'Não vamos esquecer do Kaíque', diz família de jovem morto na Graça

Na nota, a família do rapaz agradece o apoio recebido nesse momento difícil

Publicado em 15 de fevereiro de 2018 às 18:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A família de Kaíque Abreu, universitário que morreu depois de ser agredido na Graça na semana passada, afirmou que nunca se esquecerá do jovem. "Que a justiça cumpra o seu papel e que a sociedade continue a orar por todos nós e, também, a se mobilizar contra a violência", diz trecho de nota divulgada pelos familiares. "Não vamos esquecer do jovem Kaíque".

Na nota, a família do rapaz agradece o apoio recebido da equipe do Hospital Português, onde Kaíque foi atendido; dos policiais que atenderam e investigaram o caso; e da imprensa. Eles destacam ainda que mesmo em um momento de dor a família optou pela doação de órgãos, transformando "a dor da perda em uma oportunidade de salvar outras vidas". (Foto: Reprodução) Leia o texto na íntegra: 

"É com grande pesar que a família de Kaíque Abreu comunica o seu falecimento no dia 14 de fevereiro de 2018, em decorrência de uma violência gratuita, ocorrida no bairro da Graça, em 9 de fevereiro. Mesmo vivenciando este momento de extrema dor e comoção, vimos a público informar:

1. Durante todo o período de hospitalização de Kaíque, todos os colaboradores do Hospital Português prestaram toda a assistência necessária ao paciente e à sua família; razão que nos torna imensamente gratos a cada profissional que participou, junto conosco, desse momento difícil;

2. Transformar a dor da perda em uma oportunidade de salvar outras vidas foi uma das razões para que nós, familiares de Kaíque, após o diagnóstico de morte encefálica, autorizássemos a doação dos seus órgãos. Agradecemos à imprensa, a DHPP, à delegada responsável pelo caso e aos investigadores, bem como, à sociedade por todo o apoio prestado. À imprensa, pelos cuidados e atenção na divulgação dos fatos.

Aos órgãos públicos, pela excelência no atendimento, apuração das informações e acompanhamento dos fatos. À sociedade, pelas orações e acolhimento com palavras e ações. Somente juntos poderemos construir uma sociedade melhor. Não vamos esquecer do jovem Kaíque Abreu. Que a imprensa continue nos apoiando nesse objetivo. Que a justiça cumpra o seu papel e que a sociedade continue a orar por todos nós e, também, a se mobilizar contra a violência"

Prisão A Justiça decidiu manter preso o pintor Edson Rodrigues dos Santos, 27 anos, que confessou ter agredido o estudante de engenharia mecânica Kaíque Moreira Abreu, 22, na sexta-feira (9). Edson disse que estava com raiva porque foi agredido no Carnaval e precisava descontar em alguém. O crime aconteceu no bairro da Graça, e Kaíque teve morte cerebral.

Na audiência de custódia, realizada nesta quinta (15), o juiz Álvaro Marques de Freitas Filho decidiu pela prisão preventiva de Edson "pela gravidade do delito, levando a vítima a óbito, sendo necessária a segregação cautelar, para a garantia da ordem pública".

A decisão contrariou o pedido da Defesa que solicitou o relaxamento da prisão, com base no fato de o acusado ter residência fixa, não ter antecedentes criminais e ter dito que não tinha a intenção de matar. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) solicitou, inicialmente, o relaxamento da prisão em flagrante, mas, na mesma audiência, requereu que fosse decretada a prisão preventiva, levando em conta a gravidade do fato. Com a decisão desta quinta, Edson permanecerá no Complexo Penitenciário da Mata Escura.

O crime Às 23h30 da sexta-feira de Carnaval, Kaíque saiu da casa de um amigo, na Rua Manoel Barreto, na Graça, na companhia de um primo e mais três amigos para o circuito Dodô (Barra/ Ondina). Durante a folia, ele se perdeu do grupo e decidiu voltar para casa, sozinho. Às 3h, o estudante estava a menos de 500 metros do imóvel quando foi surpreendido com um soco no rosto. Ele caiu e ainda levou um chute do agressor. Toda a ação foi registrada por uma câmera de segurança. 

Nas imagens, é possível ver quando um homem se aproxima de Kaíque e acerta o estudante. Em seguida, o agressor chuta a vítima e foge em um caminhão. Segundo a polícia, dois adolescentes, e não três, estavam com Edson no momento do crime, além do motorista do caminhão. A polícia identificou os suspeitos depois de localizar o veículo. O motorista Bruno Ribeiro Fernando Batista, 30, foi o primeiro a ser encontrado e levou os investigadores até a casa de Edson, na Capelinha de São Caetano. O pintor foi preso em casa. Um dos adolecentes, de 15 anos, foi apreendido, e o outro ainda é procurado.

Kaíque foi socorrido por uma família que passava pelo local. Uma das pessoas que ajudaram com o socorro foi uma médica, que aguardou a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) às 3h30. O estudante deu entrada no hospital desacordado. Depois de passar cinco dias internado, nesta quarta (14), os médicos informaram para a família que Kaíque teve morte cerebral. O horário e o local do sepultamento ainda não foram definidos.