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Especialistas dão dicas para vencer 'robôs' em recrutamentos com uso da Inteligência Artificial

A ferramenta automatizada analisa currículos e perfis online e pré-seleciona candidatos

  • N
  • Nilson Marinho

Publicado em 7 de agosto de 2023 às 05:00

Recrutamentos com ajuda da inteligência artificial se tornam mais comum
Recrutamentos com IA se tornam mais comum Crédito: Pexels

A enfermeira Sara Ferreira, que recentemente se desligou de uma empresa após 10 anos de dedicação, fez algumas considerações na semana passada no LinkedIn. A profissional recebeu um e-mail sobre um processo seletivo que sequer teve a oportunidade de participar ativamente. Não entregou em mãos o currículo ao setor de Recursos Humanos e também não foi indicada para a vaga por outros profissionais que já conheciam suas habilidades. A primeira etapa do processo de recrutamento foi comandada pela Inteligência Artificial (IA).

A ferramenta automatizada analisou os currículos e perfis online, inclusive o da enfermeira, e pré-selecionou os candidatos que, na avaliação da tecnologia, atendiam aos critérios específicos estabelecidos pela empresa. Somente aqueles que "passaram pelo crivo da IA" avançaram para as próximas etapas do processo seletivo.

A enfermeira não foi adiante. “Pelo volume de currículos, não conseguimos ser mais específicos nesse feedback. Agradecemos muito seu interesse e seu empenho nesse processo”, diz trecho de um e-mail enviado automaticamente aos eliminados.

Sara diz que, ao invés de se sentir desmotivada, encarou a situação como uma oportunidade de crescimento e adaptação Agora, ela pretende buscar novas estratégias para se destacar no processo seletivo comandado por “robôs”.

A enfermeira Sara Ferreira
A enfermeira Sara Ferreira enfrentou uma seleção com a IA e recebeu uma negativa Crédito: Arquivo pessoal

"Acredito muito no meu potencial e vejo a importância de valorizar o próprio trabalho e desempenho. Não encontro problemas, eu administro e soluciono, continuarei aplicando para vagas que sei que sou capaz de desempenhar e quem sabe em breve eu também 'vença'", afirmou a enfermeira.

Tendência

O uso da automação da seleção de novos colaboradores vai se tornando uma tendência, sobretudo em grandes empresas que recebem milhares de currículos para uma única vaga. De acordo com uma pesquisa realizada pelo InfoJobs, portal de vagas de emprego e fornecedor de tecnologia para Recursos Humanos, 53% das empresas já adotam um processo de contratação totalmente digital.

Além disso, cerca de um quarto das demais empresas que ainda não aderiram a esse modelo de seleção têm a intenção de implementar um software de recrutamento até o início do próximo ano.

A pesquisa do InfoJobs também revelou que o uso de ferramentas automatizadas para a contratação já era uma tendência antes mesmo da pandemia. 98% dos profissionais de recursos humanos que participaram da pesquisa reconheceram o potencial da tecnologia para RH em simplificar a rotina dos recrutadores e acelerar os processos.

"O uso de IA no processo de seleção de candidatos é interessante para as empresas, tendo o benefício de maior agilidade como a avaliação de diversos currículos, de forma a ter uma triagem muito mais rápida do que manualmente para o ranqueamento desses currículos para dar o 'match' entre talentos, competências e requisitos da vaga. Também é possível reunir dados e informações mais relevantes em um banco de dados de perfis de candidatos. Por ampliar a objetividade, espera-se reduzir possíveis viéses.", afirma  Camila Cinquetti, diretora da PwC, Digital Accelerator, People & Organization.

Camila Cinquetti
Camila Cinquetti diz que a IA reúne informações mais relevantes em um banco de dados Crédito: Divulgação

Enquanto os defensores da automação da seleção de candidatos dizem que IA ajuda a poupar tempo, reduzir custos e a entregar uma lista de candidatos com maior compatibilidade à vaga, pretendentes aos cargos se esforçam para compreender e adaptar-se ao novo paradigma do recrutamento.

Por ora, a inteligência artificial é uma tecnologia que não pode substituir totalmente os humanos no processo de contratação, mas pode ser útil para fazer tarefas repetitivas que costumavam tomar bastante tempo dos recrutadores, como classificar informações de currículos, aplicar testes, analisar respostas, criar descrições de vagas e enviar mensagens para candidatos.

Prós e contras

O que os especialistas dizem é que a ferramenta pode não levar em conta experiências e qualidades únicas que cada candidato tem e que só um recrutador humano poderia ter a “sensibilidade” de captar. Isso acontece porque a IA absorve uma grande quantidade de informações e, em seguida, tenta repetir os padrões que encontra.

“Pessoas qualificadas podem ficar de fora de oportunidades. As empresas, ao usar as tecnologias digitais, não podem de forma alguma esquecer das demais etapas de um processo de recrutamento e seleção – análise estratégica quanto à necessidade de recrutar, planejar todas as etapas do processo, desde a descrição de perfis dos cargos até a avaliação dos resultados, com uso de indicadores. A inteligência artificial funciona com base em comandos, que por sua vez são realizados por profissionais capacitados neste processo”, diz Luciana Magalhães, mestre em Administração e especialista em Gestão de Pessoas.

Luciana Magalhães, mestre em Administração e especialista em Gestão de Pessoas. Crédito: Arquivo pessoal

A especialista afirma que é essencial que os profissionais responsáveis pelo recrutamento e seleção se comuniquem claramente com com aqueles da área da tecnologia da informação (TI) e que, além disso, acompanhem os processos e analisem os dados cuidadosamente para encontrar possíveis erros e fazer ajustes quando necessário.

Um dos prós em relação ao uso da tecnologia no processo de recrutamento e seleção, de acordo com Giancarlo Signore, HR Business Partner em Tecnologia & Gestão de Mudança, é o fato de que a escolha do candidato é feita de maneira mais objetiva com base em critérios relevantes à vaga, sem a interferência de um humano, que pode imprimir em sua escolha subjetividades. Por outro lado, lembra Signore, a seleção comandada por “robôs” pode resultar na escolha de um time de colaboradores menos diverso.

Giancarlo Signore, HR Business Partner em Tecnologia & Gestão de Mudança Crédito: Arquivo pessoal

“Afinal somos humanos e não tem como não ter nossas preferências, inclusive as que não percebemos. Aí está a questão, pois uma equipe de recrutamento inexperiente pode tomar decisões baseada em achismos, preconceitos e experiências passadas, que nem sempre foram as melhores para tomar tal decisão. A IA também pode apresentar desafios, já que ainda está engatinhando e não podemos confiar 100% nela. Eu trabalhei com vários dos melhores e mais famosos softwares e plataformas de recrutamento e não vi um que seja confiável. A IA ainda é um bebê recém nascido”, opinou.

O publicitário Sérgio Di Salles diz que na maioria das dezenas de vezes que se candidatou a vagas que apareciam na home do seu perfil no LinkedIn recebeu uma negativa de imediato. As mensagens que lhe foram enviadas foram automatizadas, o que o fez acreditar que seu currículo foi analisado apenas por inteligência artificial, sem passar por mãos humanas, mesmo que ele atendesse a todos os requisitos para o cargo.

O publicitário Sérgio Di Salles já recebeu dezenas de vezes negativas de imediato Crédito: Arquivo pessoal

"Acho o processo muito automatizado, não tem uma equipe que verifica e com isso acabam perdendo muitas pessoas boas por conta desse processo automatizado", disse Salles.

“É relevante destacar que a inteligência artificial não substitui completamente profissionais, mas os auxilia com recursos avançados para lidar com desafios complexos e tornar suas sessões mais eficientes. Os candidatos que se inscrevem na vaga fazem testes de perfil, prático, português e Excel. Tudo isso é pautado numa métrica na qual o recrutador que vai ali analisar. Mesmo que a plataforma dê o ranking de candidatos com as suas porcentagens, o profissional precisa verificar, analisar os dados e ver o que faz sentido porque, às vezes, também ocorrem erros. A inteligência artificial pode pegar palavras-chave do currículo que podem não se adaptar ao perfil requerido pela vaga. Então em nenhum momento a IA faz substituir o profissional”, lembra Aline Mesquita Cavalcanti, especialista em gestão de pessoas.

Aline Mesquita Cavalcanti, especialista em gestão de pessoas Crédito: Arquivo pessoal

Dicas para vencer o "robô", por Giancarlo Signore

Leia atentamente a descrição da vaga: Compreender as habilidades, competências e requisitos específicos que o empregador está buscando é essencial. Use essas informações para ajustar seu currículo e carta de apresentação, garantindo que você destaque as palavras-chave relevantes.

Utilize palavras-chave relevantes: Certifique-se de que seu currículo contenha as palavras-chave que correspondam às habilidades e competências solicitadas na descrição da vaga. Evite sinônimos complicados e use os termos exatos mencionados na descrição.

Seja claro e conciso: Organize seu currículo de forma clara e concisa, destacando suas principais experiências e conquistas. Use bullet points e frases diretas para tornar o conteúdo facilmente escaneável para os algoritmos.

Personalize seu currículo para cada vaga: Evite enviar o mesmo currículo para todas as vagas. Personalize seu currículo de acordo com as palavras-chave e requisitos específicos de cada vaga. Isso demonstra seu interesse genuíno pela posição e mostra como suas habilidades se alinham com as necessidades da empresa.

Cuidado com o exagero: Embora as palavras-chave sejam importantes, evite o uso excessivo delas apenas para chamar a atenção dos algoritmos. Certifique-se de que o conteúdo seja relevante e reflita suas reais habilidades e experiências.

Destaque suas realizações: Em vez de apenas listar suas responsabilidades anteriores, destaque suas realizações e resultados alcançados em cada posição. Isso pode chamar a atenção dos recrutadores e dos algoritmos, mostrando como você agregou valor em suas funções anteriores.

Foque nas habilidades mais relevantes: Priorize as habilidades mais relevantes para a vaga em questão. Se você tiver experiências diversas, destaque aquelas que mais se alinham com os requisitos da posição.

Atenção às palavras-chave: Lembre-se de que, embora as palavras-chave sejam importantes para serem detectadas pelos algoritmos, elas não são o único fator que determina sua seleção. Recrutadores também levam em conta outros aspectos, como experiência, histórico profissional, cultura organizacional e habilidades interpessoais. Portanto, mantenha-se autêntico e foque em mostrar como suas habilidades e experiências o tornam um candidato ideal para a vaga.

Dicas para vencer o robô, por Luciana Magalhães

Dicas de como vencer robôs, por Luciana Magalhães

Conheça a empresa e a vaga: Antes de se candidatar, pesquise sobre a empresa e a vaga. Entenda suas exigências e o perfil desejado para o cargo.

Crie currículos personalizados: Adapte seu currículo para cada vaga, destacando palavras-chave que correspondam às competências exigidas, perfil comportamental desejado, formação acadêmica, experiências profissionais e valores organizacionais.

Utilize o LinkedIn como aliado: A plataforma é uma excelente ferramenta para pesquisar sobre a empresa e profissionais que atuam nela.

Verifique a presença das palavras-chave: Analise atentamente o currículo e garanta que as palavras-chave relevantes estejam presentes no objetivo, no resumo das qualificações e na descrição de suas experiências.

Evite sinônimos e palavras vagas: Se a vaga busca por uma competência específica, evite utilizar sinônimos ou termos vagos que possam não ser identificados pela inteligência artificial.

Seja honesto: Não minta no currículo, pois, em algum momento, suas informações serão verificadas durante o processo seletivo, que inclui interação humana.

Prepare-se para a fase presencial: Lembre-se que a inteligência artificial é apenas uma parte do processo seletivo. Esteja preparado para participar de dinâmicas e entrevistas com interação humana.

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