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Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2019 às 13:00
- Atualizado há 2 anos
Quando Jasiane Silva Teixeira, 30 anos, a Dona Maria, foi apresentada pela Polícia Civil na segunda-feira (31), foi dito que ela tinha uma vida de luxo – repleta de viagens, procedimentos estéticos, proprietária de um avião e até ajudava a custear estudos de parentes. Seria Jasiane, por exemplo, a responsável pelo pagamento da faculdade de Medicina de uma pessoa da família, em uma instituição particular de Petrópolis (RJ). >
No entanto, a defesa dela contesta todas as acusações. Segundo o advogado de Jasiane, Valmiral Marinho, ela sequer tem bens. “A gente vai tomar as medidas judiciais contra as calúnias do delegado (Marcelo Sansão). Ele informa até que a irmã dela cursa Medicina sendo custeada por ela, mas, desde o primeiro semestre, a irmã tem Fies 100%”, diz, referindo-se ao programa federal de financiamento estudantil. >
Assim como a própria Jasiane disse, na apresentação, o advogado informou que sua cliente vive com a ajuda da mãe. Por ter sido casada com o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) Júlio Batista Neves, ela passou a receber uma pensão após a morte do marido. “Por ser uma aposentadoria de mais de R$ 30 mil, ela ajuda no custeio da filha e dos netos. Se Jasiane tivesse patrimônio, com certeza, seria apreendido. A autoridade policial ia pleitear o sequestro de bens, mas o próprio delegado foge das perguntas”, critica. Ainda de acordo com o advogado, Jasiane só responde a um processo – o de homicídio por um agente penitenciário. Ele questiona a falta de interceptações telefônicas e outras provas na ação. “Não tem nenhuma prova robusta, nem testemunha. É muito absurdo”, afirma. >
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Para o advogado, ela está sendo acusada pela relação com o falecido marido. Até o final da manhã desta terça, Jasiane não tinha sido encaminhada ao sistema prisional. Ela continuava custodiada pela polícia. >
Prisão domiciliar Jasiane tem duas filhas – uma menina de quatro anos, outra de 10. A mais velha estaria fazendo tratamento psicológico. Além disso, à polícia, ela disse estar grávida. Agora, a defesa pretende pedir a prisão domiciliar, com base em um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a todas as mulheres que têm filhos com menos de 12 anos.>
Segundo a polícia, as filhas não morariam com ela. No entanto, o advogado contestou e ainda confirmou a suspeita de gravidez. No entanto, ele pretende pedir um exame apenas quando ela for encaminhada ao sistema prisional, por “não confiar” em médicos ligados à polícia. Isso porque, da primeira vez em que foi presa, em 2009, Jasiane diz ter sido torturada pela polícia. >
Após a prisão, as duas meninas estariam com a irmã de Jasiane, no Rio. A mãe dela, por sua vez, está em Lisboa (Portugal), fazendo tratamento para depressão. Originalmente, ela mora em uma cidade do interior da Bahia – o local não foi divulgado pela defesa “por segurança”. >
“Ela só não foi absolvida dessa acusação da morte do agente penitenciário por um voto”, diz Marinho. >
Ficha corrida Além do tráfico de entorpecentes, Dona Maria está envolvida, segundo a SSP, em dezenas de crimes como homicídios, roubos, corrupção de menores, falsidade ideológica, entre outros delitos. Ela atuava junto com o marido Bruno de Jesus Camilo, o 'Pezão', desde 2008, quando foram presos por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo.>
Beneficiada com medida judicial que lhe garantiu liberdade provisória em 2009, quando participou da execução do agente penitenciário do Presídio de Jequié, a pedido do seu marido. No ano seguinte, Pezão também ganhou liberdade provisória e foi morar na cidade de Santa Cruz Cabrália com Dona Maria.>
Ainda de acordo com a SSP, a dupla permaneceu praticando tráfico de drogas e, durante diligências, em 2014, Pezão entrou em confronto com a polícia e acabou morrendo. Jasiane conseguiu fugir de Santa Cruz Cabrália, assumiu a liderança da quadrilha e, em homenagem ao ex-companheiro, batizou o grupo criminoso de Bonde do Neguinho.>