Técnico da seleção, Goto diz que abusos eram tratados como boatos

Segundo ginastas, coordenador-chefe da seleção brasileira fazia piadas sobre as agressões

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  • Da Redação

Publicado em 1 de maio de 2018 às 15:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/ GBG

Coordenador-chefe da seleção brasileira de ginástica, Marcos Goto se manifestou nesta terça-feira (1º) sobre a denúncia de abuso sexual contra o ex-treinador Fernando Lopes de Carvalho. Em pronunciamento, Goto afirmou que os casos de abuso eram tratados como boatos.

O pronunciamento de Marcos Goto aconteceu depois que atletas relataram que ele tinha conhecimento das agressões praticadas por Fernando de Carvalho Lopes, mas que em nenhum momento tomou providências e ainda fazia piadas sobre a situação.

"Os fatos narrados nessa matéria, que ocorreram há mais ou menos 12 anos, como foi dito por vários declarantes, eram tratados como boatos e podem ter gerado algum tipo de gracejo na época por muitos envolvidos na ginástica, inclusive entre os próprios atletas oriundos de São Bernardo do Campo, acolhidos por mim em São Caetano do Sul. Tanto parecia boataria que alguns atletas, alguns inclusive ouvidos na matéria, retornaram a treinar em São Bernardo com o mesmo treinador aqui dito", afirmou Goto.

O coordenador afirmou que não era a sua função fazer a gestão de pessoas na seleção brasileira, e que essa será a única vez que ele se manifestará publicamente sobre o escândalo.

"Eu e o referido treinador fazíamos parte da seleção brasileira na mesma função entre os anos de 2014 e 2016, não tendo como atribuição a gestão de pessoas e sim a preparação do meu atleta para os Jogos Olímpicos. Essa função é dos superiores hierárquicos e da própria instituição verificar os antecedentes dos seus contratados", continuou Goto no pronunciamento.

A denúncia contra o técnico Fernando de Carvalho Lopes foi feita por uma reportagem do Fantástico, da Rede Globo, no domingo (29). A investigação sobre o caso está em curso há dois anos. O treinador já havia sido afastado do time nacional em julho de 2016, um mês antes dos Jogos Rio-2016. 

O nome mais conhecido entre os denunciantes é o de Petrix Barbosa, medalhista de ouro na competição por equipes dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara-2011. Fernando foi o primeiro técnico dele, no Mesc, em São Bernardo do Campo (SP). Eles trabalharam juntos por seis anos. Aos 13, o atleta não aguentou e resolveu sair. O treinador nega as acusações.

Confira o pronunciamento de Marcos Goto na íntegra: 

'Sou o treinador mais vitorioso do Brasil, conhecido pela minha rigidez, profissionalismo e disciplina em busca dos melhores resultados para o meu país, fazendo o trabalho de desenvolvimento da modalidade em todas as categorias desde 1990 conduzindo milhares de crianças e adolescentes sem nenhuma intercorrência negativa nesse período. Os fatos narrados nessa matéria, que ocorreram há mais ou menos 12 anos, como foi dito por vários declarantes, os fatos eram tratados como boatos e podem ter gerado algum tipo de gracejo na época por muitos envolvidos na ginástica, inclusive entre os próprios atletas oriundos de São Bernardo do Campo, acolhidos por mim em São Caetano do Sul. Tanto parecia boataria que alguns atletas, alguns inclusive ouvidos na matéria, retornaram a treinar em São Bernardo com o mesmo treinador aqui dito.

Eu e o referido treinador fazíamos parte da seleção brasileira na mesma função entre os anos de 2014 e 2016, não tento como atribuição a gestão de pessoas e sim a preparação do meu atleta para os Jogos Olímpicos. Essa função é dos superiores hierárquicos e da própria instituição verificar os antecedentes dos seus contratados. Sobre a nota emitida pela CBG, serve esta declaração como a única que darei sobre esses fatos, visto que na época não prestava serviço a mesma, sendo única e exclusivamente um treinador do meu clube, assumindo a coordenação técnica das seleções brasileiras em 2017.

Acho leviano o tom da matéria em relação à minha pessoa, onde o principal foco foi esquecido e os verdadeiros responsáveis e omissos estão acobertados. Para finalizar, sou totalmente contrário a qualquer vítima de assédio, discriminação e intolerância, inclusive, assim que fui nomeado coordenador da seleção brasileira em 2017, iniciamos juntamente com o Comitê Olímpico e a CBG o primeiro código de ética na ginástica tendo como principal finalidade proteger e orientar os atletas.

Também organizamos o primeiro seminário da ginástica no país, onde discutimos vários temas inerentes à modalidade, inclusive assédio. Neste seminário estavam os principais treinadores e coordenadores dos clubes do Brasil.

Obrigado'.