'Tem histórias que nem eu sabia', revela Zico sobre livro que será lançado em Salvador

Ídolo do Flamengo conversou com o CORREIO e falou sobre tour do livro, Copa do Mundo, SAF e muito mais

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  • Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Diego Alves/@diegoalvesfotografia

Um dos maiores jogadores de futebol da história, Zico estará na capital baiana nesta quinta-feira (4) para uma noite de autógrafos no livro “A história de todos os gols de Zico”, às 18h, no Salvador Norte Shopping.

O evento acontecerá no Zico Park, uma exposição interativa sobre a carreira do ídolo flamenguista que chega pela primeira vez na cidade. A estrutura foi montada no piso L3. A obra, de autoria de Bruno Lucena, Marcelo Abinader e Mário Helvécio, custa R$ 200 e o encontro com o Galinho será exclusiva para quem adquirir o exemplar.

Ainda no Rio, o ex-jogador deu esta entrevista ao CORREIO por telefone. Durante o papo, Zico falou sobre o projeto do livro, que começou há quatro anos, com a ajuda dos amigos Bruno Lucena e Mário Helvécio, que trabalhavam no acervo histórico do Flamengo. As 280 páginas da obra registram de forma inédita todos os 690 gols oficiais do craque ao longo de sua carreira.

A tour do Zico Park e do lançamento do livro pelo Brasil é a realização de um importante projeto do ex-atleta, não só para estar próximos dos fãs, mas para homenagear um dos escritores, Bruno Lucena, que morreu no fim do ano passado por conta de um problema no coração. "Uma pena que meu grande amigo Bruno Lucena não está mais entre nós. No ano passado ele teve um problema no coração, faleceu e a gente lançou o livro agora em janeiro de 2022. Foi uma tristeza muito grande por esse lado", lamentou Zico na entrevista.

Ao fim da entrevista você confere todos os detalhes sobre o Zico Park e o lançamento do livro em Salvador.

No bate-papo, o ídolo do Flamengo também falou sobre seu gol mais marcante no rubro-negro, a preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo e analisou o atual cenário do futebol mundial. Zico contou o que mais tem chamado sua atenção no esporte e avaliou as mudanças nas gestões de clubes brasileiros com a chegada da SAF. 

Veja na íntegra a entrevista com ex-jogador Zico

CORREIO: Como foi pra você reviver tantas memórias que estão no livro? De que forma ele mexeu com você?

Zico: Eu fico muito feliz de poder estar levando pro Brasil inteiro esse livro, porque foi feito com muito carinho, com muito tempo de pesquisa e deu uma trabalheira muito grande. Lá no Flamengo eu tenho dois grandes amigos, o Bruno Lucena e o Helvécio Marinho, e eles trabalhavam no acervo histórico do Flamengo. Eles sabem tudo sobre o Flamengo e me procuraram, queríamos fazer um livro para que todo mundo conhecesse as histórias dos meus gols, e que seria diferente [de outros livros].

Então foi um trabalho muito legal, foram quatro anos conversando, pesquisando, contando algumas histórias que são legais em relação aos diversos gols que fiz. Esse é o tipo do livro que você deixa ali na mesa da tua sala e quando quer pesquisar alguma coisa dos meus gols você vai olhar e vai estar lá tudo certo, né? Situações que muitas vezes nem eu mesmo sabia, curiosidades legais, e por isso que eu estou fazendo questão de fazer essas noites de autógrafos. Já fiz no Rio, em Vitória, em Brasília, e agora em Salvador. Depois Aracaju, volto aqui no Rio e ainda tem muitos pedidos para outras cidades.

CORREIO: E por falar em gols, qual foi o que mais te marcou com a camisa do Flamengo?

Zico: O gol contra o Cobreloa, claro. É o gol que deu, naquele momento, o maior título da história do clube. E eu, como um bom rubro-negro, poder participar desse momento e fazer esse gol, não tem coisa melhor. Sem dúvida aquele foi um dos gols que eu mais comemorei."Eu sempre digo que durante tantos anos eu treinei faltas, mas se eu tivesse feito só aquele gol de falta já valeria a pena".Nota da redação: Zico fez os dois gols na vitória por 2x0 sobre o Cobreloa, do Chile, no terceiro jogo da final da Libertadores de 1981, disputado em Montevidéu. O de falta foi o segundo.

CORREIO: Como você observa a falta do camisa 10 no futebol atual? Acha que a dinâmica do futebol de hoje prejudica o jogador dessa posição? Ou acha que ele nunca deixou de existir?

Zico: Eu acho que se você tiver um jogador com esse estilo vai se arrumar um jeito de colocar ele para resolver o problema no jogo. Não é uma questão tática, não é nada. É uma questão apenas de ter jogadores com essas qualidades. É lógico que como não aparecem mais tantos jogadores assim na base, aí fica difícil você lançar, mas realmente tem alguns times que têm jogadores nessa posição, mesmo não sendo um jogador que possa alcançar o estrelato. Mas a função ela existe. Alguns times e alguns treinadores aboliram esse tipo de jogador, em relação a tática, como o Real Madrid, por exemplo. O Real é um dos melhores times do mundo, campeão de tudo, e joga em um sistema que não tem número dez. E isso não faz falta para eles.

CORREIO: Ficou mais difícil fazer gol de falta hoje em dia? Existe algo que atrapalhe mais, como a estatura dos jogadores, preparação dos goleiros?

Zico: Eu não acho que os jogadores ficaram tão altos assim, não. Não influencia em nada. O que eu acho, uma coisa que precisa estar atento, é a questão da distância da barreira. Isso sim é que pode dificultar. Eu acho que hoje não está se respeitando a distância correta da barreira. É lógico que os goleiros hoje, com treinamento específico, ganharam muito mais velocidade, tempo de reação, mas uma falta bem batida, dependendo da força e da velocidade, não dá para pegar. E eu também acho que falta muito treinamento hoje, isso sim. Repetição e repetição.

CORREIO: Ainda tem algo inédito que você queira viver no futebol? Algum cargo que queria desempenhar? Conquista?

Zico: Não, não tem. Graças a Deus eu tive o privilégio de passar por muitos cargos e isso sempre te dá uma vivência, uma experiência muito grande, de poder dialogar e poder responder até mesmo a vocês [repórteres] a respeito de diversas situações no futebol. Então sou uma pessoa que tem só que agradecer por tudo aquilo que eu vivenciei e vivencio até hoje no futebol.

CORREIO: Na sua opinião, como chega a Seleção Brasileira para a Copa do Mundo no Catar? Considera uma das favoritas?

Zico: Eu acho que não importa chegar como favorito ou não, acho que isso não leva a nada. Ainda mais em Copa do Mundo, onde o favoritismo não ganha competição. Eu acho que o Brasil está num momento bom. Tite deu muitas oportunidades aos jovens e eles corresponderam, isso eu acredito que tenha sido muito bom para ele. Então ele está com um material humano muito bom na mão e acho que o Brasil tem todas as possibilidades de voltar a conquistar o Mundial.

CORREIO: Consegue eleger um top 5 de favoritas para a Copa?

Zico: Ah, eu erro sempre (risos).

CORREIO: Prefere não arriscar, né?

Zico: Isso, prefiro não arriscar (risos).

CORREIO: Então mantendo ainda o assunto da Seleção, qual é a recordação que te agrada vestindo a camisa amarela? Qual o momento especial?

Zico: Minha estreia na Seleção foi inesquecível, né? Contra o Uruguai lá em Montevidéu. Não é fácil, a gente luta para chegar a uma situação como essa e poder vestir a camisa da Seleção Brasileira. Na minha estreia nós ganhamos de 2x1 e eu fiz o gol da vitória, de falta também. É uma falta que está marcada na minha carreira, que me deu uma confiança, segurança e uma autoafirmação muito grande na Seleção Brasileira. Então minha estreia é inesquecível.

Nota da redação: o jogo entre Uruguai x Brasil foi válido pela antiga Taça do Atlântico de 1976.

CORREIO: Os jogadores brasileiros estão protestando contra as mudanças na nova Lei Geral do Esporte antes dos jogos. O que você acha dela e do protesto dos atletas?

Zico: Acho que é sempre bom nas decisões tomadas dentro do futebol as pessoas que são da área poderem discutir isso, né? Então eles estão cobertos de razão.

CORREIO: Outro assunto em alta é a chegada das SAF ao futebol brasileiro, como deve acontecer em breve com o Bahia. Enxerga esse movimento como positivo?

Zico: Olha, isso aí não é de hoje. Eu sempre dou risada quando acham que a SAF vai ser a salvação do futebol brasileiro. Em 1991, quando fui secretário de esportes, que procuramos modificar a Lei do Esporte, para que pudesse modernizá-la, pudesse dar novas opções, poderíamos ter feito isso, transformando o departamento de futebol em empresa. Então, trinta e poucos anos depois a gente dá risada de achar que isso vai ser a salvação do futebol brasileiro."Eu acho que o mundo inteiro, a maioria dos grandes países e dos grandes clubes trabalham dessa forma. E o Brasil é diferenciado, lógico, tem seus clubes sociais, mas acho que o futebol profissional já deveria ter sido transformado em uma empresa há anos. A gente está atrasado em relação a isso".CORREIO: Existe algum clube, seleção ou treinador que te agrade pelo estilo de jogo? O que chama mais sua atenção hoje no futebol?

Zico: Eu gosto de ver futebol, qualquer futebol que esteja passando eu estou vendo. Não estou muito ligado se é esse ou aquele. Mas se tiver que escolher alguma coisa, eu escolho primeiro sempre a Premier League [liga da Inglaterra]. Em primeiro lugar é o futebol inglês porque é dinâmico, muito bem disputado e com grandes nomes. E acho que até mesmo a seleção da Inglaterra pode vir forte como já veio na Rússia [Copa de 2018]. É sempre muito bom ver o futebol inglês, independente de ser o Manchester City ou Crystal Palace. Eu gosto de ver futebol alemão, vejo futebol japonês, brasileiro, Séries B e A. Então eu estou no futebol e para estar falando com você aqui é bom sempre estar por dentro do que está acontecendo.

CORREIO: E o que acha sobre a briga pelo posto de melhor jogador do mundo? Neymar ainda concorre por um prêmio desse?

Zico: Eu vou torcer muito pro Neymar. Porque gosto muito dele, sou fã do futebol dele e tomara que ele possa ajudar o Brasil a ter mais uma grande conquista e possa ser eleito como o melhor do mundo.

Lançamento do livro 'A História de todos os Gols de Zico' com a presença do craqueData: quinta-feira (04/08)Local: Salvador Norte Shopping, piso L3Horário: 18hValor: R$ 200 | 280 páginas (autógrafos e fotos exclusivos para os compradores do livro)Exposição 'Zico Park' em SalvadorData:  01/08 a 21/08Local: Salvador Norte Shopping, piso L3Horário: Segunda a sábado, das 11h às 22h e domingo, das 12h às 21hIngressos: R$30, de segunda a sexta; e R$35, aos sábados e domingos ou notas fiscais no valor de R$200 em lojas do shopping ou R$100 no site de compras Salvador Norte Online (salvadornorteonline.com.br).