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É mito achar que não comer carne seja sinal de má nutrição


 

  • Da Redação

Publicado em 16/12/2019 às 09:20:00
Atualizado em 20/04/2023 às 15:15:09
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Na pré-história, o homem se alimentava basicamente de vegetais, ele colhia o que achava na natureza, e sua dieta era basicamente vegetariana. Com o surgimento dos primeiros instrumentos, como lanças e arpões, o homem ampliou sua dieta alimentar, e começou a caçar animais, o que lhe conferiu “poder”, mesclando o consumo de vegetais com as carnes. A descoberta do fogo, conferiu ao homem mais “poder” sobre a natureza e ele percebeu que a cocção retardava o apodrecimento da carne e melhorava a palatabilidade das mesmas.

Os alimentos passaram do estado cru para o cozido, ou seja, a natureza se transformando em cultura, é quando surge a 1ª técnica de conservação dos alimentos. A partir daí, o homem praticamente, passou a ter uma alimentação carnívora, em sua totalidade, deixando os vegetais em segundo plano até a idade contemporânea. 

As proteínas de origem animal (carnes, ovos, leites e derivados) são de alto valor biológico por possuírem todos os aminoácidos essenciais ao organismo humano, mas, dentre os macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), a proteína é que deve ser consumida em menor quantidade na dieta diária, mas o brasileiro consome numa quantidade desproporcionalmente maior ao que se é preconizado.

Talvez, esse consumo excessivo se deva a vários fatores, seja para ganhar massa muscular, seja por achar que é o alimento que “sustenta”, seja por motivo cultural, pois a carne é alimento identitário de algumas regiões brasileiras (RS E MT) ou porque “confere poder”, pois a carne de boi sempre foi cara, e não é à toa que existe uma diferenciação entre as partes de um mesmo animal (carne de 1ª e carne de 2ª), ou, ainda, seja porque a falta da carne expressa pobreza, escassez.

É um mito achar que “não comer carne” seja sinal de má nutrição ou de escassez. Os alimentos de origem vegetal são fontes de carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais, são indispensáveis para a saúde, e cada dia mais estão sendo utilizados, justamente para uma melhor nutrição. Existem diversas possibilidades de produções culinárias, com vegetais, ovos, leites e derivados.

A preocupação com a questão ambiental, com a sustentabilidade, com a saúde, com a adesão cada vez maior a uma alimentação não convencional, como o vegetarianismo, por exemplo,  são fatores que colaboram para a redução das produções em larga escala comercial, como a da carne, que vai ficar cada  vez custará mais.

Maria Helena Motta é nutricionista, tecnóloga em gastronomia e professora de Gastronomia da Estácio

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