Versões musicais ganham força com burburinho das redes sociais

Famosa pelas 'paródias', a banda La Furia se inspira nas redes sociais para a produção de músicas

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Harfush
  • Vinicius Harfush

Publicado em 29 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Não há dúvidas que a música brasileira é  uma das mais diversas do mundo. Com vários  gêneros e muitas particularidades,  ganha força com a capacidade que o brasileiro tem de inventar e reinventar, sempre colocando um toque  local na melodia alheia.

E é por isso que as versões de canções internacionais dão o que falar. O lançamento de Juntos, versão de Paula Fernandes e Luan Santana  para o sucesso Shallow, de Lady Gaga, acendeu o debate sobre as adaptações, com uma dose de polêmica e muita tiração de sarro.   

A interpretação de Paula desagradou o público, que não perdoou a falta de sentido do refrão Shallow Now. As críticas não inibiram o surgimento de outras adaptações, como a da banda baiana  La Furia, que não perde tempo nem uma boa intriga.

Confira a versão da cantora sertaneja e da banda baiana

 

O sucesso que o grupo vem conquistando  está diretamente associado a dois fatores: uma fanbase extremamente ativa, que sugere músicas ou temas em alta na rede, e um esforço de sua equipe para se manter atualizado nas mídias sociais.

“Essa questão de pegar os memes da internet é uma coisa que foi estudada, a gente sempre buscou coisas de lá para transformar em música... nossos fãs sempre gostam e pedem para a gente fazer”, explica  o vocalista Bruno Magnata.

Se tá em alta, tem versão 

Magnata  também conta que na hora de compor as músicas busca destacar uma  palavra- chave ou o refrão (no caso de uma adaptação), justamente para criar uma conexão com o assunto do momento. Foi assim  com Fábio Assunção, Teile e Zaga e, mais recentemente, com Senta no Shallow Now -que chegou a ser retirada no Youtube, mas já foi liberada.

As letras da banda também geram bastante polêmica, seja pelo cunho sexista e machista ou  por palavras  chulas. Mas o pagodeiro entende que esse é um estilo que agrada o público e, no caso mais polêmico enfrentado pelo grupo, entrou em um acordo com o ator Fábio Assunção, em que doará o valor arrecadado com a canção para centros de recuperação da dependência química. A música Fábio Assunção foi um dos hits do verão e concorreu a música do Carnaval de Salvador (Foto: Arisson Marinho) Em outros casos menos alarmantes, as versões abrasileiradas não se apegaram a uma palavra ou verso, e sim à melodia da canção original. Nessa lista, entram composições como Faço Chover, Paulinha e Como Fui Me Apaixonar,  do grupo de forró Calcinha Preta. Todas são versões de hits internacionais, no caso de   Bruno Mars, Mariah Carey e Beyoncé. As versões, claro, foram feitas aproveitando o sucesso mundial das canções originais.

A nossa cara: confira seis músicas internacionais que foram abrasileiradas   

Feitas em série 

Apesar do burburinho recente - potencializado pelas redes sociais -  o produtor  Robson Nonato, que já trabalhou com  grupos como É o Tchan, Chiclete com Banana, Babado Novo e Olodum, lembra que o movimento das músicas adaptadas não é tão recente assim. “Isso sempre foi muito usado no mercado fonográfico. Muitas dessas versões surgiram de músicas gravadas há muito tempo”, afirma Robson. 

Nonato  recorda como as produções temáticas fizeram sucesso no Brasil, nas décadas de 80 e 90. “Alguns seguem em cima de temas. É o Tchan, por exemplo, imaginava uma estratégia também para os dançarinos e coreografia. Daí chamavam os compositores e falavam temas como o ‘Tchan na Selva’ ou ‘Tchan no Havaí’, então eles criavam como se fossem contratados por uma agência de publicidade”, completa.

*com orientação de Ana Cristina Pereira