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Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2020 às 21:55
- Atualizado há 2 anos
O jornalismo baiano perdeu uma grande referência nesta sexta-feira (10). Morreu, no Hospital Santa Izabel, em Salvador, o jornalista Erival Guimarães, 61 anos, ex-assessor de comunicação da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-BA) e ex-editor de segurança do antigo jornal Correio da Bahia.>
De acordo com a família, ele estava internado desde o início do mês, devido a complicações associadas a uma série de acidentes vasculares cerebrais sofridos nos últimos dez anos. Ele deixa quatro filhos e dois netos. Horário e local do sepultamento ainda não foram divulgados pela família.>
Com mais de 30 anos de profissão, Erival graduou-se em comunicação pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e atuou nos principais jornais de Salvador. Além do CORREIO, ele registra passagem pelo A Tarde e pelos extintos Bahia Hoje e Jornal da Bahia. Profissional ético, Erival é responsável pela formação de vários repórteres policiais que iniciaram a profissão sob sua orientação.“Erival foi um professor para muitos jornalistas, formou uma grande equipe aqui. Era uma pessoa do bem, ética, serena, um querido de todos nós”, disse a editora-chefe do CORREIO, Linda Bezerra.Para a atual gestora do jornal, ele deixa um legado de profissionalismo e respeito para as futuras gerações.>
O repórter do CORREIO Bruno Wendel definiu o jornalista como um 'verdadeiro mestre' e afirmou que Erival será sempre uma referência para ele na profissão. "Erival foi um menstre. Sempre teve o compromisso pela verdade. Sempre foi um chefe muito criterioso, muito preocupado com o nosso trabalho. Apesar de não estar mais no jornal, sempre foi pra mim e para vários colegas uma referência. Ele ensinou sobre como ser um repórter policial, como atuar, agircom cautela, com zelo e responsabilidade com as fontes. Erival era muito preocupado com a informação, com a apuração do texto. E era muito corajoso também. Lá se foi um dos grandes jornalistas policias, referência para muitos, referência no jornalismo investigativo. Estou arrasado", disse Bruno.>
Entre as características de Erival, o jornalista lembra que ele liderava pelo exemplo, sempre sempre contando as histórias do que ele já fez e apurou para encorajar a equipe com o trabalho. "O jeito dele de ser, de se empolgar era únivo. Ele fez várias matérias muito boas. Ele sempre contava que fez uma série de matérias sobre o Jogo do Bicho. Ele era um cara que impunha medo, mas era muito brincalhão. A gente brincava, brigava, mas era uma família lá na editoria". acrescentou.>
Em nota de pesar, o Sindicato dos Jornalistas no Estado da Bahia (Sinjorba) lamentou a morte de Erival Guimarães. "Familiares, amigos e companheiros de Erival recebam o abraço solidário da diretoria do Sinjorba. Perdemos um dos bons, profissional dedicado, ético e competente, com atuação nos principais jornais de Salvador, como Correio da Bahia, A Tarde, Bahia Hoje e Jornal da Bahia, além de assessorias em órgãos públicos. Descanse em paz, querido companheiro", diz a nota.>
Ex-servidor da Prefeitura de Salvador, de onde se aposentou recentemente, passou pelas secretarias de Comunicação e Superintendência de Transportes Públicos (STP), entre outros órgãos municipais.>
Antes de atuar na assessoria da SSP, Guimarães vivenciou diversas experiências como jornalista investigativo. Em um dos casos, Erival teve a oportunidade de participar ativamente no processo de condenação de um major do Exército Brasileiro, que havia assassinado um jovem de 20 anos dentro de um shopping no bairro do Imbuí.>
Em sua rotina de repórter policial, Erival Guimarães acabou se habituando a fortes sentimentos e também ao sofrimento de outras pessoas, mas isso não impediu de inúmeras vezes chegar em casa arrasado, como nos contou em sílabas pausadas: “Tinha dias que eu chegava em casa ar-ra-sa-do”, contou, em entrevista ao CORREIO, em 2012. >
'Jornalista das antigas', em seu blog, Erival relatou alguns casos vivenciados por ele com desfechos felizes, frutos de uma apuração bem realizada. Na entrevista ao CORREIO, ele disse que a boa apuração estava sendo prejudicada pela pressa de publicar em primeira mão, de sair na frente, o que dava vazão às críticas à ‘mídia eletrônica’, como ele chamava o jornalismo feito na internet. “Você tem que ter uma conduta definida. Seja repórter, seja assessor, seja ético”, disse Erival.>