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O motivo é a persistência de um sistema de alta pressão sobre o oceano
Gabriel Moura
Publicado em 6 de agosto de 2019 às 05:45
- Atualizado há um ano
Por conta do recorrente mar revolto em julho, os barcos de pesca passaram mais tempo nas areias do Rio Vermelho do que nas águas da Baía de Todos-os-Santos. O começo de agosto também não dá sinais de melhora. No domingo (4), a Marinha do Brasil emitiu um sinal de alerta até essa quarta-feira (7), com ondas entre 3 e 4 metros de altura - o equivalente a uma casa de dois andares - e ventos de até 74 km/h na costa do Nordeste, entre os estados da Bahia e Rio Grande do Norte. “Eu pesco há 30 anos e nunca vi um mês de julho igual a esse. Só fui pro mar umas três, quatro vezes e geralmente saio entre 10 e 15 vezes neste período do ano. Para pagar as contas, estou tendo que fazer bicos, porque pescando não dá”, contou o pescador Raimundo Nonato, 50 anos, que tem visitado a Colônia de Pescadores apenas para jogar conversa fora e 'tomar uma'.O motivo do mau tempo é a persistência de um sistema de alta pressão sobre o oceano, ou seja, o ar na atmosfera se movimenta constantemente, com giros de centenas e até milhares de quilômetros de diâmetro. Com isso, a depender da direção de rotação (horário ou anti-horário), formam no seu interior os centros de alta e baixa pressão.
Entretanto, meteorologistas dizem que este é um fenômeno climático normal, que ocorre praticamente todos os anos na Bahia. Especificamente, o que está causando as ondas e a ventania observadas até essa quarta é um campo de alta pressão que está agindo na altura do Sudeste e que tem uma grande pista de ação, que empurra a energia para a região Nordeste.“Nesta época do ano tem esta ação sobre o oceano trazendo ventos fortes do mar para a costa, fazendo com que as águas fiquem agitadas. Geralmente, isso ocorre após uma frente fria, o que se deu em Salvador. O que não está sendo comum é a frequência com que o fenômeno tem ocorrido neste ano. Uma explicação possível é a atuação do ‘El Niño’, que deixou as chuvas irregulares nos últimos anos”, explica a meteorologista Diva Cordeiro.Enfrentando o mar há mais de 50 anos, o pescador Milton Santana, 66, já está acostumado com as dificuldades do inverno soteropolitano. “Entre junho e setembro, sempre temos que esperar as águas se acalmarem e pedir a Deus e Iemanjá para nos abençoar para que possamos subir nos barcos e buscar o nosso sustento”, conta Raimundo.
Alerta aos banhistas Quem planeja dar um mergulho nas praias de Salvador entre esta terça e quarta-feira também precisa ficar atento:“A indicação é que os banhistas procurem praias com um salva-vidas para indicá-los o melhor lugar para tomar banho. Todos os locais possuem seus riscos, mas o maior número de acidentes ocorre em Jardim de Allah, Praia do Flamengo e Stella Maris. Além disso, é sempre importante respeitar o mar e suas limitações físicas. Não misturar bebida alcoólica com lazer e sempre ficar atento”, explica o chefe do setor de salvamento da Salvamar, Januário Brito.*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier