Tecnologia favorece a sustentabilidade

Captura e leitura de dados miram o uso consciente da recursos naturais e o aumento de produtividade em diferentes setores na Bahia

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  • Edvan Lessa

Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Allan Christian/Divulgação

A nuvem vista no céu campo onde se produz alimentos não é somente a que faz chover. Hoje, uma nuvem de dados irriga o produtor rural de informações. Por meio do armazenamento de dados e da computação, o agronegócio e outros setores que operam no mercado estrangeiro têm se tornado mais precisos e sustentáveis.

Há 25 anos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) atua com estações meteorológicas, sensores, implementos agrícolas com GPS, drone e uma série de outras tecnologias. Para a Silvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, usar dados de microclima, sistemas de alerta, com e sem automação, pode ajudar a planejar o plantio, a menor aplicação de  defensivos e reduzir a quantidade de água na irrigação. 

A experiência de Fabiano Borré, diretor de Café e Vinho da Fazenda Progresso, na Chapada Diamantina, o levou à conclusão de que o ganho de produtividade com o uso das tecnologias também contribui para a sustentabilidade. É possível saber, por exemplo, quanto de água se tem num determinado palmo de terra ou quantos litros serão preciso para irrigá-lo.  As inovações contribuem, assim, para minimizar a pressão sobre o consumo da água e favorece a planta, que recebe a água na medida exata.   A fazenda conta com uma concessão governamental para utilizar águas brutas da região bastante afetada pela estiagem. “Usamos medidores de vazão para comprovar que estamos retirando e utilizando o volume de água que nos foi outorgado. Muitas vezes, sobra água”, garante Borré.

Agenda 2030

De acordo com Jorge Soto, diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, a eficiência não pressupõe apenas a dimensão ambiental – ou estritamente dos recursos hídricos. “Vai muito além; tem as questões econômicas e sociais e isso foi bem estabelecido pela agenda 2030 da ONU”, diz.   “A capacidade de processamento [de dados]  ajudou o desenvolvimento de produtos de origem biomaterial; a Braskem investiu muito nisso”.  Um exemplo é o biopropanodiol, cujas inovações possibilitaram mais produtividade e valor de investimento dezenas de vezes menores ao longo de duas décadas. “A inteligência Artificial, o uso de modelos estatísticos e matemáticos mais inteligentes têm ajudado a Braskem na manutenção preditiva”, explica Soto. Isso ajuda, ele diz, nos controles dos equipamentos e processos para decidir, por exemplo, sobre o consumo de energia. Na sua visão, outro caminho  para a sustentabilidade é recorrer à desmaterialização, alternativa ao modelo de produção e consumo que esgota recursos ambientais. 

Mineração Na visão de Paulo Misk, CEO da Largo Resources e da Vanádio de Maracás, as empresas de  mineração geram tecnologias que tornam o mundo melhor. “As mineradoras fazem muito para compensar os impactos pontuais. Nós estamos muito preocupados em causar o mínimo impacto possível”, garantiu. “A maioria das empresas na Bahia tem algum tipo de empilhamento de rejeito a seco.  A Vanádio faz 50%”. Também presidente da Associação das Empresas de Mineração na Bahia (Sindimiba), Misk afirma que pensar em um mundo sustentável deve incluir a mineração, já que minérios como o níquel e o vanádio são matéria-prima para uma série de insumos tecnológicos.  Ele defende que o impacto do setor  no meio ambiente é reduzido. “Apenas 0,8% da água utilizada no Brasil é gasta na mineração. Na mineração já está incorporado o reuso e a utilização consciente”, fala.

Para além da água, a experiência inovadora de cinco empresas do Grupo Solví em Salvador e Região Metropolitana envolve a redução da emissão de metano, gás que acentua o  aquecimento global.  Bruno Caldas, gerente regional de tratamento e valorização de resíduos do grupo, ressalta que o manejo adequado e aproveitamento energético de resíduos sólidos os fez pioneiros. E ainda gerou a possibilidade de a empresa requerer créditos de carbono junto à ONU.   

O Fórum Agenda Bahia 2020 é uma realização do CORREIO, com patrocínio do Hapvida, parceria do Sebrae, apoio da Braskem, Claro, Sistema FIEB, SMARTIE, SINDIMIBA e  BATTRE,  apoio institucional da Rede Bahia e GFM 90,1.