Cinquentonas mostram que a meia idade pode representar redescobertas importantes

Com a auto estima trabalhada e realizadas profissionalmente, mulheres dão um show e afirmam que os 50 são o novo 30

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo Pessoal

Quando completou 50 anos, a empresária e jornalista Suely Temporal decidiu que pararia de pintar os cabelos e assumiria os brancos. Na época, familiares e amigos chegaram a confundir a decisão com depressão.Embora a atitude pudesse parecer pequena e pessoal,  representou a liberação de outras mulheres de 50 que passaram a seguir a jornalista no blog que faz em parceria com uma outra amiga, a engenheira Bartira Mônaco, o Linda aos 50.“Fiquei surpresa com o nível de cobrança. Na verdade, não pintar o cabelo foi um ato de libertação. Queria parar de ter aquela obrigação”, diz Suely, hoje com 56. 

A realidade vivida pelas mulheres com 50 anos atualmente é muito diferente do que viveu suas mães e avós. Para as gerações anteriores, completar 40 anos  era símbolo de uma vida familiar consolidada, com casamento,  filhos, netos e, com sorte, uma vida profissional em fase  de aposentadoria. Com o aumento da expectativa de vida, as mulheres que vivem a década dos 50, talvez tenham uma vida familiar consolidada, mas não é só isso que as move. Elas estão cheias de planos, com a auto estima bem trabalhada, casadas ou não, com filhos ou não, parecem amar a maturidade e a beleza que chega na chamada meia idade.  Suely e a sócia Bartira Mônaco montaram um blog que discute a beleza da mulher aos 50 anos e perceberam como existe uma ditadura social que impede que as mulheres assumam o conforto da maturidade (Foto: Arquivo Pessoal) [[publicidade]] Bem cuidadas É justamente essa possibilidade de vida bem vivida que, hoje, Suely, por exemplo, não dispensa os cuidados com o corpo. "Comecei a fazer ginástica aos 50 porque não queria ficar igual a minha mãe, que luta contra a osteoporose. Gosto de comer, então foi uma forma de continuar mantendo prazeres e me preparar para o futuro”, conta ela,agora  com 56.   A empresária Cândida Silva fez 50 no ano passado. Ela faz musculação e corre duas vezes por semana. Embora sempre tenha tido uma vida ativa, depois dos 40, percebeu que se quisesse envelhecer bem, precisaria cuidar do processo.“Chegar aos 50 é muito bom, continuei com disposição para viver, trabalhar, cuidar de mim, da família, dos amigos e trabalho. Essa nova fase quebrou vários tabus para mim mesma”, reconhece a empresária. Reflexos  A psicóloga Ethel Poll, da Clínica Holiste, acredita que a jovialidade das mulheres de hoje está na capacidade de romper padrões sem medo, de lutar por seus direitos, de bancar emocionalmente suas escolhas, desde ser uma ótima dona de casa, até uma notável empresária.  “Essa jovialidade é fruto de conquistas que fazem com que cada mulher reconheça a importância do seu papel social e na capacidade de  administrar, de forma saudável, cada aspecto de sua vida”, diz.   Ela destaca que chegar bem à  maturidade é reflexo das escolhas que se faz na juventude . “É toda uma vida que agora cobra seu preço.Se foram exigentes demais ou displicentes em excesso,  não cultivaram amigos, se não investiram em trabalho, se não cuidaram da vida amorosa,  não priorizaram a família, se negaram seus desejos vão ter que se deparar com o saldo desta retrospectiva, que nem sempre é fácil”, pontua, destacando que sentimentos como culpa, arrependimentos, frustrações podem aparecer de forma muita intensa, gerando forte sentimento de tristeza, apatia até angústia e depressão. “Estas questões psicológicas e emocionais têm forte impacto sobre o bem-estar nesta fase da vida. Estar advertida disso é um importante passo para buscar ajuda especializada. Investir num espaço de fala pode ajudar muito a superar algumas dificuldades”, completa, ressaltando que nessa fase da vida, já muito se sabe sobre si mesma, sendo o momento propício para viver bem. A psicóloga Ethel Poll, da Clínica Holiste, acredita que a jovialidade das mulheres de hoje está na capacidade de romper padrões sem medo (Foto: Divulgação) O psiquiatra André Gordilho destaca que, geralmente nessa idade, a mulher está no climatério e, neste período, acontece a menopausa, que é a cessação da menstruação. “Neste período, em especial na pré menopausa, a mulher sofre alterações físicas e psíquicas que podem influenciar sua vida. O modo de encarar o envelhecimento também é fundamental na manutenção da jovialidade”, diz, ressaltando que junto com os fogachos e alterações hormonais, há também maior incidência de tristeza, desanimo, irritabilidade e labilidade emocional. “É sempre importante avaliar a mulher ao longo de sua história de vida, pois assim é possível individualizar o atendimento e suas necessidades. Além do tratamento médico visando melhorar as oscilações e problemas de humor e ansiedade característicos deste período, é interessante um trabalho psicoterápico associado visando trabalhar as necessidades individuais de cada mulher”.

Conquista desde cedo A tal jovialidade da mulher de 50 é uma conquista que precisa ser iniciada desde cedo. De acordo com médica dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica Maria Figueiredo, tem sido uma constante a presença de mulheres das mais variadas idades preocupadas com o cuidado com o maior órgão do corpo humano.“Quanto mais cedo começarem os cuidados com a proteção solar, uma vez que o excesso de sol e o tabagismo são as principais causas do envelhecimento de pele, melhor. Alguém que começa a ter atenção com a pele aos 30, quando a pele começa a perder colágeno, sem dúvida, terá uma pele muito melhor aos 50”, diz a especialista. Nutrição A nutricionista e professora Ana Lúcia Guimarães de Souza lembra que quando o assunto são os cuidados com a alimentação, é preciso considerar que a alimentação balanceada é o caminho e destaca a ação dos antioxidantes que ajudam a neutralizar a ação dos radicais livres, retardando o processo do envelhecimento, bem como a Vitamina C que ajuda na manutenção do colágeno e do tecido (encontrada em alimentos como a laranja, a goiaba, o pimentão, etc.) a Vitamina E, que atua na manutenção dos tecidos de sustentação e pele, (presentes nas oleaginosas e no azeite de oliva extra virgem),o betacaroteno (existente na  cenoura e no mamão) os flavonoides (encontrados nas frutas vermelhas) e o licopeno (presente no tomate).“Aliados à alimentação, é necessário também a adoção e manutenção de hábitos saudáveis: não fumar, evitar exposição solar sem proteção, praticar exercícios físicos liberados pelo seu médico, conviver com pessoas da família e amigos, fazer leituras frequentes e ter um sonho reparador”, finaliza.