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Murilo Gitel
Publicado em 27 de janeiro de 2018 às 07:00
- Atualizado há 3 anos
Situada em uma região de ambiente de transição entre diferentes ecossistemas - ecótono -, a Chapada Diamantina deverá ganhar em breve um Corredor da Biodiversidade que abrigará Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) com características de três biomas: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.>
As RPPNs são uma categoria de Unidade de Conservação instituída pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) que permitem a criação de áreas legalmente protegidas por proprietários particulares interessados na conservação ambiental. Alguns projetos e programas têm sido desenvolvidos nos últimos anos com a intenção de promover e disseminar a criação dessas Unidades de Conservação (UCs), a fim de aumentar ainda mais as áreas naturais conservadas por proprietários particulares. (Foto: Divulgação/ Fundação Grupo Boticário) Um deles é o Programa Floresta Legal, criado em 2010 pelos Institutos Ynamata e Água Boa, que busca a criação de 12 novas RPPNs na Mata Atlântica, das quais três já foram reconhecidas pelo ICMBio em outubro do ano passado (RPPNs Mato Grosso, das Nascentes e das Águas, e das Matas), situadas em Taperoá, no Recôncavo Sul da Bahia. O mesmo programa trabalha pela formação do Corredor da Biodiversidade na Chapada Diamantina.>
“Esse é o maior programa de criação de RPPNs em andamento atualmente no Brasil, protegendo uma área de aproximadamente cinco mil hectares até 2019”, destaca Jorge Velloso, diretor do Instituto Água Boa.>
No município de Jacobina, no norte baiano, e região, onde ocorreu o lançamento do programa, foram protocoladas oito novas RPPNs em 2017 e outras nove já tiveram os levantamentos topográficos realizados – atualmente estão em fase de caracterização ambiental, etapa final antes do encaminhamento formal ao órgão ambiental.>
Fauna regional Até o final de 2018 deverão ser finalizados e protocolados mais 15 novos processos que objetivam o reconhecimento de novas RPPNs. “Outra ação bastante gratificante tem sido a redescoberta da fauna regional”, comemora o ambientalista Fábio Carvalho, que desenvolve em paralelo à criação das RPPNs, um subprojeto de monitoramento de diversidade da fauna regional, por meio da utilização de câmeras doadas por apoiadores locais e pelo Ministério Público Estadual. No total, essa iniciativa deverá contar em junho com 18 equipamentos.>
“Com a criação de RPPNs, os proprietários particulares têm a oportunidade de conservar a diversidade biológica existente em suas terras, bem como os serviços ambientais providos nessas áreas, contribuindo assim com os esforços públicos de proteção dos ecossistemas brasileiros”, destaca a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Malu Nunes. A organização apoia os projetos e programas dos institutos. (Foto: Divulgação/Fundação Grupo Boticário) Na próxima quarta-feira (31), o Brasil comemora pela primeira vez o Dia Nacional das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). Atualmente, no Brasil – segundo a Confederação Nacional de RPPNs (CNRPPN) –, existem 1.473 RPPNs reconhecidas pelas três esferas de governo e que, juntas, asseguram proteção perpétua à fauna e flora de uma área de 771 mil hectares.>
Como reconhecer uma RPPN O estabelecimento de uma RPPN pode ser feito tanto por pessoa física, quanto jurídica, desde que sejam proprietárias de imóveis rurais ou urbanos que tenham potencial para a conservação da natureza. A iniciativa deve ser voluntária e, após a área se tornar uma RPPN, o status de área protegida privada é para sempre.>
Para isso, é necessário que os proprietários da área se comprometam com algumas ações locais, como a promoção da conservação da diversidade biológica, a proteção de recursos hídricos, o manejo de recursos naturais, desenvolvimento de pesquisas científicas, atividades de ecoturismo, educação, manutenção do equilíbrio climáticos e ecológico, e a preservação de belezas cênicas e ambientes históricos.>