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Líder de coroinhas é investigado por pedofilia em igreja na Bahia


 

Funcionário da igreja, ele teria passado sífilis a menino de 13 anos. Suspeito nega

  • Mario Bitencourt

Publicado em 16/04/2018 às 13:23:00
Atualizado em 18/04/2023 às 07:33:04
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Um caso de estupro de vulnerável ocorrido dentro da Paróquia Santo Antônio, da Igreja Católica, em Caravelas, no Extremo Sul da Bahia, está sendo investigado pela Polícia Civil local. A vítima é um menino de 13 anos, que relatou os abusos à polícia, após a mãe dele descobrir que o garoto estava com sífilis, adquirida possivelmente por meio do autor do suposto crime, Vitor Marques Daniel, líder dos coroinhas local.

O garoto fazia parte do grupo de coroinhas da Igreja desde abril de 2017. Traumatizado, ele se afastou da Igreja após os abusos e vinha falando até em suicídio para a mãe, até revelar o caso e se sentir mais aliviado com a verdade vir à tona.

No boletim de ocorrência, ao qual o CORREIO teve acesso com exclusividade e registrado dia 13 de março de 2018, o menino relata que os abusos ocorriam sob ameaça de morte a ele, a uma irmã de 8 anos e a um primo.

O primeiro abuso, na noite de 11 de maio de 2017, ocorreu, segundo o relato, após o menino fechar a Igreja com Vitor, ao encerramento de uma missa festiva. Na sala da sacristia, Vitor puxou papo sobre sexo com o menino e revelou o desejo de manter relações sexuais, tendo uma negativa como resposta.

O menino relata ter levado uma chave de braço por trás e que Vitor colocou uma chave de porta na garganta dele. Logo em seguida, foi jogado ao chão, onde o estupro foi consumado.

Ainda na mesma noite, o menino relata que depois do estupro Vitor enrolou fita adesiva em suas pernas e braços e colocou um pedaço na boca. Em seguida, o menino foi colocado sentado no colo de Vitor, que simulou fazer sexo, relata o boletim. Ao menos cinco abusos foram relatados pelo menino à polícia, tendo o último ocorrido dia 3 de fevereiro. Vitor, segundo o relato do menino, praticava nele sexo anal e oral.

A vítima afirmou ter recebido quantias em dinheiro por parte de Vitor, que variavam de R$ 10 a R$ 70, em recompensa para que ele mantivesse o silêncio.

No dia 25 de fevereiro começaram a aparecer bolinhas inflamadas no corpo do garoto, sinais da sífilis. Depois de feitos os exames que confirmaram a doença, o menino resolveu relatar o caso à mãe, que buscou auxílio no Conselho Tutelar.

Na Igreja, a função exercida por Vitor se chama Acólito. Outro caso de abuso sexual envolvendo o mesmo líder dos coroinhas está sendo investigado.

À polícia, Vitor negou os abusos, porém o delegado que investiga o caso, Gilvan de Meireles Prates, titular em Caravelas, disse que exames constataram que Vitor possui sífilis, o que está sendo considerado pelo delegado como forte indício de que o depoimento da vítima é verdadeiro.

Vitor alegou à polícia ter problemas psicológicos, argumento que o delegado avalia como frágil, diante da função a ele concedida pela Igreja. Vitor é trabalhador assalariado da Igreja, com registro no Ministério do Trabalho.

“Estamos já concluindo o caso. Vamos ouvir mais três testemunhas, todas da Igreja Católica”, declarou o delegado. Outro menino que teria sido abusado também foi ouvido pela polícia, mas negou ter sofrido a violência. “Mesmo com a negativa, ainda pedimos os exames para verificar se teve o abuso sexual, já que o menino pode ter ficado com medo de falar”, acrescenta delegado.

O resultado do exame para constatar se este segundo menino tinha sífilis deu negativo. Na semana passada, a polícia solicitou à Igreja Católica que afastasse Vitor das funções na Igreja, mas o delegado não soube dizer se houve o afastamento.

Procurada, a Pastoral da Comunicação em Teixeira de Freitas, onde fica sediada a Diocese na região, sob a responsabilidade do bispo Dom Jailton de Oliveira Lino, não deu retorno ao CORREIO até a publicação desta reportagem. Vitor não foi localizado.

O menino está sendo acompanhado pelo Conselho Tutelar de Caravelas e ele e a mãe têm recebido apoio psicológico e social por parte da Prefeitura local. “Ele está melhor da doença, agora conversa mais. Disse que não aguentava mais os abusos, mas tinha medo de contar. Se afastou da igreja”, disse a mãe. “Já eu, nem consigo ler direito o depoimento dele à polícia. Tem uns trechos que me dão angústia”.