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Wendel de Novais
Publicado em 7 de outubro de 2022 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
O ponteiro do relógio nem precisa chegar às 4h da manhã para que, todos os dias, na Praia da Preguiça, o movimento tenha começado. Por lá, centenas de pessoas aparecem antes mesmo do sol para prática de esportes como canoagem, futevôlei, pesca recreativa e mergulho. Aproximadamente 500 pessoas praticam esporte diariamente no local.>
Um centro esportivo a céu aberto que vem sofrendo com roubos e furtos frequentes, como o da última quarta-feira (5), quando cerca de 12 pessoas foram abordadadas por homens que chegaram de carro pela Avenida Contorno e anunciaram um assalto por volta das 6h30. >
"A gente busca não ficar sozinho por aqui, mas, mesmo assim, ontem aconteceu isso com 12 pessoas aqui na frente. O pessoal estava tomando um suco e vieram três rapazes na abordagem. Roubaram, saíram correndo e entraram em uma caminhonete para fugir", lembra Érika Hofmann, que faz canoagem no local há cinco meses. Ela também relata que, além de assaltos, é comum ter casos de furtos e arrombamentos a carros de quem estaciona na região para ir à praia.>
Professor de canoagem há 10 anos no local, Zig Marley Santos, 30, confirma a reincidência de casos assim. "Até pelo fluxo de alunos, os carros ficam estacionados aqui. Sempre está acontecendo arrombamentos e roubos de carros. Tem um mês, mais ou menos, que dois carros foram roubados aqui. Um, inclusive, de uma amiga minha. Isso às 6h20 da manhã, é sempre nesse horário", afirma Zig.>
Assaltantes vêm pela Contorno>
De acordo com as pessoas que estão lá diariamente, quem pratica os assaltos são indivíduos que chegam na beira da praia de carros ou moto pela Avenida Contorno. Um morador da Preguiça e trabalhador da área há mais de 30 anos relata que as ocorrências se tratam de roubo por oportunidade.>
"Quem comete esse assalto é de fora, pessoas que passam de carro ou moto e, pelo movimento, vê a oportunidade de fazer isso com o pessoal. Aqui se tornou um centro de treinamento ao ar livre e muita gente passa, os caras sabem que tem a possibilidade de assalto", fala, sem querer se identificar.>
João Paolilo, 41, tem um clube de canoagem há três anos. Além de reforçar o fato dos assaltos acontecerem na saída da praia na Contorno, ele reforça que as ações não descem para a areia.>
"De carro ou a pé, os crimes são feitos por pessoas que vêm pela Contorno. Todos os episódios [de assalto e sequestro relâmpago] que temos registrados são lá. Eles levaram automóveis, bens pessoais e, no segundo sequestro, fizeram um saque em pix", relata o empresário. João entregou ofício na 16° CIPM (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Falta de policiamento>
Nesta quinta-feira (6), João entregou um ofício na 16° Companhia Independente Militar da Bahia (PM-BA), responsável por patrulhar na área da Preguiça, com um compilado de boletins de ocorrência registrados para os dois sequestros relâmpagos, que ocorreram nos dia 14 de julho e 30 de agosto, e o assalto da última quarta-feira.>
O ofício pede um reforço de segurança na área nos horários de pico da praia, no início da manhã e fim da tarde. A entrega do documento para a PM-BA tenta mudar uma realidade de pouco policiamento relatada por quem frequenta o espaço.>
"Isso é uma questão de falta da segurança pública. A gente está aqui do lado do Comando Geral [da Polícia Militar], é só colocar uma viatura circulando nesses horários que são mais críticos como de manhã cedo. São esses cuidados só", pede Kauã Duarte, 34, que pratica esporte na praia desde 2018.>
Em conversa com a reportagem, Capitão Geraldo Pereira, subcomandante da 16° CIPM, garantiu que o reforço já começou a ser realizado na área. Logo na manhã da quinta-feira (6), um dia após esse último assalto, uma viatura estava parada em frente à praia. A PM garante que vai se manter:>
"A partir de ontem já, colocamos um efetivo lá sem previsão de saída toda manhã a partir das 4h até 7h30, que é o horário em que mais praticam atividades lá. A gente vai deixar sempre uma viatura nesse período para tentar acabar com essa onda de assaltos por lá", garante o subcomandante.>
Ainda de acordo com Pereira, a polícia afirma não ter recebido, até então, pedido de reforço de policiamento para área, além dos três boletins registrados para o assalto e os sequestros na Polícia Civil.>
"Não tinha chegado para nós nenhuma solicitação de policiamento na madrugada. Ontem, com a situação do assalto, o pessoal da canoagem nos procurou e pediu policiamento. [...] Se eles registraram todas essas ocorrências em algum lugar, não tinha chegado pra gente", completa, lembrando que as rondas serão intensificadas na região no fim da tarde também. >
A Polícia Civil foi procurada para falar sobre o número de registros de ocorrências na área, mas não conseguiu levantar a tempo os dados sobre o assunto.>