'Vi naufrágio no Pará, e meu marido me ensinou como me salvar', diz sobrevivente

"Perguntei a meu marido: 'se acontecer isso aqui, o que eu devo fazer?'. Ele me ensinou tudo", diz

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  • Amanda Palma

Publicado em 24 de agosto de 2017 às 10:56

- Atualizado há um ano

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A adminsitradora de condomínios Meire Reis, 53 anos, sobreviveu à tragédia que deixou pelo menos 18 mortos depois que a lancha Cavalo Marinho I virou na manhã desta quinta-feira (24) durante a travessia de Mar Grande, na Ilha de Itaparica, para Salvador. Ela relata que conseguiu sobreviver pois tinha visto ontem (23) na televisão o naufrágio que aconteceu no Pará.  

Leia o relato completo:Eu vi a reportagem de Belém (Pará) e aí eu perguntei a ele (meu marido) se acontecesse isso aqui o que eu devo fazer. E ele ensinou tudo como fazer para me salvar: respirar, me afastar porque o que mata é o povo que fica em cima. Tudo que ele me ensinou foi o que eu fiz. Hoje eu estou viva e salva graças a ele, ao que ele me ensinou.

A Deus em primeiro lugar porque eu fiquei embaixo da embarcação e não sei como eu saí. Eu bati muito a cabeça para poder sair, mas consegui sair. Primeiro foi Deus e depois eu fiz aquilo que Deus mandou ele me ensinar. Eu estava na parte por onde o barco virou. Eu estava sentada e o barco virou com o povo que estava do lado de lá e eu fiquei presa. Eu faço a travessia todo dia. Eu trabalho aqui (em Salvador) como admistradora de condomínio. Eu não sei dizer o que aconteceu. Eu já atravessei esse mar com vento bem maior e não aconteceu isso. A embarcação (Cavalo Marinho I) é a pior possível que existe. Para você ter uma ideia, ela quando está encostada lá no normal, ela já fica toda torta. Muita gente teve a sorte que não veio. 

Eu mesma ia desistir quando eu vi que era a Cavalo Marinho. Eu pensei: não vou. Ficou mais ou menos oito ou nove pessoas que quando viram que era a Cavalo Marinho desistiram porque é a pior embarcação que tem. 

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Tinha salva-vidas e bote para as pessoas. Mas nós ficamos em um bote, onde tinha outro bote amarrado e a gente não conseguiu desamarrarr, ficou uns por cima dos outros. Eu consegui botar um colete com muita dificuldade porque eles estavam todos dado um nó. Para consegui tirar aquele nó e botar em mim foi muita dificuldade. 

O normal vem com três, quatro tripulantes. Eles ajudaram muito. Inclusive teve um que entrou em pânico porque a criancinha que veio a óbito morreu nos braços dele".