Motoristas da Uber fazem protesto em Salvador

Manifestação é contra aprovação de projeto de lei que regula os app de mobilidade

  • D
  • Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2017 às 10:17

- Atualizado há um ano

Por duas horas e meia, centenas de motoristas do aplicativo de tranporte particular Uber protestaram na manhã desta segunda-feira (30) em Salvador contra a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 28/2017, que propõe regular os aplicativos de mobilidade no Brasil. A votação no Senado está prevista para ocorrer nesta terça-feira (31).

Segundo a organização da mobilização, 2 mil motoristas participaram do ato, com direito a buzinaço. Os carros da manifestação estavam com os vidros pintados com as frases "Não à PLC 28/2018" e "Sou Uber". Nem a Transalvador ou a PM estimaram número de veículos envolvidos no protesto, que deixou o trânsito congestionado na Orla e Paralela no final da manhã.   Por meio de nota, a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) afirmou que seis viaturas acompanharam a manifestação para coibir os excessos. "Os manifestantes, que se deslocaram em carreata, utilizaram apenas uma faixa de tráfego e partiram das proximidades do aeroclube, Av. Octávio Mangabeira (orla), causando retenções pontuais, mas não de grande extensão", diz a nota. 

"Ao passarem pela Av. Pinto de Aguiar e CAB, essas localidades também apresentaram retenção no trânsito. A complicação mais acentuada se deu na passagem pela região da rodoviária, deixando lentidão no tráfego, que de estendeu da Av. ACM (Detran), sentido Rótula do Abacaxi, à Av. Luís Viana (Paralela), nas proximidades do Imbuí", completou o documento.  De acordo com o presidente do Sindicato dos Motoristas de Aplicativos, Condutores de Cooperativas e Trabalhadores Terceirizados (SIMACTTERBA), Átila Santana, a PLC vira transformar os serviços dos aplicativos em algo igual ao que o táxi oferece. "Não podemos aceitar isso. Eles exigem com a PLC placa vermelha, limita a quantidade de motoristas, de trabalhadores. Nessa manifestação nacional, buscamos mostrar nossa indignação", disse ao CORREIO, durante o ato.  Motoristas do Uber protestam contra projeto de lei que regulamenta aplicativos de mobilidade (Foto: Tailane Muniz) A carreata saiu, por volta de 9h, da região do antigo Aeroclube, seguiu pela Avenida Otávio Mangabeira (Orla), entrou na Av. Pinto de Aguiar e seguiu em direção ao Centro Administrativo da Bahia. De lá, foram até o Terminal Rodoviário de Salvador - ocupando quatro das cinco faixas da Avenida Paralela.

No início do protesto, a Transalvador informou que os manifestantes ocupavam apenas uma faixa da Otávio Mangabeira, mas já havia retenção do trânsito. O protesto, acompanhado por uma viatura da Polícia Militar (PM), terminou na região do Iguatemi.

De acordo com a empresa Uber, há 18 mil mostoristas parceiros na Bahia, de um total de 500 mil no país. A empresa não informou número de usuários no estado, apenas no país, onde teriam 17 milhões de usuários que utilizam o aplicativo. Na Bahia, o serviço funciona, por enquanto, apenas em Feira de Santana e Salvador.

O presidente da Associação de Motoristas Particulares e de Aplicativos da Bahia (AMPABA), Natanael Vieira, também demonstrou indignação. "É um projeto de lei que não faz sentido nenhum, é injusto. Nós queremos uma regulamentação, mas uma regulamenteção justa. Só isso", disse.

O PLC traz uma série de exigências para esse tipo de serviço de transporte. Representantes da Uber alegam que, se o texto for aprovado no formato que veio da Câmara, o serviço será extinto. Eles defenderam que haja uma regulação, com delimitação de regras claras para o usuário, o motorista e a empresa, mas pedem que o texto siga um caminho menos apressado no Parlamento.

Em nota, a empresa Uber informou que o PLC aumenta a burocracia e diminui a chance de pessoas ganharem dinheiro, ao exigir dos motoristas de aplicativos, por exemplo, que placas vermelhas. A nota acrescenta ainda que a aprovação do PL pode deixar centenas de milhares de brasileiros, motoristas parceiros autônomos, sem uma opção para gerar renda para si e para suas famílias, além de milhões de outros brasileiros sem a possibilidade de deixarem seus carros particulares em casa e compartilharem sua viagem.

Motorista de Uber há quase dois anos, o publicitário Paulo César Maia, 30 anos, também participou da carreata. "É uma coisa muito injusta, eles querem desempregar meio milhão de pessoas no Brasil inteiro, é absurdo demais tudo isso", desabafou.

"A Uber, a 99 e a Cabify estão sempre abertas para discutir com os parlamentares uma regulação benéfica para as pessoas e para as cidades, garantindo o direito de escolha de todos", diz a nota. Ainda de acordo com a Transalvador, a primeira informação da manifestação chegou ao NOA por volta das 10h30, tendo sido finalizada por volta de 12h10.