balangandãs em ouro e prata a partir de mil reais.>
Atelier Lucia Lima A designer de joias pernambucana radicada na Bahia desenha peças inspiradas nos acessórios do século XVIII. Lucia Lima faz suas criações de forma personalizada, principalmente os balangandãs - que podem ter quantos pingentes o cliente desejar. A partir de mil reais, dá para levar uma corrente de prata. À medida que se colocam berloques, o preço aumenta. Dá para encomendar com a designer diretamente pelo telefone (71) 99972-6303.>
Carlos Rodeiro Assim como Lucia, o designer se inspira nas peças antigas para criar outras mais modernas. Suas pencas custam, em média, R$ 20 mil e podem ser compradas nas lojas de sua marca no Shopping Barra. >
Mercado Modelo Se você procura joias de crioula com preços mais acessíveis, vá ao Mercado Modelo. Não tem erro. Já no térreo, procure pelo box de Magno Oliveira. O rapaz, que já soma mais de 30 anos no local, vende anéis, figas, pulseiras e balangandãs. O preço? A partir de R$ 70 (anéis), sendo que a peça mais cara sai por R$ 350 (balangandã).>
Depois que passar lá, pode subir para o primeiro andar, onde duas mulheres trabalham com as joias: Lúcia Amorim e Luzia Ladeia. A primeira, professora aposentada, trabalha muito com búzios. Os brincos, feitos de prata 90, saem por R$ 12. Já Luzia, que só trabalha com prata maciça, tem preços entre R$ 25 (figas) até R$ 450 (braceletes). >