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Portal Edicase
Publicado em 16 de junho de 2025 às 14:09
A alergia e a intolerância alimentar são reações adversas causadas por alimentos, porém com origens diferentes. A primeira envolve o sistema imunológico, que reage exageradamente a determinadas proteínas, podendo causar sintomas leves ou graves. A segunda está relacionada à dificuldade do organismo em digerir ou metabolizar certos componentes, resultando principalmente em desconfortos digestivos. >
Gislene Marcolina de Souza, professora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera, explica que as alergias e intolerâncias alimentares são condições que podem ser difíceis de distinguir devido à sobreposição de sintomas. “A intolerância alimentar tem reações adversas a alimentos que não são causados por toxinas e não envolvem mecanismo imunológico. Podem ser desencadeadas por mecanismo farmacológico ou até mesmo por organismos ainda pouco definidos, como algumas desordens intestinais, como síndrome do intestino irritável”, explica. >
A alergia alimentar, segundo a professora, é caracterizada por reações imunológicas que podem ser mediadas pelos anticorpos imunoglobulinas (IgE), não mediadas por (IgE) ou mistas. “As reações mediadas por IgE têm início imediato, ou seja, ocorrem até no máximo 2 horas após o contato com o alimento. Já as reações não mediadas por IgE são tardias”, afirma. >
A nutricionista alerta que a intolerância alimentar mais comum é a lactose. Já a alergia alimentar pode ser desencadeada por qualquer proteína alimentar, mas oito alimentos se destacam como os alérgenos mais comuns, são eles: >
“Em adultos, frutos do mar, castanhas, amendoim, frutas e vegetais são os principais desencadeadores. O gergelim também vem ganhando destaque como um alérgeno frequente. Entre as crianças, leite de vaca, ovo, soja e trigo são os mais corriqueiros, sendo que muitas delas desenvolvem tolerância por volta dos 3 a 4 anos. No entanto, alergias ao amendoim e frutos do mar estão ligadas a riscos graves em adultos”, acrescenta. >
Gislene Marcolina de Souza ressalta que tanto alergias quanto intolerâncias alimentares podem se desenvolver em qualquer momento da vida, inclusive na primeira exposição em pessoas mais suscetíveis. “Por outro lado, as intolerâncias alimentares podem estar presentes desde o nascimento ou se desenvolverem ao longo do tempo, muitas vezes como resultado de danos à mucosa intestinal causados por toxinas alimentares”, afirma. >
Segundo ela, algumas pessoas nascem sem a capacidade de produzir enzimas, como a lactase, responsáveis por digerir a lactose presente no leite, o que acaba resultando em intolerância. “Além disso, a incapacidade de produção de enzimas pode ocorrer em qualquer fase da vida, como resultado de uma infecção intestinal, por exemplo”, acrescenta. >
É de extrema importância ficar atento às reações alérgicas, pois podem colocar a saúde em risco. “Importante destacar que, as reações alérgicas graves, como anafilaxia, são letais e podem envolver comprometimento respiratório, hipotensão e falência de órgãos”, alerta Gislene Marcolina de Souza. >
Para o tratamento, a professora aponta que o da alergia alimentar envolve ainda principalmente a exclusão total do alimento em questão e o uso de medicação em caso de ingestão acidental. “Para lidar com restrições dietéticas devido a alergias e intolerâncias alimentares, é importante optar por alimentos naturais e minimamente processados sempre que possível. Isso ampliará a lista de alimentos permitidos em comparação aos proibidos. Além disso, é crucial ler atentamente os rótulos alimentares para evitar possíveis alérgenos ocultos”, ressalta. >
Gislene Marcolina de Souza explica que embora a doença celíaca esteja relacionada ao glúten, não é uma alergia alimentar, mas uma enfermidade autoimune. “Indivíduos celíacos devem evitar completamente o glúten. Além disso, a alergia ao trigo é uma condição menos comum, porém ainda importante a ser considerada. Intolerâncias alimentares ao glúten também podem ocorrer e são diferentes da doença celíaca”, explica. >
Conforme a nutricionista, casos de reações adversas após a ingestão de alimentos com glúten , que não têm origem alérgica ou autoimune, podem ser caracterizados como intolerância. “Apesar de os sintomas serem parecidos ao da doença celíaca, mas menos graves, em casos de intolerância ao glúten, aparentemente, os inibidores de alfa-amilase e tripsina (ATI), presentes nos cereais ligados ao glúten, relacionam-se a uma resposta inflamatória intestinal mediada pela ativação do TLR-4 e células da imunidade inata, como macrófagos e células dendríticas”, destaca. >
Em caso de suspeita de alergia ou intolerância alimentar, vale consultar um médico para o diagnóstico e o tratamento correto. “As alergias e intolerâncias alimentares são condições complexas e podem afetar a vida de muitas pessoas. É fundamental buscar orientação médica adequada para um diagnóstico preciso e seguir medidas preventivas para evitar reações graves […],” finaliza a professora de Nutrição da Faculdade Anhanguera. >
Por Bianca Lodi Rieg >