Após invasão, terreiro cogita processar PM

O caso ocorreu na quinta-feira, quando policiais da Patamo quebraram a porta da casa e entraram no local sagrado

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  • Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2017 às 11:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

A Associação do Terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe planeja entrar com uma  ação judicial contra a Polícia Militar por conta da invasão ocorrida no templo, um dos  mais tradicionais do país, na Rua Direta do Curuzu, no bairro da Liberdade. O caso ocorreu  na  quinta-feira, quando policiais da Companhia Tática de Patrulhamento Móvel (Patamo) quebraram a porta da casa e entraram no local sagrado.

Segundo o pai de santo Amilton Costa, sacerdote do templo há mais de 30 anos, o objeto da ação ainda está sendo avaliado pelos representantes do terreiro. “São muitas questões envolvidas. Além dos danos morais, houve intolerância religiosa, racismo... Se fosse numa igreja evangélica, eles não entravam dessa forma. Queremos que eles aprendam, que não façam mais em lugar nenhum”, disse. Ainda de acordo com Amilton, o caso também foi levado à Corregedoria da Polícia Militar. (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) “Não adianta ficar só aqui na palavra. Somos seres humanos, cidadãos brasileiros. Não fui contra entrarem no terreiro, mas contra as atitudes deles, a forma truculenta”, enfatizou o pai de santo. Ele contou que, na manhã de ontem, policiais militares foram ao local para medir a largura e o comprimento da porta destruída. “Eles vão arcar com os custos. Como é uma porta muito grande, larga, vão ter que encomendar com as medidas específicas”, disse o pai de santo. 

Anteontem, a PM informou que abriu um inquérito para apurar o caso. O prefeito ACM Neto (DEM) disse ontem que o terreiro é um patrimônio da cidade e defendeu o esclarecimento dos fatos. “O terreiro foi tombado pela prefeitura, é um patrimônio da cidade, é,  acima de tudo, um templo religioso e nenhuma ação policial poderia justificar o que foi feito ali dentro. Nós estamos ecoando um clamor, de toda a cidade, para que haja o esclarecimento e o ressarcimento dos danos que foram feitos no terreiro”, disse, ao entregar títulos de posse de terreno no Calabar.

O terreiro foi o primeiro a ser tombado com base na Lei 8.550/2014, de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Salvador.