Baleia morre encalhada em praia de Salvador

Animal morto ficou preso nas pedras atrás do Bahia Othon Palace, em Ondina

Publicado em 1 de setembro de 2017 às 10:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Uma baleia encalhou e morreu na praia de Ondina, em Salvador, nesta sexta-feira (1º). O animal está preso às pedras que ficam atrás do Bahia Othon Palace. O encalhe atraiu a curiosidade de pescadores e banhistas, que foram até o local observar a baleia.

Nenhum órgão oficial esteve no local para retirar o animal pela manhã. O pescador Alberto Santos, 54 anos, acredita que a correnteza deve ter arrastado a baleia até a beira da praia, e ela não conseguiu voltar para a parte mais funda do mar. "Nunca vimos algo assim tão de perto. É lamentável", disse o pescador.

De acordo com a pesquisadora do projeto Baleia Jubarte, Luena Fernandes, o animal já está em estado de decomposição. Uma equipe de biológos vai ao local registrar a ocorrência, mas a retirada deve ser feita por uma equipe de limpeza da prefeitura de Salvador.

"A população deve entrar em contato com a prefeitura e pedir a remoção [do corpo da baleia]. A depender do local, pode ser retirado por trator ou rebocado por uma embarcação para um local de mais fácil acesso", explica Luena.

Risco para banhistas Ela alerta sobre os riscos para quem tomar banho de mar no local, se aproximar ou tocar no animal. "É muito perigoso. Há um risco grande até para equipe do projeto, já que o animal ainda está na água. São muitas toneladas e uma onda pode jogar ela e machucar. É um animal morto, atraindo outros vários tipos de animais, inclusive tubarões", reforçou. Pescadores observam animal preso às pedras (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A estudante Carine Andrade, 22, foi à praia com duas amigas e resolveu ir ver o animal encalhado após ouvir comentários na praia, mas se arrependeu ao chegar ao local."Nunca vi uma coisa tão chocante assim. Já vi casos no Sul da Bahia, mas nunca pensei que iria ver uma baleia encalhada em Salvador", comentou a estudante. Na capital, as baleias já estavam chamando a atenção, como a do estudante Lucas Silva, 26, que chegou a sentar no animal para tirar uma foto. "Eu sou filho do mar. Eu queria que fosse uma foto com ela viva, suspirando, mas ela morreu", disse. Ainda segundo Lucas, que mora no local, a cena é inédita e causou furor na praia de Ondina. Animal morto solta sangue na água do mar; há riscos para banhistas (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) "Todo dia estou aqui e elas só passam de longe, do nada, apareceu essa lindona aqui", relatou, acrescentando que se aproximou - chegando a sentar no animal - porque acredita que nunca mais terá outra oportunidade. 

Lucas contou, ainda, que sentiu um cheiro forte ao se aproximar da baleia. "Daqui a pouco ninguém mais vai aguentar o fedor, tem muito sangue", comentou. Estudante Lucas Silva resolveu sentar no animal para tirar foto (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) Temporada de baleias Essa é a temporada das baleias Jubarte que visitam a costa da Bahia para se reproduzir. Os mamíferos marinhos, que vêm da Antártida para o litoral brasileiro se reproduzir e acasalar, costumam fazer parte do cenário da costa da Bahia no inverno e primavera. 

Em média, os filhotes medem quatro metros e pesam 1,5 tonelada. Já os adultos, chegam a 16 metros de comprimento e até 40 toneladas - o que equivale ao peso de oito elefantes juntos. Em 2017, o Projeto Baleia Jubarte já registrou 67 encalhes de baleia-jubarte na costa brasileira, 25 na Bahia.De acordo com a veterinária do Baleia Jubarte Adriana Colosio, o número de encalhes é considerado normal nessa época do ano, em relação aos anos anteriores.

"A única diferença detectada até o momento é que nos dois últimos anos (2015 e 2016) as baleias anteciparam sua chegada na costa brasileira e, consequentemente, os encalhes têm acontecido em meados de junho e julho e apresentaram maior ocorrência no litoral sul brasileiro. Este ano, a ocorrência dos encalhes voltou a ter mais registros na região do Banco dos Abrolhos até o momento, sendo que os animais jovens apresentam maior ocorrência", afirma Colosio.

O Litoral Norte já registrou quatro encalhes, sendo um no município de Entre Rios (Massarandupió) e três em Camaçari (Itacimirim, Arembepe e Jauá). Exames preliminares indicam causas de morte naturais. As condições de mar agitado e ventos sul fortes verificadas nas últimas semanas propiciam um maior número de encalhes.  

O Projeto Baleia Jubarte – Base Praia do Forte é responsável pelo monitoramento e registro de encalhes de mamíferos marinhos na região norte da Bahia sob licença emitida pelo SISBIO/IBAMA e deve ser acionado imediatamente em casos de encalhes através dos telefones (71) 3676-1463/98154-2131.