Mar do litoral de São Paulo está contaminado com cocaína, diz estudo

Pesquisadores dizem que amostram apontam presença da droga durante todo o ano

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  • Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2017 às 09:25

- Atualizado há um ano

Pesquisadores apontaram que o mar do litoral de São Paulo está contaminado com cocaína. Segundo o estudo realizado pelas universidades Federal de São Paulo (Unifesp) e da Santa Cecília (Unisanta) existem altas concentrações da droga e de produtos farmacêuticos na Baía de Santos. 

O estudo comprovou que as substâncias causaram danos ao ambiente marinho. Os pesquisadores buscam aprofundar os estudos sobre a concentração de drogas ilícitas no ecossistem e seus reais danos. 

O monitoramento da Baía começou em 2014, e os pesquisadores observaram a presença de cocaína e fármacos concentrados na água. As coletas são feitas a cerca de 4,5 km da costa brasileira, justamente na área que sofre uma influência do estuário de Santos e São Vicente, principalmente, do esgoto doméstico das cidades.

Em entrevista ao G1, o professor responsável pela pesquisa, Camilo Seabra, explicou que a cocaína e outras substâncias estão presentes na água o tempo todo. “Em todas as estações encontramos tanto a cocaína quanto metabólicos. As maiores concentrações foram no carnaval de 2014. As quantidades de cocaína na água já estão próximas das que causam efeitos em organismo marinhos, que é na ordem de 200 a 2.000 nanogramas por litro, ou seja, para cada 1 litro de água, são 500 nanogramas de cocaína”, explica Seabra.

Os pesquisadores também realizaram testes em mexilhões e constataram que eles absorvem a droga e tem o sistema afetado. “A gente fez um experimento com mexilhões conhecidos como perna-perna. Fizemos uma exposição utilizando drogas durante uma semana. Ele apresentou problemas nas células e no DNA. Esses animais tem a capacidade de absorver a substância. A gente usa, em média, de 50 a 100 mariscos. Todos apresentaram problemas”, afirmou o professor.

O estudo vai seguir até 2018, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. AS áreas contaminadas fica afastada dos banhistas e a vida marinha acaba sendo mais afetada pelos poluentes, mas os seres humanos também têm risco de contaminação devido ao consumo.

"Nesses locais, o risco é com a vida marinha. Ali temos peixes, crustáceos, moluscos, animais comestíveis. Esse é o próximo estado do estudo. A partir do verão, vamos começar a estudar os animais, de dezembro a fevereiro. Esses animais estão no defeso. Vamos esperar para começar a fazer o trabalho”, completou o professor.