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Gil Santos
Publicado em 8 de agosto de 2017 às 01:35
- Atualizado há 2 anos
A dona de casa Fernanda dos Santos Alves, 37 anos, que confessou ter mandado matar a própria amiga, Jumaria dos Santos Barbosa, 41, pediu para ouvir os tiros dados contra a vítima. Segundo a polícia, Fernanda contou que o assassino, antes de executar a mulher dentro de uma academia, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), ligou para a mandante para confirmar se a vítima tinha uma borboleta tatuada no braço. Ela aproveitou e pediu para o atirador não desligar, para poder ouvir os disparos.>
Jumaria foi morta com quatro tiros, na nuca, no pescoço e na cabeça, no dia 12 de abril deste ano. Fernanda conheceu a amiga em outubro do ano passado e suspeitava que ela tivesse feito um 'trabalho espiritual' para separá-la do marido. Ela pagou R$ 500 pelo assassinato. A dona de casa confessou o crime e foi apresentada nesta segunda-feira (7), na sede da Polícia Civil, no bairro da Piedade, em Salvador. >
Segundo o titular da 23ª Delegacia (Lauro de Freitas), Joelson Reis, Fernanda já estava separada do marido, que é empresário e mora em São Paulo. O casal ficou junto por cerca de 15 anos e tem dois filhos, de 13 e 7 anos. No ano passado, o relacionamento terminou, mas eles ainda tinham recaídas. Ela viajava para vê-lo e ele ficava com ela toda vez que vinha para Salvador. >
"Em outubro, ela e Jumaria se encontraram no aniversário de uma amiga que tinham em comum. Foi lá que elas se conheceram. Fernanda soube que Jumaria jogava tarô e fazia trabalhos espirituais e pediu que ela fizesse um para reaproximá-la do ex-marido", contou o delegado.>
A dona de casa disse para a polícia que foi ver o marido no começo de 2017, e o encontro foi conturbado. Ele estava frio e os dois tiveram desentendimentos. Quando ela retornou para Salvador soube, através de outra amiga, que Jumaria teria feito um trabalho espiritual contrário, ou seja, para separá-la do marido. Fernanda, então, começou a planejar o crime. Jumaria e Fernanda se conheceram em outubro de 2016 (Foto: Reprodução) EncontroCinco dias antes de Jumaria ser morta, Fernanda e um dos empregados dela, Gilmário Carneiro dos Santos, conhecido como Guerreiro, foram até a casa do meio-irmão dela, em Dias D'Ávila, também na Região Metropolitana de Salvador. Rakmus Varjão Pereira Alves e a esposa dele, Taís Santos Ferreira, receberam os dois e os quatro planejaram o assassinato. >
"Eles fizeram essa reunião em um bar, em Dias D'Ávila, e ficou acertado que Rakmus convidaria um amigo, Diego Silva dos Santos, para ajudar no crime. Segundo Fernanda, foi Diego quem contratou um homem para matar a vítima. Ele é envolvido com o tráfico de drogas e chamou um dos soldados dele, identificado até o momento como Branco, para fazer o serviço", afirmou Reis. >
Um dia antes do crime, Fernanda estava em um bar com alguns amigos, em Salvador, quando recebeu diversos telefonemas. Do outro lado da linha estavam os comparsas. Uma testemunha contou para a polícia que ela levantou da mesa para atender às chamadas, mas que em um dos momentos ativou a função viva-voz do celular, sem querer, e a testemunha conseguiu ouvir parte da conversa. Essa informação ajudou a polícia na investigação. >
A dona de casa recebia uma pensão do ex-marido de cerca de R$ 20 mil, mas contou para os investigadores que o valor dos repasses começou a diminuir com o passar do tempo. Ela acredita que isso também seja consequência das 'ações' de Jumaria. Nesta segunda, Fernanda entrou na sala onde estava a imprensa com a cabeça coberta por uma camisa e não comentou o caso. Suspeitos que estão sendo procurados pela polícia (Foto: Divulgação) AssassinatoFernanda contou para os investigadores que, no dia do crime, Guerreiro ficou com os filhos dela, enquanto ela e os outros quatro suspeitos foram até um bar, próximo da casa da vítima, e aguardaram ela sair. Eles seguiram Jumaria em dois carros, passaram pela frente da academia onde a mulher entrou e pararam alguns metros depois. >
A mandante do crime disse que ficou com Taís e Diego no carro Renault Symbol, prata, de Rakmus. Já ele, voltou com Branco no Renault Duster dela para a academia. O meio-irmão da suspeita aguardou dentro do veículo enquanto o assassino executava o serviço.>
Branco entrou na academia como se fosse aluno novo. Um instrutor apresentou algumas áreas do estabelecimento para ele, até que o suspeito se afastou, como se fosse para o banheiro. "Nesse momento, ele ligou para Fernanda para confirmar se a vítima tinha uma borboleta tatuada no braço. Quando ela confirmou, ele se aproximou e fez os disparos", contou o delegado. Delegado Joelson Reis (à direita) apresenta as informações do caso (Foto: Polícia Civil/Divulgação) Fernanda contou que, antes do assassino atirar na vítima, ela pediu para que ele não desligasse a ligação porque queria ouvir o barulho dos tiros. Depois do crime, Branco retornou para o carro onde Rakmus estaria esperando e os dois fugiram. Uma semana depois do crime, Fernanda foi ouvida como amiga da vítima. O meio-irmão dela e a cunhada também foram ouvidos, na mesma condição. Agora, eles, Diego e Branco são considerados foragidos, e estão com mandado de prisão preventiva em aberto. >
A dona de casa foi presa na cidade de Natal (RN), no dia 12 de julho. Ela estava com familiares. Segundo o delegado, a prisão não foi divulgada antes para não atrapalhar a investigação e foi uma ação conjunta dos investigadores da 23ª Delegacia (Lauro de Freitas) e da Delegacia Especializada de Homicídios (Dehom), do Rio Grande do Norte.>
Quem tiver informações sobre os suspeitos pode ajudar a polícia através do Dique Denúncia (71) 3235-0000 ou do Disque Xerife da 23ª Delegacia, no telefone (71) 99631-6891.>