Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Eduardo Dias
Publicado em 21 de outubro de 2019 às 10:55
- Atualizado há 2 anos
Uma das esculturas de orixás que ornamentam o Dique do Tororó, no bairro de Nazaré, apareceu sem um dos braços. O CORREIO esteve no local nesta segunda-feira (21) e constatou que a estátua que representa Oxumaré estava sem o membro esquerdo. De acordo com o terreiro Casa de Oxumaré, na Federação, eles tiveram conhecimento do caso há 20 dias. Moradores da região do Dique suspeitam de ato de vandalismo.>
Segundo o babalorixá Pecê de Oxumaré, da Casa de Oxumaré, na Federação, o terreiro teve conhecimento do caso há 20 dias, através de uma filha da casa que costuma correr ao redor do Dique do Tororó. “Ela viu, tirou foto e ficou triste, perguntou se podíamos fazer algo. Ali além de ser uma obra de arte, é uma representação para a gente”, disse pai Pecê.>
O terreiro informou que desde então vem buscando representantes públicos para entender quem é responsável pela área. Ainda conforme o babalorixá, eles pediram a filhos da casa que notificassem secretarias do estado e município sobre o caso para que a obra fosse reconstituída. A responsabilidade do Dique do Tororó é da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder). >
“A gente não sabe se foi vandalismo ou se foi ação do tempo. Mas temos visto muita intolerância acontecer, com os monumentos e também a nossa casa, que sofreu um ataque recente”, lembrou. No final do ano passado, a fachada do terreiro foi pichada.>
Procurada, a Conder informou, em nota, que o ato teria acontecido na madrugada desta segunda-feira (21). O órgão disse que trabalha com forte suspeita de que atos de vandalismo tenham provocado danos à obra e ressaltou, ainda, que as providências visando a recuperação da escultura estão sendo estudadas.>
De acordo com o mecânico Carlos Silva, que vive nas imediações do Dique, o braço da escultura desapareceu há cerca de 15 dias. Para ele, é possível que tenha sido ato de vandalismo por intolerância religiosa ou má fé. >
"Isso é coisa de vândalo. Talvez por não gostar da religião ou só por querer acabar com tudo mesmo. Eles tiram de propósito, para danificar o equipamento. Já tem uns 15 dias que está dessa forma e ninguém toma uma providência", disse Silva. >
No local, Oscar Batista, que é restaurador e soube do ocorrido, foi inspecionar, por conta própria, a condição das demais estátuas. Segundo ele, os equipamentos não recebem manutenção há um certo tempo. >
Oscar explica ainda que possivelmente a ideia de quem tenha vandalizado o equipamento não era vender, apenas destruir, já que o material, de fibra de vidro, não vale muito. "Não tem outra explicação, é vandalismo. Eles fazem isso para vender o material, mas por um preço mínimo. Um braço desses pesa no mínimo uns oito quilos e eles vendem por quase nada", explicou.>
Com uma lagoa de 110 mil metros quadrados, o Dique do Tororó é o único manancial natural de Salvador, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As informações são do Mapa da Cultura, elaborado pelo Governo Federal. As doze esculturas que embelezam o manancial são de autoria do artista plástico Tatti Moreno.>
Outras depredações>
O monumento em homenagem à Mãe Stella de Oxóssi também foi alvo de depredação. A estátua teve a base pichada em setembro deste ano. A imagem fica próxima à avenida que leva o nome da líder religiosa, no acesso da Avenida Paralela ao bairro de Stella Maris. À época, a gestão municipal, informou que são gastos R$ 45 mil mensais com reparos de praças, academias de saúde, espaços de lazer e monumentos, alvos de vandalismo.>
No mês passado, o monumento ao Dois de Julho, na praça do Campo Grande, foi entregue todo restaurado após uma série de atos de vandalismo. A escultura de 25 metros chegou a ter 300 Kg de bronze roubados. Após seis meses de um trabalho de 15 restauradores e um gasto de R$ 829 mil, em recursos municipais, o monumento foi reinaugurado.>
*Sob supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro>