Exposição polêmica transforma personalidades brancas em negros

Com a proposta de um "mundo invertido", mostra motivou debate sobre "blackface"

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  • Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2017 às 14:38

- Atualizado há um ano

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(Foto: Reprodução/ Instagram) Uma exposição que transformou celebridades e figuras políticas brancas em negras tem provocado polêmica nas redes sociais. 

Concebida pela artista e ex-consulesa da França no Brasil, Alexandra Loras, a mostra Pourquoi pas? ("Por que não?", em português) abriu um novo debate sobre o "blackface" nas artes. A prática, que teve início nos teatros do século XIX, consiste na pintura do rosto de pessoas brancas para interpretar negros, de maneira estereotipada.

A polêmica começou no último sábado (25), depois de Loras postar no Instagram algumas das imagens manipuladas das 20 celebridades selecionadas por ela. Dentre as figuras que tiveram a pele escurecida digitalmente estão Xuva. João Dória, Jô Soares, Gisele Budchen e Dilma Rousseff.

Revoltados, diversos internautas criticaram a proposta do trabalho e disseram que ele é "desfavorável" à causa negra.Loras, que é negra, se defendeu dos ataques com um texto reproduzido em todas as imagens que publicou:

"Em sua origem, o blackface é uma técnica de maquiagem teatral adotada no século 19 por atores brancos americanos que pintavam seus rostos com carvão para representar os negros de forma estereotipada e jocosa. Em momento algum essa antiga prática norteou a concepção das obras da minha exposição, que será inaugurada no dia 2 de dezembro. Como artista negra, meu objetivo é fazer uma reflexão sobre o protagonismo do negro na sociedade brasileira sem dar qualquer conotação pejorativa aos personagens retratados, mas sim mostrar como o eurocentrismo atual é chocante e absurdo para os negros, pois não somos representados de maneira digna, respeitosa e igualitária. Ao propor um mundo “invertido”, com negros em papéis de destaque na sociedade, me pergunto se faríamos os mesmos comentários preconceituosos ou se teríamos as mesmas posturas. Meu desejo é provocar uma reflexão e não resgatar uma ferramenta considerada racista e que ridiculariza o negro".

Na imagem da ex-presidente Dilma, uma usuária comentou: “Black face não é homenagem, não é bonito, e não tem chance de ressignificá-lo. Estude um pouco mais pra entender por que pessoas negras não chegam nesses casos citados por sua ‘obra’, e como não muda nada pintar pessoas brancas de preto”.

Mesmo com a defesa, alguns usuários perguntam por que Loras não utilizou imagens de figuras negras em destaque. A exposição Pourquoi pas? acontece entre os dias 2 e 22 de dezembro na galeria Rabieh, em São Paulo.