Superaquecimento em cabos foi causa de apagão no Aeroporto de Salvador

Problema durou 4h30 e impactou 23 voos

  • D
  • Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

As mais de quatro horas de calor, desinformação, voos cancelados e atrasados anteontem, no aeroporto internacional de Salvador, tiveram como causa um superaquecimento de um dos cabos subterrâneos que levam a energia para o local. A Coelba afirmou ontem que o apagão teve a duração de 4h30 por conta da dificuldade de acesso ao local, de mata fechada.

“Um ponto aquecido em um dos cabos se partiu e deixou de fazer a conexão para a continuidade do fluxo da energia”, explicou a Coelba, em nota. Os técnicos da empresa iniciaram uma “inspeção termográfica” após o apagão, para avaliar outros pontos quentes e evitar novas interrupções.

O aeroporto é suprido por duas subestações: a de São Cristóvão e a de Itinga, mas a de São Cristóvão estava em manutenção e não pôde suprir a necessidade de fornecimento de energia. Foto: Evandro Veiga/ Arquivo CORREIO A coordenadora da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), a engenheira eletricista Cristina Silveira, disse que os cabos não “rompem de uma hora para outra”. “Exceto nos casos de redes demasiadamente velhas e sem a devida manutenção”. De acordo com a Coelba, o cabo foi rompido por conta do superaquecimento.

Cristina Silveira também destacou que a ocorrência de apagões pela terceira vez em um mesmo ano “merece um novo enfoque na busca de soluções que possam minimizar o risco de novos eventos”. Desde janeiro, quando a Vinci Airports assumiu a administração do equipamento, foram três apagões. O primeiro, em 22 de janeiro, teve a duração de 2h20 e ocorreu por conta de um problema técnico no circuito subterrâneo do terminal.O segundo, em 26 de junho, ocorreu após rompimento de um cabo subterrâneo provocado por obras do aeroporto. Foram 17 minutos sem energia.

Demora Apesar de possuir um gerador próprio, a Vinci Airports, administradora do aeroporto, só o colocou em execução mais de uma hora após a interrupção do fornecimento de energia pela Coelba. 

De acordo com a Vinci, a demora se deu por conta de condutas de segurança necessárias. “Como ainda não se sabia a causa da interrupção, uma investigação foi feita antes para evitar o risco de curto-circuito, queima de equipamentos ou outros incidentes mais graves envolvendo eletricidade. A equipe de manutenção priorizou garantir a segurança dos passageiros", explicou a administradora, em nota.

"Às 2h50, a Coelba entrou em contato informando que a causa da falta de energia foi o rompimento de um cabo da linha de transmissão que alimenta o Aeroporto. Como não havia mais riscos, o gerador foi acionado de imediato”, explicou a Vinci, ressaltando que a queda de energia não ocorreu de forma geral e que, inicialmente, foi informada pela Coelba que não havia falhas na transmissão de energia.

O gerador instalado no Aeroporto de Salvador garante o funcionamento da iluminação no Terminal de Passageiros, raio-x, esteiras, check-ins e sistemas das companhias aéreas. O sistema de ar-condicionado e a iluminação das lojas, por exemplo, não são supridos por ele.

A Coordenadora da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica, Cristina Silveira, afirmou que o ideal seria que a Vinci investisse na geração de energia própria “para garantir  um mínimo de autossuficiência energética diante de situações como estas”. 

De acordo com a Vinci, a geração de energia limpa está prevista nos planos de ampliação e modernização do aeroporto. “A instalação de painéis fotovoltaicos (geradores de energia solar), bem como outras medidas em processo de implantação, fazem parte do compromisso da rede Vinci Airports com a sustentabilidade global”, disse a empresa.  Processo administrativo O processo administrativo que foi aberto na segunda-feira (15) pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pediu informações sobre o ocorrido já foi respondido pela Vinci Airports. A Anac confirmou o recebimento nessa terça-feira (16) e afirmou que o material está sendo analisado pela Agência. “(A Anac) irá verificar se houve descumprimentos ao contrato de concessão. Ao fim do processo, a concessionária poderá ser multada em percentual do seu faturamento anual, calculado com base no impacto causado na prestação do serviço aos passageiros, entre outros aspectos”, explicou a Anac, também em nota.

A Coelba complementou que possui um Plano Anual de Manutenção e Inspeção da Rede Elétrica, que estabelece atividades durante todo o ano para garantir a confiabilidade do sistema e a qualidade do fornecimento. Em 2017, foram gastos R$ 3,94 milhões com o ordenamento de cabos de uso mútuo. Foram ordenados 40,4 quilômetros de rede e removidos 8,5 quilômetros de cabos.