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Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2010 às 09:20
- Atualizado há 2 anos
Alexandre Lyrio | Redação CORREIO>
A aliança dourada envolve o dedo anular da mão esquerda. Ele tem cabelos escassos, é quase um sexagenário e está todo de branco. Sapatos brancos, camisa e calças brancas, cinto branco, tudo branco. Embalado por doses generosas de uísque 12 anos, o médico, com cara de quem tinha acabado de deixar o hospital, beija com todo o gosto a cintura de uma morena sentada em seu colo, e que, com toda certeza, não é a sua esposa.>
No umbigo da mulher de top preto e minissaia jeans, talvez buscasse a cura para os seus desejos mais recônditos. O mesmo remédio procurado pela maioria dos que adentram a porta daquela boate, a Eros Night Club, na orla da Pituba. Há 20 dias, o lugar foi palco de um homicídio, mas ali, e em outras boates do gênero instaladas em Salvador, a violência perde fácil para o prazer.>
O CORREIO rodou nas nights da vida e sentiu o clima desses locais. A luz, em geral, é de penumbra, ideal para um contato mais íntimo com as mulheres das casas.>
Loira escultural e aspirante a enfermeira é a principal atração da Pigalie, Centro>
Pouca iluminação e música dançante. Todas as casas oferecem shows de strip-tease. Nas performances, as mulheres, de diversas raças e tipos, chegam a ficar nuas em pelo. Nos palcos ou passarelas, barras de ferro servem de apoio para malabarismos. O cheiro é de sexo.>
SEDUÇÃOYasmim*, uma das vinte e poucas mulheres que, na noite da última quarta- feira, floriam a Eros, revelou que todos ficaram assustados com o ocorrido, já que, diz ela, se tratou de um caso isolado. Louca para seduzir, Yasmim muda logo o rumo da conversa. “Violência acontece em todo lugar. Nossa especialidade aqui é outra. Quer conhecer?”, ofereceu-se, com um batom escuro que realçava um sorriso encantador, sem saber que conversava com a reportagem.>
Realmente, tanto as maiores boates, como status de serem "da orla", quanto as menores, que se localizam mais no Centro da cidade, têm as portas abertas para quem quer beber, vermulher nua e, caso se interessem, leve muma delas para fazer sexo. Enquanto o funcionamento é bem semelhante, os preços das entradas variam. Na verdade, dependem do dia, do horário e da "lábia" do cliente.>
Há maneiras até de entrar sem pagar. "A gente prometeu botar uma garrafa de uísque de R$ 150 na mesa e eles liberaram nós quatro", ensinou um jovem que aparentava 25 anos, na porta da Vip Night Club, na Boca do Rio."Quanto mais tarde, melhor para barganhar o preço. Madrugada adentro fica mais barato”.>
Na night do sexo, prepare o seu bolso: uma cerveja long neck custa R$ 9,90>
Na Eros, por exemplo, a reportagem do CORREIO negociou diretamente como segurança. De primeira, pediu R$ 40 pra cada. Com insistência, o valor morreu em R$ 20.>
A Eros está entre as Top 3, junto com a Vip e a Free Night Club, consideradas pelos frequentadores as melhores da cidade. Essa última também fica na orla da Pituba. À beira mar também se encontram casas noturnas em Amaralina, Patamares, Itapuã e outra na Boca do Rio. "Se procurar, em todas elas se acha mulher de qualidade", diz um inveterado frequentador.>
Carla* diz que rola sentimento com a clientela: ‘Já fiquei apaixonada por um cliente'.>
A consumação interna, essa sim, costuma ter preços fixos. E bastante caros. Uma cerveja long neck não sai por menos de R$ 9,90. Para viajar nas mulheres que desfilam na passarela de piso quadriculado da Eros, por exemplo, é preciso meter a mão no bolso. A dose do pior uísque é R$ 30. A garrafa de tequila, R$ 300.>
O público é também diverso. Varia entre coroas casados a adolescentes solteiros.Turistas também aparecem sempre. Na mesma noite que o médico se lambuzou com a morena, dois estrangeiros orientais assistiram aos shows sentados, praticamente imóveis, tomando água mineral e Coca-Cola. Por mais que as meninas preferissem se exibir para eles, saíram sem provar ou ao menos tocar em nenhuma delas.>