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Da Redação
Publicado em 8 de março de 2016 às 19:13
- Atualizado há 2 anos
Camicase foi apresentado na 12ª Delegacia (Itapuã) (Foto: Divulgação)O ajudante de pedreiro Tiago Cruz dos Santos, o Camicase, 23 anos, acusado de participar do assassinato do servidor do Inema Marceluan Dantas Magalhães, 40, na sexta-feira (4), em Itapuã, confessou a participação no crime e contou que antes de matar o servidor, encomendou a arma do crime e só depois escolheu a vítima. >
O segundo envolvido na morte, Rodrigo Cruz Machado, o Melequinha, de 23 anos, se apresentou na 12ª Delegacia (Itapuã) na tarde desta terça-feira, depois de ver sua foto circulando na imprensa.Junto com Melequinha, Camicase agrediu e atirou no trabalhador. Roubou seus pertences. Voltou para casa a pé, próximo ao local do crime e continuou vivendo como se nada tivesse acontecido. Até ser preso na tarde de segunda-feira (7) pelos agentes do setor de Investigação da 12ª Delegacia.>
O lado perversoNa tarde de sexta-feira, Camicase e Melequinha saíram de casa, na rua Beira Rio, no KM 17, com a intenção de consegui dinheiro fácil. O objetivo dos dois amigos – ou parceiros, como se conhecem – era conseguir um celular através de um assalto. Camicase contou que a escolha da vítima foi aleatória.“A gente ia passando e ele foi passando no momento também, infelizmente. Não me sinto contente em tirar a vida de ninguém, mas infelizmente aconteceu”, contou, sem esboçar nenhuma reação de arrependimento.>
Depois de seguir o servidor por alguns metros a dupla anunciou o assalto. Segundo Camicase era Melequinha quem estava segurando o revólver 38 e foi com ele que Marceluan entrou em luta corporal primeiro. “Quando eles entraram em luta eu entrei também. Não esperava que ele fosse reagir, mas ele resistiu e a gente acabou brigando”, contou. Durante a confusão, Melequinha atirou em Marceluan.Depois que o servidor foi agredido e baleado, os dois amigos fugiram. É possível ver nas imagens quando Camicase passa correndo carregando a mochila da vítima. O material foi descartado alguns metros depois, mas a polícia conseguiu recuperar os pertences.>
O lado famíliaFilho único por parte de pai e com mais três irmãos por parte de mãe, Camicase disse ter nascido em uma família sem estrutura e disse que foram as dificuldades da vida que o levaram para o mundo do crime. “Nunca tive ninguém para me dar nada, parceiro. Minha família me abandonou desde menor. Estava em um momento difícil, sem trabalhar. Aí, não pensei direito”, disse.No entanto, ele contou que essa não foi a primeira vez que participou de um assalto. “Não vou mentir. Essa não foi a primeira vez que eu assaltei, mas nunca teve isso, nunca matei ninguém. Eu ainda trabalho, mas no momento estou parado”, afirmou.Ainda segundo Camicase, a mãe dele tem problemas mentais e ele estava morando com uma avó, no Coqueirinho, na região de Itapuã. Há dois meses ele foi posto para fora de casa e foi morar em uma casa na rua Beira Rio. O imóvel não é dele, mas ele não precisa pagar aluguel. “Foi um amigo que conseguiu pra mim”, disse.>
Quando questionado sobre o motivo de ter sido colocado para fora de casa, ele disse não saber explicar. “Minha família não gosta de mim. Me colocaram pra fora”, simplificou. >
Camicase não é casado, nem tem filhos. O lado influenciável Camicase culpa Melequinha por estar atrás das grades. Segundo ele, foi o amigo quem o convidou para praticar o assalto. Quando questionado do porque aceitou o convite, ele respondeu apenas que foi “na empolgação”.“Estou desempregado, precisando de dinheiro”, disse. >
O suspeito ainda reclamou do pai que, segundo ele, não ligava para ele. Os dois não se vêm a cerca de cinco anos. “Minha família é desestruturada”, lamentou.O lado contraditórioCamicase não tem passagem policial, mas admitiu que praticou outros assaltos. “Três ou quatro”, disse. Quando questionado sobre a relação com Melequinha, ele se contradisse. Primeiro informou que havia estado com o parceiro duas ou três vezes antes do crime. Depois afirmou que aquela tinha sido a primeira vez que eles haviam estado juntos.“Essa informação não é verdadeira. Ouvimos os familiares de Melequinha que afirmaram que os dois já se conhecem há alguns anos”, afirmou o delegado. Além disso, os amigos moram na mesma comunidade, apesar do primeiro preso dizer que não. >
Os dois comparsas serão indiciados por latrocínio e encaminhados para o Complexo Penitenciário de Mata Escura. Melequinha tem um registro na polícia. Ele foi preso em setembro do ano passado acusado de roubar um carro. O lado tranqüilo Durante a entrevista, na sede da 12ª Delegacia, Camicase permaneceu tranquilo. Com olhar firme e tom de voz calmo que ele contou como foram os preparativos para o crime. O dinheiro do roubo seria usado para comprar drogas e comida.Algumas horas antes de matar o servidor quase na porta de casa, Camicase e Melequinha encomendaram uma arma, o instrumento seria para intimidar a vítima caso ela não “colaborasse”. Segundo Camicase, a arma foi fornecida por uma mulher que ele disse não saber o nome. A polícia refuta essa informação. De acordo com o delegado Antônio Carlos Magalhães Santos, titular da 12ª Delegacia, a arma foi cedida por Anthony Adrian dos Santos Gomes, o Lacraia. >
“Ele (Anthony) fornece as armas para eles (suspeitos) praticarem os crimes e depois dividem o produto do roubo. Ele (Camicase) é ligado ao grupo de Anthony e foi assim que conseguiu a arma”, afirmou.Anthony é apontado pela polícia como um dos líderes do tráfico na região do KM 17 e da Capineira, comunidades de Itapuã. Ele tem quatro passagens policiais por roubo a carro. Segundo Camicase, o grupo seria da facção Comando da Paz. A polícia não confirma essa informação.>
Foi com essa mesma tranqüilidade que Camicase foi preso, na porta de casa, na rua Beira Rio. “Ele estava sentado em um passeio, na porta de casa. Não reagiu. Estava muito tranqüilo, como se nada tivesse acontecido”, contou um dos investigadores.>
*Com informações do repórter Gil Santos>