Parentes se despedem de universitário morto após agressão na Graça

Fã de games, Kaíque Abreu, 22, era caseiro e apegado aos pais, diz amigo

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  • Gil Santos

Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 17:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Gil Santos/CORREIO

Familiares e amigos de Kaíque Moreira Abreu, 22 anos, lotaram o cemitério Bosque da Paz, na tarde desta sexta-feira (16), para se despedir do estudante. Ele morreu cinco dias após ser agredido com um soco no rosto quando voltava do Carnaval, no bairro da Graça, em Salvador.

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Muito emocionados, o pai, a mãe e o único irmão de Kaíque não comentaram o caso. O autor do crime, o pintor Edson Rodrigues dos Santos, 27, que confessou ter agredido o estudante na sexta (9), está preso. Edson disse que estava com raiva porque foi agredido no Carnaval e precisava descontar em alguém. Kaíque foi abordado por desconhecido na rua e levou um soco fatal (Foto: Gil Santos/CORREIO) Depois de ser agredido, Kaíque foi socorrido para o Hospital Português, onde a morte cerebral foi confirmada na quarta (14). A família do estudante decidiu doar os órgãos dele, atendendo a um pedido do próprio Kaíque que durante uma brincadeira com a mãe, no ano passado, afirmou que quando morresse queria que os órgãos dele fossem doados. Cinco pacientes que estavam aguardando na fila foram beneficiados com a ação. 

Presente no sepultamento do jovem, o micro-empresário Igor Aquino, 38, conta que ele era um rapaz pacífico e muito apegado à família. "Ele era muito amigo e companheiro. Kaíque era caseiro, não gostava muito de festa. O único dia em que ele foi para o Carnaval foi no dia em que aconteceu o crime. Os pais dele iriam viajar na sexta-feira e, por isso, ele resolveu ir para a festa na quinta, para que os pais dele viajassem tranquilos, sabendo que ele estava em casa", afirmou. Familiares de Kaíque durante o sepultamento (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) Kaíque cursava o 7º período de Engenharia Mecânica. Os amigos, incluindo colegas de faculdade, começaram a chegar ao cemitério por volta das 14h. O movimento na capela 6 aumentou a partir das 16h, quando centenas de pessoas levaram flores para se despedir do jovem. Muitos foram vestidos com uma camiseta com a foto do estudante e a frase: "Pra quem tem fé, a vida nunca tem fim".

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Amigos contaram que Kaíque era apaixonado por jogos eletrônicos, e gostava de passar os momentos de lazer em família. "Ele adorava games, jogava muito, e gostava de assistir filmes. Sempre estava nos eventos em família. Kaíque era muito caseiro", contou Igor.

O corpo foi sepultado sob aplausos. O universitário morava com os pais em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, era o caçula de dois filhos e deixa um irmão de 27 anos. Amigos com camiseta em homenagem ao jovem (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) O crime Às 23h30 da sexta-feira de Carnaval, Kaíque saiu da casa de um amigo, na Rua Manoel Barreto, na Graça, na companhia de um primo e mais três conhecidos para o circuito Barra-Ondina. Durante a folia, ele se perdeu do grupo e decidiu voltar para casa sozinho. Às 3h, o estudante estava a menos de 500 metros do imóvel quando foi surpreendido com um soco no rosto. Ele caiu e ainda levou um chute do agressor. Toda a ação foi registrada por uma câmera de segurança da região. 

O estava com outras quatro pessoas em um caminhão. Todos fogem após a agressão, sem prestar socorro ao rapaz. Segundo a polícia, dois adolescentes estavam com Edson no momento do crime, além do motorista do caminhão e de outro homem. A titular da 14ª Delegacia (Barra), Carmen Dolores, contou que o grupo também estava voltando do Carnaval. 

"Edson encontrou com um dos adolescentes, 15 anos, no Carnaval. Todos moravam no mesmo bairro e o menor disse para ele que estava de carro com uns amigos, e perguntou se ele queria carona. No momento do crime, é possível ver Edson e o adolescente caminhando lado a lado, enquanto os outros três seguem passos à frente. Ele se aproxima da vítima e dá o soco, sem motivo. Depois disso, todos entram no caminhão e fogem", contou a delegada.  Edson disse que estava com raiva e precisava descontar em alguém (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO) Prisão A polícia chegou até o grupo depois de identificar a placa do caminhão. O motorista Bruno Ribeiro Fernando Batista, 30, foi o primeiro a ser encontrado e levou os investigadores até a casa de Edson, na Capelinha de São Caetano. O pintor foi preso em casa.

O jovem de 15 anos também foi localizado e levado para a Delegacia do Adolecente Infrator (DAI). O outro homem e o outro menor que estavam com o grupo quando tudo aconteceu foram identificados e serão ouvidos nos próximos dias. 

Kaíque foi socorrido por uma família que passava pelo local. Uma das pessoas que ajudaram com o socorro era uma médica. Ela tentou reanimar o jovem enquanto aguardava a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o que aconteceu às 3h30.

O estudante não levou o celular para a festa com receio de ser assaltado, por isso, a pessoa que prestou socorro tentou localizar algum familiar do jovem através das redes sociais.

"Esse anjo que ajudou no socorro viu os documentos dele e, através do nome, conseguiu achar uma prima de Kaíque nas redes sociais. Ela contou que ele foi encontrado desacordado na rua, e foi assim que ficamos sabendo dessa tragédia", contou o amigo do estudante, o microempresário Igor Aquino.