Google em Salvador, Capital da Amazônia Azul

Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute - [email protected]. Especial para o CORREIO SUSTENTABILIDADE.

Publicado em 24 de outubro de 2017 às 03:32

- Atualizado há um ano

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Usando a chamada tecno-utopia, o Google pilotará a reconstrução de parte da orla da cidade de Toronto, no Canadá, situada nas margens da Lagoa Ontário que, com uma área de 18.960 km², faz parte dos Grandes Lagos, um conjunto de cinco lagos situados na América do Norte. O local escolhido, com prédios industriais e estacionamentos, em alguns anos será uma comunidade tecnológica. O Google vai mover sua sede de Toronto para lá.

Do outro lado do mundo, a histórica área do Comercio de Salvador, banhada pela Baía de Todos os Santos - sede da Amazônia Azul - candidata-se ao googleamento. O Forte de São Marcelo, conhecido como umbigo da América Latina pelos navegadores das caravelas que chegavam à Bahia movidos a energia eólica, única capaz de transportá-los além mar, é um ícone histórico da navegação mundial. Histórias como essa da Amazônia Azul, que interessam a todos, podem atrair investidores inovadores, focados na sustentabilidade, e garantir o desenvolvimento e a preservação da área de influência de uma das maiores baías tropicais do mundo.

Expandindo de clique em clique, o Google rastreia tudo. Minerando oportunidades para desenvolver-se sustentavelmente, monetizando, coloca agora olho no mundo real. Analisando cidades como monumentos da tecnologia para a tecnologia, montou um império on-line medindo tudo, coordenadas GPS, visitas e tráfegos. Levantando informações sobre os seus usuários, minimiza pacotes, reembalando e usando-os para vender coisas. Agora está levando esse poder baseado em dados para o mundo real, o Google quer ajudar a construir cidades.

A nova abordagem interativa e baseada em fatos observados leva em conta dicas das pessoas. Apesar das décadas de pesquisas acadêmicas sobre o funcionamento das cidades, os cientistas ainda lutam por lacunas nos dados. Os governos geralmente coletam informações apenas periodicamente sobre cidades, tráfegos, carbonização e como os pedestres usam calçadas e ciclistas usam a infraestrutura disponível.

A academia está sendo reconvocada para a experiência piloto deToronto. Um aplicativo de mapeamento registrará a localização de todas as partes do domínio público em tempo real - ruas, edifícios, móveis, gramado e drones. As câmeras ajudarão a analisar o mais intangível: pessoas estão gostando desse arranjo de móveis públicos nesse espaço verde? Como está o transporte público de massa? Como se comporta o fluxo de pessoas em horários normais e em eventos promovidos?

Moradores sentem-se atraídos pela ideia de viver em um local que melhorará continuamente. A construção dará prioridade a pedestres e ciclistas - não a carros - planejando detalhes de autocondução. O conceito de habitação chamado Loft, com espaços flexíveis para ser usado para qualquer tipo de interesse, experimentará materiais de construção como módulos pré-fabricados, compósitos e madeira no lugar do aço.

No Brasil, essa proposta abre uma nova dimensão de negócios sustentáveis para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), especialmente para o CBIC Jovem, em busca de uma agenda do futuro e comprometido com o desenvolvimento de representações empresariais inovadoras, estimulado pelo presidente da Câmara, José Carlos Martins, que, em recente visita à Bahia, afirmou: “Vamos ser reféns ou protagonistas das mudanças?”.

Toronto (e Salvador, quem sabe!?) terá uma área experimental conhecida pelo Google, construída com sensores para monitorar fluxos e gerar informações sobre tráfego, níveis de ruído, qualidade do ar, uso de energia, padrões de construção, deslocamentos e resíduos. A histórica e respeitada Universidade Federal da Bahia, que tem conhecimento e especialistas no assunto, poderá ligar-se a essas redes acadêmicas internacionais, via nuvens, e ajudar a contar a história do nosso futuro.